O autor dos disparos no centro comercial Palácio do Gelo, em Viseu, entregou-se à Polícia Judiciária (PJ) esta terça-feira. Em comunicado, a PJ explica que “formalizou a detenção de um homem de 24 anos, pela presumível prática de um crime de homicídio, na forma consumada, três crimes de homicídio qualificado, na forma tentada, bem como de crime de detenção de arma proibida”. O suspeito vai ficar em prisão preventiva e está proibido de contactar a irmã e cunhado, adiantou a juíza presidente do Tribunal de Viseu.

No documento distribuído aos jornalistas e citado pela Lusa, Isabel Emídio escreve ainda que o suspeito está indiciado pela prática de um crime de homicídio qualificado consumado, seis crimes de homicídio qualificado de forma tentada, um crime de condução perigosa de veículo rodoviário e um crime de detenção de arma proibida. “Entendeu-se que apenas uma medida de coação privativa de liberdade seria adequada, suficiente e proporcional, tendo em conta as exigências cautelares verificadas, por estar em causa a existência de perigos de fuga, de perturbação da ordem e tranquilidade públicas, de continuação da atividade criminosa e de conservação e aquisição de prova”, explicou ainda.

O homem estava em fuga desde 27 de dezembro, quando ocorreu o tiroteio. A notícia foi avançada pelo Correio da Manhã e a CNN Portugal acrescenta que este se entregou na PJ de Coimbra após negociação com a família para evitar retaliações.

Em comunicado, a PJ lembra que os factos ocorreram no dia 27 de dezembro de 2024, “no Centro Comercial “Palácio do Gelo”, em Viseu e tiveram origem numa altercação entre membros de duas famílias, que se encontravam no espaço, a fazer compras”.

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“No seguimento, envolveram-se em confrontos físicos, tendo o arguido ido à sua viatura munir-se de uma arma de fogo (pistola cal. 6.35 mm) e efetuado vários disparos na direção dos membros da outra família, vindo a atingir, mortalmente uma mulher, de 44 anos, na região do peito, outra mulher, de 23 anos, num membro inferior, e um homem, de 46 anos, num membro superior”, refere a nota.

A vítima mortal ainda foi transportada com vida para o hospital, mas não resistiu às complicações causadas por um tiro no tronco. Os outros dois feridos foram uma mulher de 23 anos, que ficou com ferimentos numa perna, e um homem de 46 anos, que foi ferido numa mão.

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Segundo a Judiciária, desde o primeiro momento foram desenvolvidas “inúmeras diligencias investigatórias, quer para esclarecer a situação, quer tendentes à localização do suspeito, criando assim condições para que o mesmo se entregasse”.

Ao que o Observador apurou, a PJ já tinha elementos fortes sobre a localização do arguido há algum tempo. Acabou por se apresentar ao final da tarde de terça-feira na Judiciária de Coimbra, na sequência de “contactos prévios” que foram estabelecidos e acompanhado por uma advogada, tendo sido interrogado por inspetores e ficado detido na zona prisional afeta à PJ de Coimbra.

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O detido, sem antecedentes criminais, foi presente a primeiro interrogatório judicial já na tarde desta quarta-feira. A diligência foi rodeada de algumas medidas especiais de segurança, uma vez que as autoridades temiam uma possível retaliação da família das vítimas.

Contrariamente ao que foi avançado quando este caso foi divulgado, as duas famílias envolvidas nos desacatos não se conheciam nem tinham desavenças antigas. Fonte judicial explicou ao Observador que a altercação começou com uma discussão entre a mãe e uma filha da família dos ofendidos por causa de um telemóvel.

Por circunstâncias ainda não totalmente claras, a discussão acabou por alastrar à companheira do arguido, escalando rapidamente para os homens das duas famílias também. Depois de agressões verbais e físicas, o suspeito foi ao carro buscar a arma e disparou sobre as vítimas junto à entrada do Palácio do Gelo, encetando de imediato a fuga que durou cerca de duas semanas.

(artigo atualizado às 13:35)