“Jamais diria que só porque alguém usou um uniforme das SS [Schutzstaffel, organização paramilitar ligada ao regime nazi de Adolf Hitler] é automaticamente um criminoso. Eu acho que se deveria avaliar se alguém é culpado caso a caso.” Estas declarações são do cabeça de lista do partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD, sigla em alemão) para as eleições europeias, Maximilian Krah, numa entrevista ao jornal italiano La Repubblica, e causaram controvérsia. E levou mesmo a União Nacional (UN), o partido de Marine Le Pen atualmente liderado por Jordan Bardella, a romper com os seus aliados alemães no Parlamento Europeu, a cerca de três semanas das eleições europeias.

A notícia foi avançada inicialmente pelo Libération e foi confirmada pela assessora do partido francês ao Politico. “Após as declarações recentes da AfD, não nos vamos sentar com eles durante o próximo mandato no Parlamento Europeu”, lê-se na nota enviada àquele jornal. Os dois partidos integram a família Identidade e Democracia (ID), do qual o Chega também faz parte.

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Neste momento, muitos eurodeputados da Identidade e Democracia (76) pertencem ou ao RN (23), ou à AfD (11). Nas próximas eleições, espera-se que a União Nacional aumente de forma considerável o número de eurodeputados — aliás, aquele partido deverá vencer mesmo as europeias em França. Ainda não é claro, no entanto, se o partido liderado por Jordan Bardella está a pré-anunciar a sua saída da família política europeia ID ou se está a pressionar para que a AfD a abandone.

Um conselheiro de Marine Le Pen disse ao Politico que, independentemente do desfecho, não haverá “qualquer impacto” na ID relativamente à configuração do grupo europeu após as europeias. “Teremos nacionalidades suficientes para manter o nosso grupo político.”

No entanto, outra fonte do grupo político Identidade e Democracia levanta ao Politico preocupações sobre o futuro da delegação do RN, antecipando que os os membros do partido poderão associar-se ao grupo “dos não inscritos”. “Até agora, as decisões eram sempre tomadas em comum de acordo com as delegações nacionais”, desabafa a mesma fonte, que descreve que esta reta final antes das eleições está muito “agitada”: “Todos estão nervosos”.

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