O “Z” inscrito nos tanques russos que chegaram a território ucraniano em fevereiro de 2022 tornou-se num símbolo do poder de Putin para o mundo. Na última semana, em território russo, a última letra do alfabeto foi substituída por um triângulo branco que surge marcado nos veículos blindados ucranianos que percorreram o interior da Rússia, na região de Kursk. À semelhança do “Z”, este passa a ser o símbolo do poder da Ucrânia a conquistar, após dois anos de ser invadida em larga escala, território russo.

Com origem nos símbolos impressos nos tanques, a primeira invasão em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial está a ser denominada enquanto “operação triângulo”, como destaca o Telegraph.

A Ucrânia reivindicou, esta segunda-feira, o controlo de 1.000 quilómetros quadrados de território russo na região fronteiriça de Kursk, onde as suas forças prosseguem uma ofensiva entretanto assumida como tal por Volodymyr Zelensky.

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Quando as forças russas invadiram a Ucrânia, em fevereiro de 2022, muitos dos seus veículos de combate estavam pintados com o símbolo “Z” em tinta branca, marca que na Rússia se tornou sinónimo de apoio à invasão ordenada por Vladimir Putin. Agora, na Ucrânia, a batalha em Kursk, simbolizada pelo triângulo branco, provocou uma onda rara de alegria e esperança no futuro entre uma população cada vez mais derrotada pela guerra que dura há mais de dois anos em território ucraniano.

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O triângulo branco, enquanto marcação de combate ucraniana, foi detetado pela primeira vez em junho, sendo utilizada pelo grupo de forças do Comando Operacional Oeste, estacionado perto da fronteira com a Bielorrússia. Fontes ucranianas afirmam que a marcação tática, que está a ser utilizada em Kursk, é uma forma de as forças de Kiev evitarem o fogo amigo.

Marcas como esta são um elemento comum da guerra moderna. No caso do conflito entra a Rússia e a Ucrânia, ambos os lados utilizam muito do mesmo equipamento militar e usam uniformes semelhantes, distinguíveis através de, por exemplo e no caso das forças ucranianas, faixas amarelas ou azuis feitas de fita adesiva nos seus uniformes e capacetes. O triângulo branco é mais uma destas marcas.

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A incursão de Kiev em Kursk já dura há oito dias e existe receio de que se alastre à região de Belgorod. Aliás, já foram retiradas mais de de 11 mil pessoas do distrito de Krasnaya Yaruga, situado na fronteira com a Ucrânia, nessa zona devido à “atividade militar inimiga” como disse na altura o governador local. A Rússia apressou-se a avisar que a resposta seria dura, Vladimir Putin na segunda-feira falou mesmo no “extermínio dos ucranianos” e acusou o seu homólogo ucraniano de estar a mando “dos donos do Ocidente”. E no final da semana passada mobilizou mais meios militares para a fronteira, perante o sucesso militar sem precedentes da Ucrânia.

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A Ucrânia mostra, assim, que está equipada e é capaz de executar táticas que resultam no sucesso de uma ofensiva, mesmo que o objetivo ucraniano não seja o de conquistar território, mas sim o de empurrar a Rússia para a mesa das negociações.

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