O presidente do Sindicato dos Jornalistas garantiu esta quinta-feira que não serão as agressões que vão intimidar o setor, lembrando o caso de um jornalista do Expresso retirado, à força, de um evento na Universidade Católica.
“Foi agredido um jornalista do Expresso. Foi agredido só por ser jornalista“, lembrou o presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Luís Filipe Simões, garantindo que “não são as agressões” que “vão intimidar”, palavras recebidas com aplausos da plateia na abertura do 5.º Congresso dos Jornalistas, em Lisboa.
Um jornalista do semanário Expresso foi agarrado pelas mãos e pelos pés e retirado de um evento na Universidade Católica, com o líder do Chega, promovido por associações de estudantes.
O sindicato sublinhou, na abertura do 5.º Congresso dos Jornalistas, que este caso ilustra a necessidade que os jornalistas e jornalismo têm de apoio.
Dirigindo-se aos políticos que marcam presença no auditório, o presidente do SJ afirmou: “Vocês que têm o poder de decidir, apoiem o jornalismo porque é o melhor investimento que uma democracia pode ter”.
A presidente do Clube de Jornalistas, Maria Flor Pedroso, voltou, por sua vez, a este caso, assinalando que os jornalistas estão a ser “removidos como escombros, cancros ou como são removidos cadáveres […] de guerras que a política não sabe resolver“.
A também jornalista lembrou que estes caso não se passou num bairro degradado da periferia, mas numa universidade e, em particular, num evento “organizado pela associação académica do instituto de estudos políticos e pela associação académica de direito da Universidade Católica”.
Chega nega responsabilidades no caso de jornalista que denunciou agressões em evento com Ventura
Maria Flor Pedroso alertou para o facto de esta instituição de ensino estar a formar futuros profissionais e cidadãos.
“Não podemos permitir que sejamos removidos seja de onde for ou que nos limitem o acesso a acontecimentos com personalidades públicas“, concluiu.
Na mesma sessão, o presidente da casa da Imprensa, António Borga, disse que a história do jornalismo mostra que, “seja quais forem as circunstâncias”, cabe aos jornalistas “erguerem-se em defesa” da profissão.
“O jornalismo, camaradas, não é uma religião nem os jornalistas mártires. O jornalismo não é um negócio. O jornalismo é uma atividade de utilidade social e interesse público“, rematou.
O 5.º Congresso dos jornalistas, que decorre sete anos após a última edição, vai abordar temas como ética, condições de trabalho, ensino, memória e financiamento dos media.
Este evento, que termina no domingo, é promovido pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ), Casa da Imprensa e Clube dos Jornalistas.