Os paparazzi das quatro rodas, instalados à porta da sede da Ferrari em Maranello, apanham todos os carros que os técnicos da marca do Cavallino Rampante testam na via pública e, nos últimos dias, a surpresa tem sido proporcionada por um Tesla Model S Plaid. A estranheza deve-se ao facto de a marca norte-americana não poder ser considerada um rival directo (nem aproximado…) do mítico construtor fundado em 1939 por Enzo Ferrari. Contudo, não há dúvidas que ambos os construtores ganham com esta sessão de testes.
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Sabe-se que a Ferrari está a desenvolver o seu primeiro modelo 100% eléctrico (EV), animada pelo facto de, em 2023, quase 50% dos modelos vendidos terem sido híbridos plug-in (PHEV). O CEO da marca garantiu, no final do ano passado, que o desenvolvimento do Ferrari eléctrico está a correr bem. “Estamos mais avançados do que inicialmente esperávamos”, adiantou Benedetto Vigna. O que este responsável se recusou a avançar foi o nome do fornecedor da bateria, optando por não responder a uma questão directa colocada pelo analista da Morgan Stanley Adam Jonas.
A construir uma nova fábrica dentro das instalações em Maranello (que deverá estar funcional em Junho), para aí produzir o primeiro eléctrico e os PHEV, tudo indica que a Ferrari vai conseguir lançar o seu EV no último trimestre de 2025. E não vai ficar por aqui, uma vez que os italianos prevêem que os modelos a bateria representarão 40% das vendas até 2030. Mas, para o futuro da Ferrari, é determinante que os seus veículos eléctricos não fiquem abaixo da concorrência, com os responsáveis transalpinos a não quererem repetir o erro da Porsche, cujo Taycan, mesmo depois de renovado em 2024, continua atrás dos rivais da Tesla e da Lucid, o que nunca aconteceria se estivessem em causa modelos com motores de combustão.
Embora o Rimac Nevera – com 1914 cv, 412 km/h e 1,81 segundos de 0-100 km/h – seja muito mais um rival directo dos coupés desportivos da Ferrari, tudo indica que o primeiro EV da marca italiana será uma espécie de Purosangue, ou seja, um crossover a bateria. Isto explica o recurso ao Model S Plaid, que com 1020 cv está mais próximo do que a Ferrari pode ambicionar produzir. Ainda assim, o Plaid, com 322 km/h de velocidade máxima e 0-100 km/h em 2,1 segundos, bate até o mais potente e desportivo dos Ferrari, o SF90 XX Stradale, um PHEV que fornece 1030 cv, atinge 320 km/h e ultrapassa a fasquia dos 100 km/h em 2,3 segundos.
Certo é que se a marca do Cavallino Rampante retirou certamente dividendos das suas análises ao Plaid, a Tesla também ganha com a atenção de que a sua berlina desportiva foi alvo. Primeiro, porque é sempre bom para qualquer construtor quando um fabricante como a Ferrari dedica atenção a um dos seus veículos e, segundo, porque isto significa que a casa italiana coloca o Model S acima de outras propostas no mercado, a começar pelo Porsche Taycan.
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