A economia cresceu 2,3% no ano passado face a 2022, confirmou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatísticas. O INE indica que no último trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) acelerou 2,2% face ao último trimestre de 2022, quando no trimestre anterior esse crescimento tinha ficados nos 1,9%. Em cadeia, a economia registou nos últimos três meses do ano um progresso de 0,8% face ao trimestre anterior, período no qual se tinha registado um recuo.
O INE destaca os contributos da procura interna e da procura externa líquida para as contas do último trimestre do ano passado, referindo uma aceleração do consumo privado que foi, no entanto, acompanhada por um travão do investimento.
As exportações de bens e serviços em volume registaram no último trimestre de 2023 um aumento superior ao das importações. O INE assinala que foi o quarto trimestre consecutivo em que houve um ganho em termos de troca face ao mesmo período do ano anterior.
Este crescimento anual de 2,3% em 2023 segue-se a um salto de 6,8% dado pela economia portuguesa em 2022, o maior desde 1987 que é explicado pelo efeito da retoma após a pandemia.
Em termos nominais, com o efeito da inflação, o PIB subiu 9,7% em 2023 para 266 mil milhões de euros.
Olhando para a evolução anual dos principais agregados, as exportações foram o maior motor do crescimento económico com uma subida de 4,2% em 2023. A procura interna cresceu 1,4%, com o consumo privado a alimentar mais esta evolução com uma subida de 1,6% face a 2022. O consumo público cresceu 1,2% e o investimento ficou-se por um acréscimo de 0,8%.
Na rubrica de exportações e importações, o INE destaca como efeito novo face aos dois anos anteriores o “ganho expressivo dos termos de troca”, com o deflator das importações de bens e serviços a cair 4%, enquanto o deflator das exportações aumentou 0,7%. Esta evolução é explicada parcialmente pela forte redução no preço dos bens energéticos (que são em grande maioria comprados fora) no deflator das importações. A consequência deste movimento foi a aceleração do deflator implícito do PIB para uma taxa de variação de 7,2%, face a 5% em 2022.
No sentido contrário, o deflator da procura interna travou, passando de 7% para 4,7% em 2023, também por efeito do abrandamento da inflação. Em termos nominais, a economia registou um saldo positivo de bens e serviços de 0,9% do PIB quando no ano anterior esse saldo tinha sido negativo em 2,4% do PIB.
A inflação fechou o ano nos 4,3% face a 2022, uma desaceleração que se tem vindo a acentuar nos primeiros meses de 2024.
Ainda nas exportações, o INE indica que as exportações de bens em volume cresceram 1,1% em 2023, enquanto as exportações de serviços (onde está o efeito do turismo) registaram “uma desaceleração significativa” face aos 40,8% verificados no ano pós-pandemia.
No consumo final das famílias, as despesas em bens não duradouros subiram 1,1% no ano passado, face a um acréscimo de 5,6% no ano anterior. Já a subida com gastos em bens duradouros abrandou de 11,7% em 2022 para 7,1% no ano passado.
O crescimento do investimento travou de forma expressiva no ano passado, fixando-se nos 0,8% face aos 3,5% registados em 2022, apesar de um acréscimo de 3,3% em volume verificado no último trimestre. A componente de equipamento e transportes foi a que mais se destacou com uma aceleração de 18,7%. Em sentido contrário, a componente de construção passou de um crescimento de 1,2% em 2022 para um recuo de 0,4% no ano passado.
O INE diz ainda que o emprego cresceu 0,9% no ano passado, tendo o emprego remunerado registado uma progressão de 2,2%. A produtividade média calculada a partir do rácio ente o PIB e o número de pessoas com emprego subiu 1,4% (5,2% em 2022). Quando este indicador é calculado em função do PIB em volume e o número de horas trabalhadas o crescimento foi de 1,1% (3,1% em 2022).
