O último Governo de António Costa e o novo de Luís Montenegro seguem padrões parecidos nas suas composições. Contas feitas, os dois executivos têm exatamente o mesmo número de elementos — ainda sem serem conhecidos os secretários de Estado, que só tomarão posse dia 5 de abril — e uma média de idades muito semelhante (menos um ano no caso das escolhas de Costa). O primeiro-ministro que agora sai de cena escolheu um número superior de mulheres e independentes para se sentarem no Conselho de Ministros.
No caso de Luís Montenegro, o Governo arranca já com 18 ministros (um número a que Costa também acabou por chegar). Menos de metade são mulheres: são sete em 18 e ocupam algumas das pastas de maior peso (Rita Júdice fica com a Justiça, Margarida Blasco com a sempre quente Administração Interna, Ana Paula Martins tomará conta da Saúde, Maria do Rosário Palma Ramalho do Trabalho, Maria da Graça Carvalho fica com a Energia, Margarida Balseiro Lopes será ministra da Juventude e Modernização e Dalila Rodrigues da Cultura).
Balseiro Lopes, que é também vice do PSD e chegou a liderar a JSD, será a ministra mais nova, com 34 anos. A média total de idades atinge os 54,6 anos, ligeiramente superior em relação ao elenco de António Costa, sendo que Maria da Graça Carvalho é a ministra mais velha (68 anos).
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Quanto aos independentes, um grupo que Luís Montenegro promoveu com pompa nas listas que apresentou à Assembleia da República (entregando-lhes mesmo lugares como cabeça de lista), há quatro ministros sem cartão de militante (Maria Rosário Ramalho, Rita Júdice, Margarida Blasco e Dalila Rodrigues). Mas muitos já tinham ligações muito próximas ao PSD: por exemplo, Rita Júdice é a coordenadora do Conselho Estratégico Nacional do partido para a Habitação.
O Governo de Costa: paridade foi crescendo, sete independentes (q.b.)
Se António Costa começou por ter um Governo mais magro, em 2015, nesta reta final já contava com 18 lugares ocupados no Conselho de Ministros (contando com o próprio primeiro-ministro). Metade deles (nove) eram mulheres, o que significa que a paridade total era atingida — um critério que Costa manteve nos seus dois últimos governos, apesar de no primeiro, em 2015, só contar com quatro mulheres.
Uma dessas mulheres era a responsável pela Habitação, Marina Gonçalves, o elemento mais jovem do Executivo, com 35 anos. O mais velho era o ministro da Economia, o independente Costa Silva, com 71 —, mas a maioria do elenco era composto por ministros tendencialmente políticos e que pertencem à mesma geração do PS, no início da casa dos 50 anos, o que levou a que a média de idades se fixasse nos 53,2 anos.
A proporção de independentes era de um pouco menos de metade, embora a definição do que constitui realmente essa independência varie. Ou seja: em rigor, há sete ministros que cessam agora funções que não têm cartão de militante do PS, ou pelo menos não tinham quando assumiram funções. Ainda assim, alguns já eram associados ao PS por terem sido ministros de António Costa (caso de João Gomes Cravinho, por exemplo, que antes estava com a pasta da Defesa) ou porque já foram, no passado, militantes e dirigentes (caso de Pedro Adão e Silva, que entretanto disse ter-se desfiliado). A independente mais afastada do PS seria Ana Abrunhosa, que chegou a ser escolhida por Pedro Passos Coelho para liderar a CCDR do Centro, mas que entretanto voltou a ser promovida por Pedro Nuno Santos como primeira candidata na lista do PS por Coimbra.