O Índice de Bem Estar da população portuguesa aproximou-se no ano passado do registado em 2019, antes da pandemia, graças sobretudo à evolução favorável dos indicadores de segurança pessoal, educação e bem estar económico, revelou esta segunda-feira o INE.

No período 2004-2023, oito dos 10 domínios que integram o Índice de Bem Estar (IBE) apresentaram evolução positiva, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE). A Segurança pessoal foi o domínio com evolução positiva “mais pronunciada”.

O IBE reflete a evolução do bem-estar da população recorrendo a indicadores que traduzem duas perspetivas de análise: condições materiais de vida e qualidade de vida.

Estas duas perspetivas apresentaram comportamentos distintos. O índice de Qualidade de Vida foi “sempre superior” ao das Condições Materiais de Vida, com exceção de 2009 e a partir de 2021, segundo a mesma fonte.

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A estimativa preliminar de 2023 do Índice de Bem-estar (IBE) aponta para uma melhoria relativamente ao ano anterior, mantendo um período de crescimento contínuo a partir de 2012, apenas interrompido em 2020. “Neste ano, marcado pela pandemia de covid-19, verificou-se um decréscimo de 1,5 pontos percentuais (p.p.) em relação ao ano anterior, mesmo assim inferior ao verificado em 2012 (2,0 p.p.)”, especificou o INE.

O IBE em Portugal evoluiu quase sempre positivamente entre 2004 e 2023, reduzindo-se em 2007, 2011, 2012 e 2020. Naquele período, passou de 22,7 para 46,0, sobretudo devido aos progressos verificados na avaliação das condições materiais de vida.

A partir de 2012, os domínios do ambiente e da segurança pessoal foram os que exibiram os valores mais elevados do índice da Qualidade de Vida, “refletindo assim uma posição relevante de Portugal nestas áreas, em termos internacionais”, observaram os estatísticos, salientando, em sentido inverso, “os baixos valores assumidos pelo índice do domínio da participação cívica e governação”.

O domínio do bem-estar económico apresentou “um crescimento “significativo até 2010, inverteu a tendência até 2012 e iniciou uma recuperação desde então, só interrompida em 2020, de acordo com a informação destacada pelo INE. Embora com acréscimos nos últimos três anos, em 2023, situou-se num nível ainda inferior ao de 2019.

“Salienta-se, no comportamento deste índice, o nível dos indicadores de desigualdade e concentração, os quais assumiram os valores mais elevados no período”, indicaram os autores do relatório.

Os dois indicadores relativos ao património das famílias foram, não só os que tiveram a evolução mais contida, como também os que apresentaram valores mais baixos.

Apesar de o domínio do bem-estar económico e respetivos indicadores terem apresentado uma evolução positiva, atingiram, em 2023, valores que se situam, em média, perto de 30 (numa escala de 0 a 100).

O emprego é a componente do bem-estar com a segunda evolução mais desfavorável, quando se considera todo o período 2004-2023.

“No entanto, se se considerar apenas o período posterior a 2012, é o domínio que apresenta uma das variações positivas mais acentuadas”, sublinhou o INE, acrescentando que para esta evolução contribuíram sobretudo os indicadores das taxas de desemprego da população ativa, jovem e com nível de educação superior.

Estima-se ainda que o domínio da saúde ocupe o terceiro lugar relativamente aos sete domínios que constituem a perspetiva da qualidade de vida, em termos de evolução favorável, entre 2004 e 2023.