Manuela Ferreira Leite, antiga líder do PSD, reagiu à entrevista de Passos Coelho ao Observador, no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril, e não poupou nas críticas ao ex-primeiro-ministro: “O timing escolhido para a entrevista, o conteúdo das declarações e a nomeação específica das pessoas que foram nomeadas torna esta intervenção absolutamente inaceitável.”

Em declarações no programa Direto ao Assunto, no Observador, Manuela Ferreira Leite recusou fazer futurologia sobre se Passos Coelho se está a posicionar para uma eventual candidatura Presidencial ou mesmo para um regresso à liderança do PSD, caso o atual Governo caia, mas reiterou que as declarações foram “absolutamente inaceitáveis”, frisando que a sua opinião “serve [para] quaisquer os objetivos com que foram feitas”.

Questionada sobre as diferenças de posicionamento de Passos e Montenegro relativamente ao Chega, Manuela Ferreira Leite sublinhou que se “tem identificado com o posicionamento” do atual presidente do PSD, mas voltou a enviar uma farpa a Passos Coelho: “Mesmo que não me tivesse posicionado nunca escolheria este timing para fosse o que fosse, não é no início de um Governo que se fazem declarações desta natureza nem se denunciam pessoas que foram antigas colaboradoras.”

Aos olhos de Manuel Ferreira Leite, confrontada com a hipótese de esta entrevista fragilizar Montenegro, disse apenas que “fragiliza quem as fez”.

Ouça aqui a entrevista a Manuela Ferreira Leite na íntegra

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Manuela Ferreira Leite. “Inaceitável” o que diz Pedro Passos Coelho

IRS? “Não há nenhuma mentira ou embuste”

Relativamente à polémica em torno do IRS, Manuela Ferreira Leite garantiu que não se sentiu enganada pelo Governo e considera que houve “uma certa confusão” ou “falta de esclarecimento” sobre o tema.

“O grande tema de campanha da AD foi a baixa de impostos e penso que não passou despercebido a ninguém e não deve também ter passado ao PS, que elaborou um Orçamento, defendeu-o, estava sentado na bancada quando o Programa do Governo foi discutido e ninguém abriu a boca. No mínimo, se essa história correspondesse a um embuste teria sido o momento para que defendessem o seu legado e dissessem ‘nós é que fizemos isto’”, começou por explicar no programa Direto ao Assunto, no Observador.

A antiga ministra das Finanças acredita que há uma “diferença enorme” entre o que defendeu a AD e o PS: “Enquanto AD apresentava o benefício à classe média e o IRC às empresas, o PS defendia uma coisa completamente diferente, portanto o debate foi dominado não pelos números, mas pelos objetivos dessa redução fiscal”, explicou, sublinhando que “interessa pouco, para avaliarmos uma política, se são 10 ou mil milhões, o que interessa é a distribuição ou objetivo”.

Questionada sobre a pergunta direta de Bernardo Blanco, da IL, ao ministro das Finanças, Manuela Ferreira Leite entendeu que “não há nenhuma fuga à resposta, na medida em que é verdade que havia uma proposta de perda de receita desse montante”. “A discussão não foi sobre isso. E ninguém negou que não era nada disso e, portanto, não há aqui nenhuma mentira nem nenhum embuste porque o que esteve sempre em discussão foi o destino desse dinheiro”, concluiu a ex-presidente do PSD.

Afastamento de Montenegro? “É muito evidente que houve essa preocupação de tentar desligar”