Foi um regresso ao local do crime. Donald Trump voltou à cidade de Butler, no estado da Pensilvânia, onde em julho foi alvo de uma tentativa de assassinato. Minutos após subir ao palco ao som de God Bless The USA, de Lee Greenwood, o candidato presidencial do Partido Republicano disse que pretendia “entregar uma mensagem simples às pessoas da Pensilvânia e dos EUA”: “O movimento Make America Great Again permanece mais forte, mais orgulhoso, mais unido e mais perto da vitória do que nunca”. E ao seu lado esteve um apoiante de peso: Elon Musk.

O antigo Presidente dos EUA, que começou a dirigir-se aos seus apoiantes com um “como estava a dizer” (como se estivesse a retomar o discurso que foi interrompido pelo atirador), lembrou que “há exatamente 12 semanas” foi baleado.

“Neste mesmo local, um assassino a sangue frio tentou silenciar-me e silenciar o maior movimento, MAGA [Make America Great Again], da História do nosso país”, disse Trump, que este sábado discursou protegido por um vidro à prova de bala. “Vamos ganhar a maior eleição da História do nosso país. Talvez a maior eleição de todos os tempos”, afirmou.

Num discurso em que a imigração foi tema, Donald Trump salientou a necessidade de os EUA terem as “melhores escolas” e “fronteiras fortes”. “Não queremos que pessoas más entrem e nos façam mal (…) Vocês merecem uma nação que volte a construir coisas, que melhore as coisas, que volte a apontar para as estrelas e que volte e impor respeito e nós queremos ser respeitados como fomos há quatro anos”, acrescentou, garantindo que se os republicanos vencerem na Pensilvânia vão “vencer tudo”.

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Antes de Trump, J.D. Vance, candidato republicano à vice-presidência norte-americana, subiu ao palco para dizer que a tentativa de assassinato que ocorreu em Butler era uma “metáfora dos Estados Unidos da América”.

“Neste país podemos ser derrubados, mas voltamos a levantar-nos e continuamos a lutar, porque na América a esperança nunca está perdida”. “Neste campo, neste exato local, há quase três meses, pensávamos que o Presidente Trump ia perder a vida. Mas Deus ainda tem um plano para ele, assim como ainda tem um plano para os EUA”, afirmou, antes de atirar a Kamala Karris.

“Como se atreve a falar sobre ameaças à democracia? Donald Trump levou um tiro pela democracia. O que fizeram vocês”, questionou J.D. Vance, mirando aos democratas. Horas depois, também Trump falaria sobre o Partido Democrata para descrever Joe Biden e Kamala Harris como “o pior Presidente e a pior vice-presidente da História” dos EUA.

O comício deste sábado contou também com a presença do multimilionário Elon Musk (que disse que Trump tem de vencer para que a democracia seja “preservada” nos EUA) e de membros da família de Corey Comperatore, bombeiro de 50 anos que foi a única vítima mortal do atirador, que foi homenageado durante o comício.

Às 18h11 locais (23h11 em Lisboa), hora a que começou o tiroteio em julho, Donald Trump pediu aos seus apoiantes para fazerem um minuto de silêncio em memória de Corey Comperatore. De seguida, um sino soou e a música Ave Maria fez-se ouvir enquanto os ecrãs mostravam o casaco e o capacete de bombeiro de Comperatore pousados numa das bancadas.

Em declarações ao The New York Times, a viúva, Helen Comperatore, que também se encontrava no Butler Farm Show em julho, disse que a decisão de regressar ao local não foi fácil. Porém, juntamente com as filhas, percebeu que o marido, há muito apoiante de Trump, quereria que ali estivessem.

“Voltar ao local onde o meu marido foi morto e abrir as feridas que estamos a tentar fechar” foi difícil, mas, em última análise, “decidimos que era algo que tínhamos que fazer”. “Precisávamos de vir e honrar o Corey. Ele tê-lo-ia feito por mim”, disse Helen Comperatore.

Para o comício deste sábado, o Serviço Secreto dos EUA destacou centenas de agentes para proteger Trump e apertou a segurança para evitar que se repitam as falhas verificadas em julho. Equipas de vigilância e atiradores furtivos foram destacados para o recinto do Butler Farm Show, onde se realizou o comício. Além disso, segundo Anthony Guglielmi, porta-voz do Serviço Secreto norte-americano que é citado pelo The New York Times, foram destacadas equipas para detetar agentes químicos, radiológicos e biológicos que possam ser nocivos.

O regresso de Donald Trump a Butler mostra também como a corrida à Casa Branca mudou em menos de três meses. Na última visita à cidade da Pensilvânia, o candidato republicano ainda tinha como adversário Joe Biden e as sondagens ainda lhe davam uma ampla vantagem — agora está, ainda que a recuperar intenções de voto, atrás de Kamala Harris.

Se Trump escolheu regressar à Pensilvânia este sábado, a sua adversária, Kamala Harris, optou por viajar até Charlotte, cidade na Carolina do Norte, para visitar pessoas afetadas pelo furacão Helene, ver como está a ser feita a distribuição de ajuda humanitária e participar numa reunião sobre os esforços de recuperação dos locais devastados.