O antigo governador do Banco de Portugal Carlos Costa desmente “categoricamente” que tenha tido qualquer reunião com José Maria Ricciardi, em outubro de 2013, para falar sobre os problemas no Banco Espírito Santo e/ou no Grupo Espírito Santo. Contactado pelo Observador, Carlos Costa, depois de consultar a sua agenda, confirmou que não teve qualquer encontro com Ricciardi na altura em que, de acordo com o ex-administrador do BES, o então governador se referiu de forma pejorativa aos detentores do papel comercial do grupo liderado por Ricardo Salgado.

Consultei a minha agenda e constatei que não me reuni com o Dr. José Maria Ricciardi na data referida“, afirma, ao Observador, o antigo governador do Banco de Portugal, acrescentando que nunca fez qualquer comentário depreciativo sobre os chamados “lesados dos BES”.

Desminto categoricamente que alguma vez tenha feito qualquer comentário ou consideração sobre os lesados do BES nos termos referidos pelo dr. José Maria Ricciardi”, diz Carlos Costa.

José Maria Ricciardi disse na sessão desta sexta-feira no tribunal que “em outubro de 2013 tinha ido ao Banco de Portugal demonstrar que não estava bem com a governance do Dr. Salgado. E o senhor governador pediu para não me ir embora [do banco], para que tivesse calma”. Mais: segundo Ricciardi, teria sido Carlos Costa quem deu ordem para retirar as provisões, o que impediu o ressarcimento aos lesados.

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“O Banco de Portugal e o Dr. Carlos Costa disseram: ‘Vamos tomar a conta dos lesados, porque não é uma conta que afete o BES, que se lixem os lesados e vamos deslocar esse dinheiro para os créditos das contas que a gente fez mal no Banco Espírito Santo’”.

De acordo com Ricciardi, a reunião aconteceu em outubro de 2013, altura em que o Banco de Portugal já tinha em curso a análise aprofundada às exposições creditícias dos bancos portugueses (ETTRIC), o que incluía analisar as exposições do BES à Espírito Santo International (ESI) e outras empresas do grupo liderado por Ricardo Salgado.