Cerca de 1.280 pessoas foram detidas na sequência dos motins no Reino Unido durante o verão, afirmou esta segunda-feira a ministra do Interior britânica, Yvette Cooper, que prometeu uma estratégia para combater o extremismo.
Segundo a ministra, dos detidos, mais de 570 foram levadas a tribunal por infrações como distúrbios violentos, agressões a polícias, fogo posto e incentivo a ataques violentos pela Internet.
Dezenas de acusados foram condenados a penas de prisão, multas e outras penas.
“Esta resposta robusta e rápida do Governo e do sistema de justiça penal constituiu um forte fator de dissuasão e demonstrou a nossa firme determinação em manter as pessoas seguras e, o que é mais importante, a ordem foi restabelecida”, afirmou aos deputados, durante uma intervenção no primeiro dia após as férias parlamentares.
Os distúrbios no Reino Unido foram desencadeados por um ataque mortal com faca que vitimou três crianças, incluindo uma portuguesa, a 29 de julho, em Southport (noroeste de Inglaterra).
A polícia deteve o suspeito do ataque, um jovem sobre quem circulavam rumores nas redes sociais, mais tarde desmentidos, de que seria um requerente de asilo ou um imigrante muçulmano.
Posteriormente, as autoridades esclareceram que o jovem é natural do País de Gales e filho de pais ruandeses.
Ainda assim, nos dias seguintes, e em diferentes partes do país, grupos de pessoas atacaram lojas, uma biblioteca e um centro comunitário, uma mesquita e um hotel utilizado como alojamento para asilo foi incendiado com pessoas no interior em Southport.
Algumas pessoas foram ainda alvo de ataques nas ruas por serem imigrantes.
Dezenas de polícias foram feridos pelo arremesso de garrafas e tijolos e no confronto com os manifestantes anti-imigração, alegadamente instigados por ativistas da extrema-direita.
“Esta desordem vergonhosa e ódio racista, incluindo o que foi incitado por uma minoria detestável na Internet, foi um insulto àqueles que estão de luto por Southport. Portanto, sejamos muito claros: estes ataques violentos e criminosos não foram protestos. Não se tratou de reivindicações. Foram actos de violência, racismo e crime”, afirmou Cooper.
Além de prometer mais milhares de agentes de polícia na rua, a ministra ordenou uma revisão rápida da estratégia de combate ao extremismo, seja islâmico ou de extrema-direita.
Cooper defendeu ainda que as empresas tecnológicas com redes sociais devem assumir a “responsabilidade pelo veneno proliferado nas suas plataformas” e que “conteúdos criminosos na Internet devem resultar em sanções penais”.