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A 12 de dezembro, a jornalista Cecilia Sala partiu de Roma em direção ao Irão. Tinha no bolso um visto válido de jornalista e era acompanhada por um outro jornalista que tinha sido expatriado. Devia ter voltado à capital italiana oito dias depois mas, na véspera da sua partida, o telemóvel deixou de dar sinal. Agora sabe-se que a italiana de 29 anos foi detida e está “numa cela isolada há uma semana”, por um motivo ainda por revelar.
É na prisão de Evin, na capital do Irão, que Cecilia Sala está há já uma semana. Quando chegou ao país do Médio Oriente fez várias entrevistas e produziu três episódios do podcast que assina, “Stories”, produzido pelo Chora Media. Mas não voltou para casa. “Cecilia estava no Irão com um visto regular para fazer uma reportagem sobre um país que conhece e ama, um país onde a informação é sufocada pela repressão, ameaças, intimidação, violência e prisão”, lê-se no italiano Il Foglio. É neste jornal que Cecilia Sala trabalha desde novembro de 2019.
A italiana nasceu em Roma, em 1995, e iniciou a carreira jornalística em 2015, na Vice, tendo recebido vários prémios ao longo do seu percurso, como por exemplo a Pena d’Oro italiana em 2022. Desde cedo que começou a escrever sobre questões internacionais, motivo pelo qual o seu perfil no jornal Il Foglio está repleto de artigos sobre o Irão, mas também Sudão, Estados Unidos da América e Líbano.
Inicialmente, os pais da jovem jornalista pediram ao Il Foglio e à produtora Chora Media para “permanecerem em silêncio”, numa expectativa de “levar à sua rápida libertação, o que infelizmente não aconteceu”, escreveu a produtora numa publicação na rede social Instagram. “Cecilia Sala foi detida em Teerão na quinta-feira, 19 de dezembro, e está na prisão, numa cela isolada, há uma semana. Foi levada para a prisão de Evin, onde estão detidos dissidentes, e o motivo da sua incompreensível detenção ainda não foi formalizado“, expõe ainda a produtora.
O mesmo fez agora o jornal para o qual tem escrito nos últimos anos. “O Irão, com a detenção de Cecilia, escolheu desafiar não um jornalista, não um jornal, não uma manchete, mas tudo aquilo que o Ocidente considera transversalmente intocável: a nossa liberdade. O Irão quer usar a vida de Cecilia para mostrar como o regime é forte. Mostremos-lhes a nossa força, fazendo tudo o que pudermos para impedir que a sua história desapareça das páginas dos nossos jornais por um único dia”, lê-se no artigo publicado esta sexta-feira.
“O jornalismo não é um crime, nem mesmo em países que reprimem todas as liberdades, incluindo a liberdade de imprensa. Tragam-na para casa“, lê-se ainda.
Esta sexta-feira a embaixadora italiana no Irão, Paola Amadei, conseguiu visitar a jornalista e teve oportunidade para tomar conhecimento das condições em que esta se encontra, escreve a Euronews, que acrescenta que os pais de Cecilia Sala já foram informados de tudo. Até ao momento, a italiana tinha apenas tido a oportunidade de fazer duas chamadas telefónicas para os pais.