O PS considerou nesta quinta-feira que a saída de Portugal do lote dos países com desequilíbrios macroeconómicos significa que a Comissão Europeia desmentiu o Governo, defendendo um “ato de contrição” do ministro das Finanças pelas críticas à estratégia socialista.

A notícia de que Portugal sai da lista de países com desequilíbrios macroeconómicos é uma boa notícia para Portugal e que vem confirmar que o país fez uma grande evolução ao nível do crescimento do emprego, do crescimento das remunerações, da sua diminuição da dívida, tanto para as famílias como para as empresas, e também do ponto de vista da sua gestão orçamental. É a confirmação de que Portugal está mais preparado”, disse, em declarações à Lusa, o deputado do PS António Mendonça Mendes.

Para o antigo governante, esta decisão “é mais uma vez a Comissão Europeia a desmentir o Governo”. Mendonça Mendes recordou as declarações de Miranda Sarmento quer como líder parlamentar do PSD, quando defendeu que Portugal “não estava a fazer uma consolidação orçamental saudável”, quer já como ministro das Finanças, quando afirmou “que o país estava numa situação pior do que aquilo que o Governo anterior queria fazer crer”.

“É irónico que a declaração que o ministro das Finanças faz de elogio àquilo que foi a trajetória do país nos últimos 10 anos quando disse exatamente o contrário quando era líder parlamentar e mesmo agora no início das suas funções como ministro das finanças”, apontou o socialista.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com Mendonça Mendes, o ministro das Finanças fez “um mau serviço ao país e foi desmentido logo na altura pela Comissão Europeia” quando colocou “em causa aquilo que eram os resultados orçamentais e os resultados da dívida do país”.

“É novamente desmentido e quando agora aparece a elogiar este caminho não fez um ato de contrição sobre aquilo que ele próprio disse como líder parlamentar e também no início como ministro das Finanças”, lamentou.

O antigo secretário de Estado antecipou ainda que, na próxima semana, Miranda Sarmento “tem uma boa oportunidade” para no parlamento, em audição na comissão a pedido do PS, “assumir que errou como líder parlamentar quando criticou aquilo que era a estratégia de consolidação orçamental do país”.

“E agora diz exatamente o contrário daquilo que disse sem atribuir o mérito a quem tem que ser atribuído: às famílias, às empresas e também ao Governo que liderou essa altura que foi o Governo do PS”, apontou.

O deputado do PS avisou ainda que “é muito importante que os portugueses tenham consciência” que esta trajetória dos últimos anos está em risco tendo em conta “as medidas anunciadas por este Governo”.

“O Banco de Portugal, no seu relatório de primavera, foi muito claro: as medidas anunciadas pelo Governo são medidas que colocam em risco aquilo que são as contas públicas no próximo ano. Temos que estar muito atentos àquilo que é a ação do Governo para que não possamos desbaratar em pouco tempo aquilo que demorou tanto tempo a conseguir conquistar”, defendeu.

Banco de Portugal não terá lucro nem irá pagar dividendos antes de 2026, mas “bancos centrais não servem para gerar dividendos”, diz Centeno

Na quarta-feira, o ministro das Finanças saudou a “notícia muito importante” de que Portugal foi retirado pela Comissão Europeia da lista de países com desequilíbrios macroeconómicos, falando num “esforço muito significativo de correção” feito nos últimos 10 anos.

“É uma notícia muito importante para o país. Nos últimos mais de 10 anos, o país fez um esforço muito significativo de correção de vários desequilíbrios estruturais”, reagiu Joaquim Miranda Sarmento, em declarações à agência Lusa.