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Os governos do Brasil e da China apelaram esta sexta-feira a uma solução política para a guerra na Ucrânia, numa declaração conjunta que visa estabelecer condições para um retorno à paz.
Reduzir a escalada da guerra e criar condições para o diálogo político são a base da proposta elaborada durante a visita à China do conselheiro especial da presidência e ex-chefe da diplomacia do Brasil, Celso Amorim, que se reuniu com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.
No documento, divulgado pela presidência brasileira, os dois países defendem que o diálogo e as negociações “são a única solução viável para a crise na Ucrânia” e pedem que Moscovo e Kiev não criem mais frentes de guerra, evitem a intensificação dos combates e “aumentem a ajuda humanitária”.
Brasília e Pequim apelam também a que se evitem ataques contra civis e pedem mais proteção especial para as mulheres, crianças e prisioneiros de guerra.
No documento, os altos funcionários brasileiros e chineses propõem a realização de uma conferência internacional de paz a ser reconhecida por ambas as partes e apelam à comunidade internacional para que apoie todas as medidas necessárias para promover as conversações.
A proposta surge semanas antes da Conferência de Paz na Ucrânia, que se realiza na Suíça a 15 e 16 de junho. O evento deve contar com a presença de mais de 70 chefes de Estado, incluindo vários líderes latino-americanos, com exceção do Brasil, Nicarágua, Cuba e Venezuela.
A Rússia não foi convidada para o evento, que foi coordenado com o governo ucraniano.
Desde a invasão da Ucrânia, há mais de dois anos, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, tem mantido uma posição de neutralidade e defendido uma solução pacífica.
Lula foi alvo de críticas por ter responsabilizado ambos Kiev e Moscovo pela guerra durante uma visita a Pequim, no ano passado.
Num comunicado difundido pela diplomacia chinesa, Wang Yi sublinhou a importância da relação estratégica entre China e Brasil, que “transcende a esfera bilateral”.
Os dois países, como “representantes de economias emergentes e membros fundadores do grupo BRICS”, concordaram em olhar para o futuro com visão estratégica, estabelecer novos objetivos para inaugurar um “próximo meio século dourado” de cooperação, apontou o diplomata chinês, referindo-se ao 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre as duas nações, que se celebra este ano.
China e Brasil têm economias “altamente complementares” e partilham “posições semelhantes em questões internacionais e regionais significativas”, o que constitui um “valioso ativo estratégico” e uma “base política para uma cooperação mais profunda e confiança mútua”, defendeu o ministro chinês.
“É encorajador ver a ascensão conjunta dos países do ‘sul global’, representados pela China e Brasil, promovendo um equilíbrio mais justo e razoável do poder global”, disse.
De acordo com dados oficiais, a China é o maior parceiro comercial do Brasil desde 2008.
O mercado chinês foi o destino de 30% das exportações brasileiras em 2023, quando as vendas para o país asiático totalizaram 104 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros), constituídas maioritariamente por produtos alimentares e matérias-primas.