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O secretário-geral do PCP acusou nesta sexta-feira o PS de estar comprometido com uma estabilidade política que cria instabilidade na vida das pessoas, afirmando que não se pode contar com o partido para enfrentar “quem se acha dono disto tudo”.

Num discurso durante um comício em Alverca, no concelho de Vila Franca de Xira, Paulo Raimundo acusou o PS de estar a “animar o faz de conta”, criticando o partido por estar a “avançar agora medidas que há uns meses atrás chumbou, ao mesmo tempo que jura fidelidade à estabilidade política”.

“Estabilidade a esta política que está em curso, é isso que o PS quer? Do que é que serve a estabilidade desta política que está em curso se a única consequência que tem é a instabilidade na vida das pessoas?”, questionou o líder do PCP.

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Paulo Raimundo defendeu que, “quando chega a hora H, o PS não sai do sítio onde sempre esteve e onde se quer manter: junta-se ao PSD, Chega, e CDS para impedir que os 12 milhões de euros de lucro da banca suportem o aumento das taxas de juro” ou para aumentar a dedução específica e o englobamento do IRS.

“Não se pode contar com o PS para a luta contra aqueles que se acham os donos disto tudo”, defendeu.

Neste discurso, Paulo Raimundo salientou que o PCP vai continuar a denunciar “as manobras em curso, onde, no atual quadro político, cada um tem um papel e uma tarefa distribuída”.

“É uma banda que parece desafinada, mas onde nunca falha nenhuma das notas. O PSD e o CDS são agora os de turno na aplicação dos interesses dos grupos económicos. Para a IL, sobra o papel de aparente novidade, mas que é fiel depositária de tudo aquilo que é velho e ultrapassado: é o ponta de lança da ofensiva ideológica da liberalização da economia e do ataque aos direitos”, disse.

Já o Chega, prosseguiu, faz o papel “de arruaceiro barulhento, de demagogia, de ataque a tudo e a todos para cumprir o papel de tentar desviar a atenção da questão central, que é a exploração”.

Está “na procura constante de nos levar a olhar para todos os lados na procura de um inimigo e nunca olharmos para o sítio onde está verdadeiramente o inimigo: está no grupos económicos, nos seus interesses, na exploração”, disse, provocando apupos na sala cheia.

Paulo Raimundo defendeu que “anda tudo ao som desta banda”, dando o exemplo do chumbo da proposta do PCP para a constituição de uma comissão de inquérito à privatização da ANA, em 2013, ou dos projetos de lei apresentados pelo partido para combater os paraísos fiscais.

Depois, o líder comunista abordou o pacote contra a corrupção, apresentado pelo Governo esta semana, para o designar de “pacote de legalização do tráfico de influências” e considerar que não irá ter “praticamente nenhuma consequência” no combate à corrupção.

Pacote com 30 medidas anti-corrupção aprovado esta semana. Oposição vê cair várias propostas que apresentou ao Ministério da Justiça

São “32 medidas… Ou melhor, 32 intenções que, na prática, deixam tudo para depois, passam ao lado do que é estruturante, e não têm praticamente novidade nenhuma”, considerou.

Para Paulo Raimundo, “o que não fica para depois, com estas medidas, é a legalização do que é hoje ilegal: o tráfico de influências, o chamado lóbi”.

“Muita conversa, muita batida no peito contra a corrupção, muita areia para os olhos, mas, no fim, aquilo que se concretiza é a passagem do que é hoje ilegal para passar a ser legal, para que tudo no fundamental fique na mesma: ao serviço dos que se acham donos disto tudo”, criticou.