Várias divisões da PSP de todo o país estão a comunicar avarias nos carros patrulha que, na prática, estão a impossibilitar a realização de qualquer serviço por parte dos agentes. O protesto, que começou na noite de domingo, começou a alastrar-se a todo o país com mensagens trocadas nas redes sociais a apelar à adesão. Ao Observador, várias fontes da PSP dão conta de paralisações totais nas divisões de Santarém, Loures, Sintra, Amadora e na 1ª e 2ª divisões de Lisboa. A expectativa é de que, em breve, o protesto se estenda ao Porto.

“Aquilo que o pessoal está a fazer, sem pôr em causa a legalidade, é: se o carro não tem as mudanças em condições, não sai; se não tem as lâmpadas em condições, não sai; se os pirilampos não funcionam, também não sai”, exemplifica uma das fontes ouvidas pelo Observador. “Os agentes estão a levar à risca aquilo que são as regras de trânsito”, acrescenta a mesma fonte.

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A insatisfação — ou sentimento de “discriminação”, como referem os agentes — nasce da aprovação do suplemento da missão, promulgado pelo Presidente da República no final do ano. “Esta aprovação criou alguma instabilidade” e levou a um movimento inorgânico dentro da estrutura da PSP. “Isto vai levar a que, nos próximos dias, a PSP tenha aqui alguns problemas”, antecipa a mesma fonte.

Na noite de domingo, um agente da PSP lançou um repto nas redes sociais com o objetivo de chamar a atenção para os problemas que os operacionais desta força de segurança enfrentam no dia a dia. A partir daí, foi ganhando força a ideia de comunicar aos serviços centrais da PSP a informação de que os carros patrulha não reúnem as condições de segurança necessárias para ser usados nos serviços. E o protesto começou a alastrar.

“A PJ quer fazer greve, é atendida. O SEF quer fazer greve, é atendido. Os únicos que não têm direito à greve somos nós”, desabafa fonte da PSP. Impedidos de realizar um protesto nesses termos, os agentes decidiram recorrer a este modelo, que na prática os impede de realizar serviços e que, esta segunda-feira, começou a generalizar-se um pouco por todo o país.

Nas mensagens iniciais, foi também estendido à GNR e aos Guardas Prisionais o repto para que se juntassem ao protesto. Não foi, no entanto, ainda possível perceber se estas forças estavam a aderir ao movimento — fonte policial referiu apenas que os destacamentos de Almada e Vila Franca de Xira estavam inoperacionais. “Um a um, todos os carros vão parar”, garante-se num dos grupos Telegram em que o protesto ganhou mais tração.

Protesto na Assembleia da República e na Câmara do Porto

Nas redes sociais — em particular, num grupo do Telegram que junta quase 8 mil elementos ligados à PSP — estão a ser combinadas novas formas de protesto.

Vários elementos da PSP garantem já ter estado em frente à Assembleia da República na noite de domingo, em solidariedade com o agente que lançou o repto inicial de insatisfação, e dizem estar a preparar-se para voltar esta segunda-feira para o mesmo local.

A norte, vários agentes da PSP garantem estar a dirigir-se para a Avenida dos Aliados, onde está localizada a Câmara Municipal do Porto.

A CNN avança que o protesto levou a uma reunião de emergência da PSP esta segunda-feira à tarde.

O Observador tentou pedir esclarecimentos sobre as implicações operacionais deste protesto à Direção Nacional da PSP e ao Comando Metropolitano da polícia, mas não obteve resposta até ao momento.