Menos de um mês depois das declarações polémicas do Papa, que afirmou haver “demasiada bichice” nos seminários, Francisco repetiu esta terça-feira a expressão homofóbica, avança a agência noticiosa italiana ANSA.

In Vaticano c’è aria di frociaggine“, que, numa tradução livre para o português significa “No Vaticano há um ar de bichice“. Foram estas as palavras que o Papa Francisco proferiu num encontro privado com padres da Universidade Salesiana.

O bispo de Roma falava com os sacerdotes sobre como se um rapaz apresentar “tendências homossexuais”, este deve ser acompanhado pela Igreja, mas sem entrar no seminário. À semelhança do encontro em maio, o Vaticano apressou-se a emitir um esclarecimento sobre as palavras do Papa.

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“[O Papa Francisco] falou sobre o perigo das ideologias na Igreja e voltou ao tema da admissão de pessoas com tendências homossexuais nos seminários, reiterando a necessidade de as acolher e acompanhar na Igreja e a indicação prudencial do Dicastério para o Clero relativamente à sua entrada no seminário”, pode ler-se no comunicado citado pelos media italianos

A palavra “frociaggine“, uma expressão italiana pejorativa para referir homossexualidade, tinha sido utilizada pelo Sumo Pontífice pela primeira vez num encontro com bispos, também à porta fechada. O tema da conversa era o mesmo: o acesso aos seminários.

À data, os bispos presentes justificaram as palavras de Jorge Mario Bergoglio como uma gafe linguística, uma vez que no espanhol, língua materna de Francisco, esta não será ofensiva, ao contrário do italiano, língua em que o Papa se expressa.

“Já há demasiada bichice” nos seminários, diz Papa Francisco. Em seis anos, é a segunda polémica a envolver homossexuais

Apesar da, agora, repetida utilização de termos homofóbicos, o pontificado de Bergoglio tem sido marcado por uma progressiva abertura a minorias que, até aqui, tinham sido excluídas da Igreja Católica.

Em janeiro do ano passado, Francisco afirmava que “Somos todos filhos de Deus, e Deus ama-nos como somos e com a força com que todos nós lutamos pela nossa dignidade. Ser homossexual não é um crime. Não é um crime”.

Papa Francisco diz que ser homossexual não é um crime, mas “uma condição humana”

Já durante a Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, afirmou que a Igreja deve ser para “todos, todos, todos”, posições que lhe têm valido críticas das alas mais conservadoras da Igreja Católica.