O FBI e outras agências de informação norte-americanas publicaram esta segunda-feira um comunicado conjunto em que confirmam os relatórios que a Google e a Microsoft já tinham publicado este mês: os ataques informáticos às campanhas presidenciais nos Estados Unidos foram levados a cabo pelo Irão.
“A Comunidade de Informação (CI) acredita que os iranianos através de engenharia social e outros esforços, ganharam acesso a indivíduos com acesso direto às campanhas presidenciais de ambos os partidos políticos“, pode ler-se no comunicado. “Estas atividades, incluindo roubos e divulgações, destinam-se a influenciar o processo eleitoral dos EUA“, aponta a CI, constituída pelo FBI, o Gabinete do Diretor de Informação Nacional (ODNI) e Agência de Infraestrutura de Segurança (CISA).
A CI continua, destacando que está a trabalhar com outros parceiros, dos setores público e privado, assim como com as vítimas dos ataques informáticos, para investigar a extensão total da influência iraniana no processo eleitoral norte-americano. Ainda assim, as agências notam que estas tentativas de interferência “não são uma abordagem nova” e que já travaram ataques informáticos noutros ciclos eleitorais, quer da parte do Irão, como da Rússia.
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A preocupação com a interferência de Teerão na corrida à Casa Branca deste ano surgiu depois de o jornal POLITICO revelar que tinha recebido uma série de documentos confidenciais da campanha de Donald Trump. Os republicanos, a Microsoft e a Google confirmaram o ataque e apontaram o dedo ao Irão, mas, até agora, nenhuma organização federal tinha confirmado a origem dos ataques.
No mesmo comunicado, a CI destaca que os oficiais das campanhas devem ter preocupações redobradas com a sua segurança online. Isto incluiu a escolha de palavras-passe fortes, a utilização exclusiva dos emails de trabalho para assuntos oficiais, a confirmação dos emissores após a receção de mensagens com links externos e a ativação das autenticações de múltiplos fatores.
As agências federais e as empresas afirmam ter feito o seu trabalho habitual, elencando medidas de defesa individuais que visam os membros das campanhas eleitorais. Estas medidas procuram dar resposta direta ao incidente que originou ao ataque informático à campanha de Donald Trump, quando os grupos iranianos ganharam ao acesso ao endereço de um oficial republicano.
Apesar de nenhum dos relatórios oficiais ter confirmado a identidade deste oficial, o Washington Post avançou que se trata de Susie Willes, uma das conselheiras sénior da campanha. Fontes da investigação das agências relataram ao jornal norte-americano na semana passada que o acesso terá sido feito a partir da conta de email de Willes, classificando esta abordagem como “agressiva, mas não particularmente sofisticada”, como as campanhas de Pequim ou Moscovo.