O PS/Açores considerou esta terça-feira que o presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) não “pode continuar a esconder-se” perante o “desnorte estratégico e caos operacional” na SATA, exigindo a nomeação urgente de um novo conselho de administração.

“O Governo Regional dos Açores, e em particular o seu presidente, José Manuel Bolieiro, que não está aqui hoje, não pode continuar a esconder-se perante este desnorte estratégico e caos operacional [na SATA]”, afirmou o socialista Carlos Silva.

O deputado falava durante um debate de urgência sobre a situação operacional da SATA, solicitado pelo PS/Açores, no plenário da Assembleia Regional, na Horta.

O parlamentar socialista disse ser urgente nomear um novo conselho de administração, considerando “não ser aceitável que um grupo estratégico para região” esteja sem presidente “há mais de 70 dias”.

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“É urgente encontrar e nomear um novo conselho de administração, que dê estabilidade, que recupere a paz social entre os trabalhadores e assegure que o grupo SATA continua a servir os Açores”, salientou.

Carlos Silva alertou ainda que a demora na nomeação de uma nova administração é “danosa para o futuro do grupo” e que a “degradação dos resultados e da operação da SATA nunca foi tão grave“.

“Só nos últimos três anos, o grupo SATA acumulou 130 milhões em prejuízos, o que representa um agravamento face à média anual dos anos da governação socialista e, igualmente relevante, um desvio significativo face ao estimado no plano de reestruturação”, avisou.

O socialista elogiou, por outro lado, a “resiliência” dos trabalhadores da SATA perante o “autêntico calvário” vivido nas últimas semanas devido à “incerteza na realização dos voos”.

No debate, o social-democrata Paulo Simões criticou os anteriores governos regionais do PS devido a ingerências na gestão da SATA, que provocaram “prejuízos consecutivos” na companhia aérea entre 2013 e 2019.

“A razão pela qual estamos aqui a discutir os problemas da SATA é porque foram demasiados anos de incompetência dos governos do PS a gerir um dos maiores ativos dos Açores”, declarou o deputado do PSD.

José Pacheco, do Chega, corroborou as críticas aos executivos regionais do PS que “afundaram a SATA” e falou de milhões de euros direcionados para “servir a clientela socialista”.

“O PS é o maior coveiro da SATA”, acusou o líder do Chega nos Açores.

A líder parlamentar do CDS-PP, Catarina Cabeceiras, considerou que a SATA “nunca serviu tanto os açorianos como hoje”, elogiando o “feito inédito” de a administração ter “prestado contas durante uma situação crítica”, referindo-se à conferência de imprensa de 4 de junho.

Pelo BE, António Lima exigiu a divulgação do plano de negócios do grupo, acusando o Governo Regional de “enterrar a SATA” e desafiando a tutela a esclarecer o empréstimo contraído à JP Morgan, que “significa encargos anuais superiores a 13%” para a transportadora aérea.

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Na resposta, o secretário das Finanças, Duarte Freitas, revelou que o empréstimo foi exigido pela Comissão Europeia para “comprovar que a SATA podia ir ao mercado sem o aval do Governo Regional”.

O liberal Nuno Barata alertou para ingerências do executivo açoriano na empresa, uma vez que o quórum no conselho de administração da SATA é “assegurado por dois membros do gabinete” do governo açoriano.

Resposta do Governo Açoriano

O Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) garantiu esta terça-feira que a operação da SATA Air Açores já está “totalmente reposta” e elogiou os resultados do grupo de aviação desde 2020, acusando o PS de “aproveitamento político”.

“Os extraordinários e súbitos constrangimentos que afetaram a SATA Air Açores já se encontram resolvidos. Ao dia de hoje, a situação está totalmente reposta, com total segurança e dando resposta às necessidades de todos os passageiros”, afirmou a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas.