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As Forças Armadas ucranianas reivindicaram pela primeira vez, esta sexta-feira, a ofensiva na região russa de Kursk, depois de quatro dias de ataques. Os soldados ucranianos declararam ter tomado controlo da cidade fronteiriça de Sudzha e das instalações da Gazprom. O autarca nega a ocupação.
“A cidade está em silêncio, todos os prédios estão intactos. A instalação estratégica da Gazprom está sob controlo do 99º Batalhão Mecanizado e da 61ª Brigada Separada de Tiro”, afirma um soldado ucraniano, num vídeo partilhado pelas Forças Armadas no Telegram.
O vídeo foi gravado em frente às instalações da Gazprom, a dois quilómetros do centro da cidade, confirmou uma análise do site independente Meduza. Contudo, o autarca de Sudzha negou as declarações feitas no vídeo. “A evacuação está em progresso. Sudzha é nossa. É este o único comentário”, adiantou à agência estatal russa TASS. Fontes não oficiais, ligadas ao regime russo, já tinham relatado o controlo ucraniano do ponto de passagem de gás — que abastece a Europa –, na passada quarta-feira.
Já Volodymyr Zelensky voltou a deixar apenas menções à ofensiva, sem referências diretas, agradecendo especialmente “a coragem e a resiliência” os soldados ucranianos que têm feito prisioneiros russos para serem utilizados como moeda de troca. “Quero agradecer especialmente aos guerreiros e unidades que estão a abastecer o nosso ‘fundo de troca’: fazendo prisioneiros dos ocupantes e ajudando-nos assim a libertar o nosso povo do cativeiro russo. Isto é muito importante e foi particularmente eficaz nos últimos três dias”, afirmou o Presidente ucraniano na sua habitual comunicação diária.
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No discurso desta sexta-feira, Zelensky voltou a destacar a necessidade da “paz justa”, que tem repetido ao longo dos últimos três dias, e argumentou que os crimes de guerra cometidos pela Rússia vão ser julgados em tribunal, mas, por agora, estão a ser julgados “pela força dos soldados”, referindo-se ao ataque desta sexta-feira a um supermercado em Donetsk, onde morreram 14 pessoas e ficaram feridas outras 44.
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Apesar das negações de ocupação por parte da Rússia, a verdade é que a ofensiva ucraniana não foi ignorada por Moscovo. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, acusou Kiev de levar a cabo “atividades terroristas” e “ataques contra alvos civis em território russo”, que já resultaram em baixas.
Já o Ministério da Defesa anunciou o envio de reforços para a região de Kursk. A TASS partilhou imagens de uma coluna de camiões russos, a caminho da frente de batalha. Uma dessas colunas de reforço foi alvo de uma emboscada ucraniana na autoestrada a caminho de Kursk. Vídeos partilhados nas redes sociais, e confirmados pela agência Reuters, mostram 15 camiões incendiados. A NEXTA, órgão de comunicação independente russo, avançou, por sua vez, que eram 14 veículos e que cerca de 500 soldados russos foram mortos neste ataque relâmpago.
❗️ A Russian Armed Forces military column has been destroyed at night near the village of Oktyabrskoye in the Rylsky district of Kursk region, Russian and Ukrainian media claim. pic.twitter.com/5ljjV9IzgP
— NEXTA (@nexta_tv) August 9, 2024
O jornal The Guardian, que também confirmou este ataque, notou que o método era atípico das Forças Armadas ucranianas, que, na frente leste de batalha se têm habituado a defender as suas posições e a fortalecê-las através da construção de trincheiras.
Mas depois do avanço rápido inicial, as tropas ucranianas parecem ter feito isso mesmo. Blogs militares e canais de Telegram ligados ao exército russo relataram que os ucranianos terão começado a construir trincheiras e fortificações nos 45 quilómetros de território que já conquistaram em Kursk. A informação online foi citada pelo correspondente em Moscovo do jornal ABC.