Cerca de uma centena de trabalhadores das oficinas da CP no Norte (Contumil e Guifões) concentraram-se esta quinta-feira frente à estação de Campanhã, no Porto, para, entre outras reivindicações, exigir o fim da discriminação na contratação e progressão de carreira.

Em declarações à Lusa, Ruben Silva, técnico de manutenção e dirigente do sindicato dos trabalhadores do metro e ferroviários, disse que a empresa tem contratado novos trabalhadores que “foram colocados à frente de outros mais antigos nos índices de progressão, desrespeitando o Acordo de Empresa [AE]”.

Compreendemos a dificuldade da contratação, mas há trabalhadores que estão há 10 anos na empresa e que não ganham o ordenado dos trabalhadores que acabam de entrar. Aquilo que nós pedimos é igualdade de direitos e que a empresa faça cumprir o Acordo de Empresa em vigor”, referiu.

Rúben Silva salientou que, com a greve desta quinta-feira, que está a registar uma adesão a rondar “os 90%” naquelas duas oficinas, inicia-se “uma jornada de luta pela negociação do Acordo de Empresa, que venha a mitigar os efeitos dessas contratações e que faça com que a carreira da manutenção e as restantes carreiras da CP se tornem mais atrativas, pois a empresa enfrenta grandes dificuldades de contratação atualmente”.

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Para o dirigente do sindicato, os trabalhadores enfrentam baixos salários, carreiras estagnadas e uma total falta de perspetiva de evolução, o que demonstra “uma clara desvalorização do nosso trabalho e esforço”.

Nas declarações à Lusa, Rúben Silva disse que “o diálogo com a administração é quase permanente, mas para o caso concreto das novas contratações em condições mais vantajosas alega que são legais”.

Dizem-nos que as novas admissões estão dentro daquilo que estão autorizados a realizar, que existe uma resolução do Conselho de Ministros que os autoriza a fazer este tipo de contratações, pelo que, enquanto sindicato, aquilo que nos resta é marcar ações de luta e fazer passar aquilo que é o nosso descontentamento enquanto trabalhadores”, acrescentou.

Referiu que “os ferroviários tem bastante orgulho da sua profissão e da sua empresa, por muito que às vezes possam pensar que não, e não gostam de estar paralisados, mas infelizmente a CP mesmo dando lucros, não valoriza os trabalhadores. Muitos ganham o ordenado mínimo nacional, executam trabalho ao sol, à chuva, em gravilha, são trabalhadores desgastados pelo tempo”.

Aquilo que nós queremos essencialmente é que o Governo, o Ministério das Estruturas, nos ouça e que reconheça que é necessário haver um investimento sério na ferrovia, porque a ferrovia é o futuro”, sustentou.

Exigem que seja feita uma atualização salarial que efetivamente reconheça os trabalhadores da CP, nomeadamente os trabalhadores da manutenção, muitos deles “com ordenados de 900 euros”.

“A nossa reivindicação hoje é que a CP reflita na contratação que tem vindo a fazer, com índices salariais acima daquilo que está estipulado na nossa tabela” e que “aplique a todos os trabalhadores as mesmas regalias, que façam uma alteração salarial aos trabalhadores que venha a mitigar esta diferenciação que já foi causada”, frisou.