Muito se falou sobre a personalidade que iria acender a pira olímpica em Paris. Zinedine Zidane era o grande favorito, mas Amélie Mauresmo, Tony Parker, Thierry Henry e até Kylian Mbappé também surgiram entre as possibilidades mais fortes. No fim, a organização dos Jogos Olímpicos decidiu não atribuir a responsabilidade a uma única pessoa, mas a duas.

A chama olímpica passou de mão em mão desde a Torre Eiffel até ao Jardim das Tulherias, bem perto do Museu do Louvre, com Zidane a entregar a tocha a Rafa Nadal e o espanhol a seguir de barco em conjunto com Serena Williams, Carl Lewis e Nadia Comăneci. No fim, depois de a participação de Amélie Mauresmo e Tony Parker justificar os rumores e de muitos atletas olímpicos e paralímpicos franceses passarem o testemunho até ao local final, a dupla eleita tornou-se protagonista.

Uma homenagem ao primeiro voo de balão. Chama olímpica fica a sobrevoar o Jardim das Tulherias e não no estádio (mais uma surpresa em Paris)

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Teddy Riner e Marie-José Pérec acenderam as respetivas tochas com a que vinha desde a Torre Eiffel e incendiaram a pira, que se elevou à boleia de um balão e que vai ficar a sobrevoar Paris ao longo de todos os Jogos Olímpicos. E a verdade é que, olhando para o historial dos dois atletas franceses, é fácil perceber o porquê da escolha.

Aos 35 anos, Teddy Riner prepara-se para competir na quarta edição dos Jogos Olímpicos: sempre na categoria +100kg, o judoca foi medalha de bronze em Pequim 2008, medalha de ouro em Londres 2012 e Rio 2016 e novamente medalha de bronze em Tóquio 2020, onde também ganhou outro ouro na competição por equipas mistas. É considerado um dos melhores judocas de sempre e tem 11 medalhas de ouro em Mundiais de judo, um recorde absoluto que junta a outras cinco vitórias em Europeus.

Mais do que isso, o judoca que nasceu em Guadalupe, a ilha nas Caraíbas que é território francês, é dono de um dos registos competitivos mais impressionantes das últimas décadas. Entre setembro de 2010 e fevereiro de 2020, Teddy Riner não perdeu qualquer combate: ou seja, ao longo de praticamente uma década e 154 combates, só conheceu o sabor da vitória. Um percurso histórico que terminou precisamente em casa, na terceira ronda do Grand Slam de Paris, contra o japonês Kokoro Kageura.

Depois, Marie-José Pérec. Também nascida em Guadalupe, estreou-se nos Jogos Olímpicos com um oitavo lugar nos 200 metros de Seul 1988. Quatro anos depois, em Barcelona, conquistou a medalha de ouro nos 400 metros. Mas a glória absoluta apareceu já em 1996, em Atlanta, onde foi campeã olímpica nos 200 e nos 400 metros, tornando-se a primeira a juntar os dois títulos olímpicos desde a norte-americana Valerie Brisco-Hooks em 1984.

Do desfile de barcos ao espectáculo que promoveu Paris: as melhores imagens da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos

Para além disso, na final dos 400 metros, estabeleceu um recorde da distância que durou 23 anos, até Salwa Eid Naser o superar em 2019 e nos Mundiais de Doha. Agora com 56 anos, Marie-José Pérec ainda voltou aos Jogos Olímpicos em Sydney, em 2000, mas acabou por desistir das finais dos 200 e dos 400 metros depois de alegar que estava a ser insultada, ameaçada e sabotada desde que tinha chegado à Austrália, acusando a imprensa local de favorecer a australiana Cathy Freeman, que acabou mesmo por conquistar o ouro nos 400 metros.