O ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, diz que não está ainda a pensar na possibilidade de ser candidato pelo PSD à Câmara Municipal do Porto, considerando que ainda é “muito cedo para dar uma resposta concreta” a essa questão. Numa entrevista à CNN Portugal esta quarta-feira, Pedro Duarte disse que está “neste momento absolutamente focado” na “missão” de pertencer ao Governo, mas afirmou que deverá haver novidades entre os sociais-democratas “até à primavera”.

“Para ser absolutamente honesto, é muito cedo para dar uma resposta concreta”, afirmou. “Não estou ainda a pensar nisso, precisamente porque acho que muito cedo. Estou neste momento absolutamente focado numa missão, que interpreto como uma missão, que estou a desempenhar na governação do país.”

Esta quarta-feira, o Observador dava conta de que o PSD está a tentar convencer Filipe Araújo (do movimento cívico que apoia Rui Moreira e que está atualmente no executivo camarário do Porto) a não se candidatar, aliando-se a uma candidatura forte do PSD — com o partido a querer Pedro Duarte para encabeçar essa lista.

Mas Pedro Duarte continua a hesitar e destaca que neste momento está focado numa missão que “consome muito tempo e muita energia”.

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“Tenho com toda a genuinidade de afirmar que no meu quadro mental essa hipótese não foi colocada ainda”, destacou. Questionado sobre se a sua candidatura à liderança da distrital do PSD/Porto já tinha sido feita a pensar numa candidatura autárquica, o ministro assegurou que “claramente não”.

Afirmando que essa candidatura aconteceu numa “circunstância excecional”, Pedro Duarte destacou ainda que a distrital abrange vários concelhos e que pretende dar um “contributo” cívico na região onde nasceu. Além disso, Pedro Duarte assegura que sente a “obrigação cívica” de se empenhar “numa candidatura forte do PSD” ao Porto.

“Será uma candidatura do PSD, liderada pelo PSD, muito forte, ganhadora. Não tenho qualquer dúvida”, sublinha, acrescentando que “até à primaver vai certamente haver novidades”.

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Marques Mendes está “muito bem preparado” para ser Presidente

Pedro Duarte foi também questionado sobre as eleições presidenciais de 2026 e, na qualidade de militante do PSD, sublinhou que Luís Marques Mendes “é uma pessoa que está muito bem preparada para o exercício das funções”.

Elogiando a “moderação” de Marques Mendes e a sua capacidade de ser “um ponto de equilíbrio entre várias perspetivas”, Pedro Duarte destacou que o ex-líder do PSD corresponde a um perfil presidencial que não contribui para “extremar” posições na sociedade.

Ainda assim, destacou que esta opinião não foi dada na qualidade de ministro, já que o Governo não se vai pronunciar sobre o assunto.

“Não temos uma política de segurança para responder a perceções”

Na mesma entrevista à CNN Portugal, Pedro Duarte falou também sobre o tema da segurança, que tem marcado a agenda do debate público nas últimas semanas, e garantiu que o Governo não governa a pensar em perceções — mas também não as ignora.

Portugal “é um país seguro, mas tem de continuar a ser seguro”, assinalou. “E as pessoas têm de sentir que vivem num país seguro”, acrescentou. Pedro Duarte reconheceu, ainda assim, que “é óbvio que não é a variável mais importante”.

“Não temos uma política de segurança para responder a perceções ou a um sentimento de insegurança. Mas é uma variável importante”, disse o ministro, sublinhando que “qualquer estudioso sabe” que o sentimento de insegurança “causa mal-estar às pessoas”, sendo por isso também importante olhar para esse sentimento.

Destacando que o Governo está “muito empenhado em apoiar a polícia”, Pedro Duarte deixou críticas ao PS e a Pedro Nuno Santos, considerando que a decisão do líder da oposição de ir visitar a Mouraria depois da recente polémica operação policial foi “infantil” e colocou em causa as decisões técnicas da polícia que estiveram por trás da operação.

Questionado sobre as palavras do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que admitiu não ter gostado de ver as imagens da operação, Pedro Duarte tentou argumentar que não há qualquer contradição entre essa opinião e a defesa das operações policiais deste estilo.

“Se calhar gostamos de ver operações policiais nos filmes e séries de ficção”, mas “não é bonito assistirmos a operações policiais”, que não são “momentos de gáudio”.

“O primeiro-ministro não disse que não gostava que essas operações não ocorressem”, destacou ainda. “Não queremos estas operações para serem um espetáculo”, acrescentou, considerando que devem ocorrer “quando a polícia acha que a sociedade precisa”.

Questionado ainda sobre se o Governo está a tomar decisões políticas à boleia do Chega, Pedro Duarte rejeitou e garantiu que o Governo tem o seu próprio rumo, que é “muito claro” e não se deixa influenciar. “Não tomamos políticas e medidas por uma qualquer pressão do Chega”, afirmou. “Mas não deixamos de tomar medidas porque o Chega as defende.”