A Comissão Europeia enviou esta quarta-feira mais uma carta ao governo húngaro a questionar sobre a concessão de vistos a cidadãos russos e bielorrussos, que o executivo comunitário considera ser um “perigo” para a segurança da União Europeia (UE).
A informação foi avançada pela comissária para os Assuntos Internos, Ylva Johansson, durante uma audição no Parlamento Europeu (PE).
A comissária considerou que a concessão de vistos a cidadãos da Rússia e da Bielorrússia é “desproporcionada” e representa um “potencial perigo para a segurança do Espaço Schengen”: “Qual a razão para o governo húngaro considerar que esta decisão é apropriada no contexto político atual?”
Ylva Johansson recordou perante os eurodeputados que já tinha endereçado uma carta ao executivo de Viktor Orbán no dia 1 de agosto a questionar esta decisão.
A única explicação que Budapeste deu foi de precisar de permitir a entrada de especialistas russos para concluir a construção de uma central nuclear que estava a ser construída com tecnologia russa.
Mas Ylva Johansson rebateu o argumento: “Compreendo que a Hungria tenha escassez de recursos laborais, como quase todos os Estados-membros, mas não podia encontrar esses trabalhadores na UE ou através de acordos com países terceiros?”
A questão ganhou especial relevância não só no contexto da invasão russa da Ucrânia, mas também porque o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, foi o único líder de um país europeu a reunir-se com o Presidente russo, Vladimir Putin.
A última vez foi no início de julho, no arranque da presidência húngara do Conselho da UE, numa visita a Moscovo que foi amplamente criticada.
Ylva Johansson também revelou no Parlamento Europeu que houve um “enorme aumento” no número de investigações sobre pedofilia nos países da União Europeia, e alertou que alguns Estados-membros descreveram o aumento destes crimes como uma “pandemia”.
A comissária sueca fez do combate à pedofilia uma das bandeiras do seu mandato e lamentou que haja um aumento no número de crimes cometidos digitalmente.
A comissária disse que é necessário fazer uma revisão da diretiva sobre o abuso sexual de menores, de 2011, já que surgiram novas formas de cometer esses crimes.
Em particular, a criação de imagens digitais com recurso à inteligência artificial, com base em imagens de crianças reais, está a proliferar e não tem enquadramento penal, por isso Ylva Johansson reforçou que é necessário atualizar a legislação, para que os 27 estejam preparados para punir estes crimes.