Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal (BdP), afirmou esta segunda-feira que está focado nas suas atividades atuais e não numa possível candidatura à Presidência da República. Em entrevista à RTP3, Centeno adiantou também que uma nova descida das taxas de juro no Banco Central Europeu (BCE) é “bastante provável”, mas não comentou o próximo Orçamento do Estado como antigo ministro das Finanças.
“Trabalho para que a função de governador seja desempenhada de forma positiva. Um segundo mandato é uma questão natural quando temos dois mandatos previstos na lei orgânica do Banco de Portugal”, afirmou Centeno, quando questionado sobre a sua continuação no BdP. A outra opção apontada para o seu futuro, a Presidência da República, teve uma resposta bem menos clara. “Não é o foco do meu pensamento. Não é uma questão que eu tenha sequer de abordar”, respondeu apenas, reafirmando o foco na sua função atual.
Sobre o anúncio do BCE, relativo à descida das taxas de juro, Centeno notou a possibilidade de se verificar uma nova descida para que “continue a convergir para valores próximos dos 2%”. O governador do BdP classificou este valor como ideal, considerando que, antes da atual crise, “vivemos demasiados anos com taxas de juro muito baixas, um sinal errado para a economia”.
Sobre o Orçamento de Estado para 2025, numa resposta diplomática, sublinhou a necessidade de seguir regras orçamentais que “permitam voltar ao ponto de equilíbrio antes da pandemia” e destacou que a “política orçamental deve respeitar o ciclo económico”. Atualmente, o ciclo está num ponto positivo, pelo que se mostra confiante na possibilidade de dar uma resposta positiva em todas as dimensões.
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Especificamente sobre o IRC, notou que a decisão de o baixar é “legítima”, desde que seja considerado o futuro e não ponha “em causa o financiamento do Estado”, já que tem uma receita tão grande. Já sobre a habitação, considerou que “as medidas do lado da procura só vão agravar o problema”. “Se puder dar algum conselho, é olharmos para a capacidade do país colocar mais casas no mercado de arrendamento“, declarou ainda.
Habitação. Governo só revela índice da estratégia (com 30 medidas), detalhes ficam para depois