O deputado e antigo secretário-geral adjunto do PSD, Bruno Vitorino, disse ao Observador que ficou “perplexo” com a resposta da ministra da Juventude, Margarida Balseiro Lopes, quando defendeu em resposta a uma pergunta do Bloco de Esquerda a utilização de uma linguagem “neutra do ponto de vista de género”. Bruno Vitorino — que tinha feito uma pergunta ao Ministério da Saúde sobre a campanha da DGS sobre “pessoas que menstruam” — diz que estava “mais habituado a discutir este tema com as irmãs Mortágua e não com uma ministra do meu partido”.

O deputado do PSD admite ainda ao Observador que a ministra está a fazer um “excelente trabalho na área da juventude”, mas que está “mal informada ou fala a título informal”. Bruno Vitorino espera que a resposta seja “a título individual”, já que não pode vincular “o PSD, que não tem nada disso no programa eleitoral nem no programa de Governo”.

“Pessoas que menstruam”. Governo dá respaldo à DGS e defende “linguagem neutra”

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O antigo secretário-geral adjunto diz que o PSD sempre combateu a “agenda woke“ e que a “guerra cultural” sempre foi combatida e nunca alimentada pelo PSD. Bruno Vitorino acusa Margarida Balseiro Lopes de utilizar “a linguagem do Bloco de Esquerda para defender o indefensável e ir contra aquilo que é a tradição e a prática no PSD”.

O deputado social-democrata diz que o PSD foi sempre contra a ideologia de género, lembrando que votou “contra a lei das casas de banho mistas”. Bruno Vitorino acusa a ministra de seguir a agenda wokista e espera que a governante se dedique à sua área. Sobre a resposta do ministério da Saúde, o deputado considera-a normal. “Foi dentro daquilo que estava à espera”, afirma o deputado social-democrata.

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Bruno Vitorino diz que recebeu “apoio e solidariedade” de vários colegas deputados quando enviou a pergunta ao Governo, mas garante que não a articulou com a liderança do grupo parlamentar. O deputado diz que “há males que vêm por bem” e que “algum dia esta discussão tinha de ser aberta no PSD”. O antigo secretário-geral adjunto no tempo de Passos Coelho diz que “há uma dificuldade dos partidos tradicionais nos temas que são novos, com a agenda woke.” E, consciente de que está a ser crítico de uma ministra do próprio partido, deixa um aviso: “Com estes temas vou mesmo à guerra.”