Endereçado à polícia federal, com o objetivo de os “poupar de uma longa investigação”, Luigi Mangione escreveu uma nota manuscrita, que foi encontrada na sua mochila, onde revelava as suas motivações para balear e assassinar o CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, há precisamente uma semana.
“Peço desculpa por qualquer conflito ou trauma, mas tinha de ser feito”. Luigi, ao longo das 262 palavras que compõem o seu “manifesto”, explica a motivação para alvejar Thompson em Nova Iorque, expressando as suas várias discordâncias com o sistema de saúde pública dos Estados Unidos da América e a indústria das seguradoras , como a United. “Sinceramente, estes parasitas estavam a pedi-las“, escreveu ainda na nota divulgada pelo jornalista norte-americano Ken Klippenstein.
O primeiro ponto abordado pelo acusado de homicídio é a estrutura do sistema de saúde do EUA, dizendo que país é o mais caro do mundo mas que, no entanto, são apenas o 42.º com maior esperança de vida. Para Luigi, existe uma clara discrepância entre o montante investido e a qualidade disponibilizada para os cuidados de saúde. Apesar de não o referir na sua nota, o jovem foi operado à coluna, depois de problemas crónicos nas costas terem evoluído para dores debilitantes. Não revela se foi este tema que desenvolveu o seu forte sentimento contra o sistema norte-americano, mas a sua presença online revela o seu ceticismo perante a indústria.
Quem é Luigi Mangione, acusado de homicídio na morte de Brian Thompson, CEO da UnitedHealthCare?
Posteriormente, segue-se uma menção direta à United, a maior seguradora do país e, segundo o suspeito, “maior empresa dos EUA em termos de capitalização de mercado, apenas atrás da Apple, Google e Walmart”. Luigi acusou: a United “cresceu e cresceu, tal como a nossa esperança de vida? Não”. “A realidade é a seguinte, tornaram-se simplesmente demasiado poderosos e continuam a abusar do nosso país para obterem lucros porque o público americanos permitiu que se safassem”, escreveu ainda.
O problema, defendeu ainda, não é apenas uma “questão de sensibilização” da população, mas sim de “jogos de poder”. Luigi considerou que “muitos iluminaram a corrupção e a ganância há décadas”, mas que os problemas permanecem intactos nos dias de hoje. “Evidentemente sou o primeiro a enfrentá-los com uma honestidade brutal“.
O jovem de 26 anos afirma ter agido sozinho, referindo que o trabalho de preparação foi “bastante trivial”. Para o fabrico da sua “arma fantasma”, Luigi integrou os seus conhecimentos em “engenharia social elementar, desenho básico em computador” e ainda “muita paciência”. Faz a menção para um segundo caderno “em espiral”, onde inclui informação mais detalhada sobre o plano, reforçando a componente mais técnica envolvida para a preparação.
A CNN Internacional teve acesso e divulgou algumas passagens escritas neste caderno, incluindo as intenções de Luigi em orquestrar um ataque “direcionado, preciso e que não põe em risco inocentes”, atingindo o CEO diretamente na “convenção anual dos contadores de feijões parasitários”. Segundo o texto citado, Luigi também terá equacionado utilizar uma bomba, antes de ter descartado a ideia por poder causar danos colaterais.