O presidente executivo da ANA aponta responsabilidades a outros operadores no aeroporto de Lisboa pelos atrasos verificados na operação. Em causa estão restrições na capacidade do espaço aéreo entregue pela NAV, falhas nos calendários de partidas e chegadas da TAP — dois fatores que estão a ser resolvidos — e um outro “problema muito complicado”, este destacado pelo presidente não executivo, José Luís Arnaut, numa audição conjunta realizada esta terça-feira na comissão de economia e obras públicas.

“Temos um problema muito complicado ao nível do controlo de fronteiras”, afirmou o presidente não executivo da empresa. Para José Luís Arnaut, “não faz sentido trazer mais turistas para estarem duas horas à espera. Isso mata o turismo e a atratividade e cria problemas de fluidez no tráfego”. Segundo o gestor, a média diária de espera no controlo de passaportes em Lisboa e em Faro é de uma hora. “Os meios não são os necessários, nem estão a funcionar com celeridade”.

Em declarações na mesma comissão, Thierry Ligonnières desvalorizou o efeito das obras da responsabilidade da concessionária nos atrasos sentidos na operação. A suspensão dos investimentos no aeroporto Humberto Delgado foi justificada por Arnaut com a indefinição política sobre o futuro aeroporto após o chumbo da solução conjunta com o Montijo.

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Thierry Ligonnières referiu que algumas das obras até foram feitas, como o prolongamento do taxiway e as saídas rápidas, mas que a sua utilização dependia de outras operações como a expropriação de armazéns. Além de que, avisou, para podermos aproveitar a capacidade em terra “precisamos de espaço aéreo”. E, para o presidente executivo da ANA, uma “das grandes dificuldades em Lisboa é o espaço aéreo”.

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Segundo o gestor, a declaração de capacidade de movimentos por hora fixada antes da privatização da ANA  — média de 38 movimentos por hora — não consegue ser entregue. E como os slots atribuídos às companhias aéreas seguem essa declaração de capacidade, na prática os movimentos que não conseguem ser encaixados saltam para a hora seguinte, provocando atrasos sucessivos. Declaramos 26 saídas por hora, mas a capacidade permitida pela NAV é inferior e essa “é a principal causa de atrasos” apontou.

Thierry Ligonnières realçou que NAV está a investir para melhorar esta situação, nomeadamente através da implementação em maio do novo point merge system que rearruma o espaço aéreo, mas o gestor indicou há efeitos nos atrasos.

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Outra causa estrutural apontada para os atrasos é a programação diária de voos feita pela TAP, a maior cliente da ANA, que não tinha em consideração os tempos mínimos de conexão e rotação de aeronaves. Os aviões chegavam a ter uma hora de partida antes da hora de chegada, o que provocada atrasos. Mas esta situação tem vindo a ser alterada com muito sucesso pela atual administração (de Luís Rodrigues), sublinhou o presidente executivo da ANA.