A família de Tom Moore, veterano britânico da II Guerra Mundial que ficou conhecido por angariar fundos para o National Health Service (NHS), o Serviço Nacional de Saúde britânico, durante a pandemia, beneficiou, a título pessoal, da instituição de caridade criada em nome do capitão, que morreu em 2021.
As conclusões são de um relatório do organismo de fiscalização das instituições de solidariedade britânico, divulgado pelo The Guardian esta quarta-feira, que regista uma série de negócios lucrativos no valor de mais de 1 milhão de libras (1 milhão e duzentos mil euros). A filha do veterano, Hannah Ingram-Moore, e o seu marido, Colin Ingram-Moore, são acusados de atos “sérios e repetidos” de má conduta, má gestão e falhas de integridade na condução da fundação Captain Tom.
A família tinha prometido fazer uma doação à instituição de caridade através do acordo do livro de memórias, mas quando teve oportunidade de o fazer, em novembro de 2022, recusou, acusam.
Os Ingram-Moores, que criaram a Fundação Captain Tom em 2020, misturaram repetidamente os seus interesses privados com os da instituição de solidariedade, ao mesmo tempo que obtinham benefícios pessoais “significativos”, concluiu-se no relatório, onde se determina que o casal exerceu elevados níveis de controlo sobre a instituição.
Capitão Tom Moore vai escrever as suas memórias e um livro para crianças
O relatório determina ainda que a filha de Moore “iniciou o processo para garantir a sua nomeação como chefe executiva” da instituição de solidariedade, sugerindo que deveria receber um salário de 150 mil libras. A instituição de caridade propôs pagar-lhe 100.000 libras, mas isso foi bloqueado pela comissão e acabou por ser contratada por 85.000 libras.
Hannah Ingram-Moore é acusada ainda de ter recebido 18.000 libras da Virgin Media, em setembro de 2021, para participar num painel de jurados dos prémios Local Legends quando era chefe executiva da fundação. Além disso, de uma forma geral, o relatório conclui que a família do veterano usou o nome da instituição de solidariedade de forma inadequada e para seu benefício privado num pedido de planeamento para construir uma piscina termal privada no terreno da casa da sua família. O edifício acabou por ser posteriormente demolido.
Em 2020, Tom Moore, na altura com 99 anos, conseguiu angariar 15,5 milhões de libras (17,82 milhões de euros) para o Serviço Nacional de Saúde britânico, enquanto decorria a pandemia de Covid-19. Para convencer as pessoas a doar dinheiro, Tom Moore comprometeu-se a dar 100 voltas à sua casa num andarilho. Deu dez voltas por dia, de 25 metros, à volta do seu jardim até conseguir alcançar o objetivo.