O ex-diretor da Cinemateca Portuguesa José Manuel Costa vai ser distinguido com a medalha de mérito cultural por “cinco décadas de devoção ao serviço público e de dedicação apaixonada ao Cinema”, anunciou esta sexta-feira o Ministério da Cultura.

José Manuel Costa, 70 anos, vai receber a medalha de mérito cultural no dia 22, na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, instituição à qual estava ligado desde 1975 e onde desempenhou várias funções, incluindo a de diretor, com a qual se reformou em fevereiro passado.

De acordo com o Ministério da Cultura, na cerimónia será exibido o documentário “Faço Parte dos Móveis”, de Pedro Henriques Ferreira, sobre o percurso de José Manuel Costa.

A medalha é-lhe atribuída “em reconhecimento de cinco décadas de devoção ao serviço público e de dedicação apaixonada ao Cinema, com um trabalho especialmente decisivo na defesa, conservação e divulgação do património cinematográfico”, sustenta o Ministério da Cultura em comunicado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

José Manuel Costa licenciou-se em Engenharia Eletrotécnica, mas “dedicou praticamente toda a sua vida profissional à Cinemateca Portuguesa”, ao ensino e à investigação em cinema e museologia cinematográfica.

Na Cinemateca, destaca-se o trabalho de criação e instalação do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), inaugurado em 1996 e onde acontecem “todas as importantíssimas atividades de arquivo, conservação e restauro”, e ainda o mais recente — e ainda em curso — trabalho de digitalização do cinema português, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Em fevereiro, dias antes de cessar funções, José Manuel Costa afirmou, num encontro na Cinemateca, que a direção seria assumida interinamente pelo subdiretor, Rui Machado, enquanto ainda decorre o concurso público para a escolha do sucessor.

Em 2018, quando a Cinemateca completou 70 anos, José Manuel Costa lembrava, em entrevista à agência Lusa, que o mais importante organismo público de preservação do património fílmico português vivia numa luta pela sobrevivência, subfinanciado e a braços com constrangimentos administrativos ao seu funcionamento.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que em fevereiro passado condecorou José Manuel Costa com o grau de Comendador da Ordem do Mérito, disse em 2018, por ocasião dos 70 anos da Cinemateca, que este organismo devia continuar a lutar para ter “mais meios e melhores condições”.

Em 2021, quando foi apresentado o PRR, de resposta à crise desencadeada pela pandemia da Covid-19, foram alocados dez milhões de euros para a compra de equipamento e serviços para digitalizar um milhar de filmes portugueses, e 900.000 euros para modernizar o ANIM.

Na altura, José Manuel Costa dizia que o investimento do PRR era uma oportunidade de divulgar o cinema português “como nunca chegou a ser até agora”.

José Manuel Costa cessa funções na Cinemateca com o programa do PRR ainda em curso e sem ter conseguido concretizar uma alteração orgânica — é um instituto público — publicamente defendida e que permitisse ter mais autonomia perante a administração indireta do Estado.

Em 2019, José Manuel Costa foi distinguido com o grau de oficial da Ordem das Artes e Letras de França.