Garth Brooks, cantor de música country, foi acusado de agressão e abuso sexual num processo aberto por uma mulher que afirma ter trabalhado como cabeleireira e maquilhadora do artista. A queixa foi apresentada num tribunal estadual da Califórnia na quinta-feira e, de acordo com a CNN, refere que os alegados incidentes aconteceram em 2019. A mulher, apelidada de Jane Roe, afirma ainda ter sido violada pelo cantor durante uma viagem de trabalho.

Em entrevista à CNN, Brooks disse não ser culpado e referiu os atos de que está a ser acusado como “horríveis”. “Nos últimos dois meses fui importunado com ameaças, mentiras e contos trágicos sobre o que meu futuro seria se eu não passasse um cheque de muitos milhões de dólares. O dinheiro do silêncio, por muito ou pouco que seja, continua a ser dinheiro do silêncio. Na minha opinião, isso significa que estou a admitir um comportamento de que sou incapaz – atos horríveis que nenhum ser humano deveria fazer a outro”, acrescentou. “Intentámos uma ação judicial contra esta pessoa há quase um mês para nos insurgirmos contra a extorsão e a difamação de carácter. Apresentámo-la anonimamente para bem das famílias de ambas as partes”, afirmou.

Roe começou a trabalhar para Brooks em 2017, de acordo com seu processo, que afirma que esta foi contratada pela primeira vez para tratar do cabelo e maquilhagem da mulher do cantor, Trisha Yearwood, em 1999.

Para além de agressão e abuso sexual, o processo acusa Brooks de expor repetidamente os seus órgãos genitais e nádegas, de falar sobre relações sexuais e partilhar fantasias de cariz íntimo com Roe, de o cantor mudar regularmente de roupa à frente dela e de lhe enviar mensagens de texto sexualmente explícitas. No seu processo, Roe alega que, durante um suposto incidente em 2019, quando estava em casa de Brooks para trabalhar, ele saiu do duche nu, “agarrou-lhe nas mãos e puxou-as” para os seus órgãos genitais, enquanto lhe falava com linguagem sexualmente explícita e vulgar.

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Noutro alegado incidente, em maio de 2019, o processo alega que Brooks violou Roe num quarto de hotel durante uma viagem de trabalho a Los Angeles e que a deslocação até LA decorreu no jato privado do cantor. “Normalmente, havia outras pessoas no jato privado de Brooks, mas, desta vez, a Sra. Roe e Brooks eram os dois únicos passageiros”, refere o processo. “Uma vez em Los Angeles, no hotel, a Sra. Roe não podia acreditar que Brooks tinha reservado uma suite de hotel com um quarto e que ela não tinha um quarto separado”. Quando chegaram à suite, Roe alega que o cantor country “apareceu à porta do quarto completamente nu”. A queixa de Roe afirma que esta se sentiu “presa no quarto sozinha com Brooks”.

“As alegações não são verdadeiras”, afirma a ação judicial anterior de Brooks, que refere que a mulher “está bem ciente, no entanto, dos danos substanciais e irreparáveis que tais alegações falsas causariam à reputação do autor como uma pessoa decente e atenciosa, juntamente com os danos inevitáveis à sua família e os danos irreparáveis à sua carreira e meios de subsistência”.

Já os advogados da mulher referem estar “confiantes de que Brook será responsabilizado pelos seus atos”. Douglas H. Wigdor, Jeanne M. Christensen e Hayley Baker enviaram uma declaração à CNN, onde destacaram como “corajosa” a atitude da sua cliente. “Aplaudimos a coragem da nossa cliente em avançar com a sua queixa contra Garth Brooks. A queixa apresentada hoje demonstra que os predadores sexuais existem não só na América corporativa, em Hollywood e nas indústrias do rap e do rock and roll, mas também no mundo da música country”.