O primeiro-ministro avisou esta terça-feira que o Governo não acrescentará “nem mais um cêntimo” à proposta que fez às forças de segurança e a resposta dos sindicatos não tardou a chegar. Não há condições para negociar, nem sequer para ter a reunião agendada com o Ministério da Administração Interna para o dia 9, disse o porta-voz da plataforma de sindicatos da PSP e GNR à Rádio Observador.

“Diz que não tem margem para mais um cêntimo. Eu direi que neste momento não há condições sequer para ter a reunião agendada com o ministério. O sr. primeiro-ministro retirou-lhe toda e qualquer utilidade. Eu diria, da nossa parte, nem menos um cêntimo”, sublinhou Bruno Pereira. Para o porta-voz isso só mostra que Luís Montenegro “não quer fazer as pazes com os polícias, nem resolver a questão”, como foi prometendo ao longo da campanha eleitoral.

Como é que o Governo pode dizer que não tem mais margem orçamental para acomodar os valores na proposta quando claramente não conhece o orçamento que vai ter daqui a dois, três ou quatro anos? Ainda para mais quando se espera, nas palavras do primeiro-ministro, um aumento de crescimento económico substancial.”

Montenegro avisa que Governo não dá “nem mais um cêntimo” às forças de segurança

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Lembrando que o que distingue a proposta da plataforma de sindicatos da apresentada pelo Governo é um valor de 100 euros, o porta-voz apontou que a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, fica “completamente amarrada”. “Não poderá, certamente, vir trazer nada de novo que possa traduzir-se no aumento salarial”, defendeu.

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Forças de Segurança: “Primeiro-ministro diz nem mais um cêntimo, nós dizemos nem menos um”

Bruno Pereira disse ainda que as palavras de Luís Montenegro têm três consequências “negativas”. Por um lado uma maior revolta dos polícias, algo que, garante, já se começa a notar. Por outro lado, uma maior adesão ao apelo do Chega para que os polícias se manifestem em frente à Assembleia da República e que o porta-voz já tinha condenado. “Não é razoável ou aceitável que o líder do partido político substitua os líderes sindicais”, reiterou.

Movimentos da PSP e da GNR mobilizam-se para protesto no Parlamento em resposta a apelo do Chega

Além disso, acrescentou, pode significar uma transferência da decisão sobre as negociações para o Parlamento. “O Governo não quer resolver quando deve ser ele, ou deveria ser ele, em primeira linha, a resolver. Terá, provavelmente, de ser o Parlamento a tomar as rédeas da decisão, com muita pena minha e com muita pena dos demais camaradas líderes sindicais”, afirmou.

Sobre os protestos que estão a ser convocados para quinta-feira, também alimentados pelo Movimento Zero, Bruno Pereira afirmou que não se revê em grupos “sem rosto”, mas que não se opõe à participação individual dos polícias. “Não me revejo, nem posso rever-me em apelos de pessoas que eu não conheço ou cujas intenções eu desconheço”, apontou, acrescentando que o movimento deve ser transposto para um movimento “com cara, democrático e cívico”.