A Operação Marquês tornou-se visível no dia 20 de novembro de 2014. Um dia antes de José Sócrates ser detido no aeroporto da Portela, em Lisboa, vindo de Paris, já Carlos Santos Silva, a mulher e Gonçalo Ferreira (advogado que trabalhava nas empresas de Santos Silva) tinham sido alvo de buscas domiciliárias e aos respetivos escritórios.
O objetivo, como em qualquer busca, passava por recolher provas documentais que sustentassem os indícios já recolhidos pelos investigadores. Neste caso concreto, e conscientes da circulação de dinheiro vivo que existia entre os principais arguidos, os investigadores tinham outro alvo claro: os cofres que Carlos Santos Silva tinha alugado em diversas agências bancárias, além dos que existiam nos seus escritórios.
No final das buscas, o montante de dinheiro vivo apreendido em quatro locais chegou a um total de 200 mil euros. Acomodados em envelopes ou simplesmente organizados em pequenos montes de notas, os investigadores encontraram dinheiro para todos os gostos: notas de 10, 20, 50, 100 e 500 euros. Além de diferentes moedas estrangeiras, como dólares americanos, reais brasileiros e bolívares venezuelanos.
Os quatro procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal envolvidos nas buscas lideradas pelo juiz Carlos Alexandre apreenderam igualmente vários cheques das contas de Carlos Santos Silva que somavam a quantia de 1,1 milhões de euros.
Através da infografia interactiva que publicamos nesta página, é possível perceber os pormenores sobre cada uma das buscas.
(Nota: passe o rato por cada um dos marcadores de localização para saber mais pormenores sobre o local e o dinheiro apreendido nas buscas da Operação Marquês)
Os locais foram os seguintes:
1 | Escritório do advogado Gonçalo Ferreira. Foi este o primeiro local onde foi apreendido dinheiro vivo. O advogado de Santos Silva, que tratou de perto dos pormenores de aquisição, manutenção e decoração da casa de Paris que foi utilizada por José Sócrates, guardou no cofre do seu escritório quantias em numerário na ordem dos 15 mil euros em diversos envelopes com o timbre BES. Foi também neste local que foram apreendidos dois cheques sacados sobre a conta de Carlos de Santos Silva no Novo Banco (ex-BES) no valor de 500 mil euros cada um. Nunca foram depositados e têm a data de emissão de julho de 2014. O mesmo aconteceu com um cheque de cerca de 100 mil euros passado à ordem de Sofia Fava, ex-mulher de Sócrates. |
2 | Escritório da empresa de contabilidade que trabalhava para as empresas de Santos Silva. Aqui foi apreendido o menor volume de dinheiro vivo: cerca de 10 mil euros. Ao que o Observador apurou, destinava-se essencialmente a despesas correntes administrativas das empresas de engenharia e de projetos do amigo de José Sócrates. Os 10 mil euros constituíam uma espécie de fundo de maneio. |
3 | Agência bancária em Benfica. No dia em que José Sócrates foi detido, os investigadores visitaram a agência do Barclays, em Benfica, para inspecionarem o cofre que Carlos Santos Silva e a sua mulher tinha alugado. Entre euros, dólares americanos e reais foram apreendidos cerca de 75 mil euros em numerário. |
4 | Agência bancária na Av. da Liberdade. Carlos Santos Silva tinha contas no Banco Espírito Santo. Uma delas recebeu os cerca de 23 milhões de euros que o amigo de José Sócrates decidiu repatriar da Suíça através do Banco Espírito Santo Investimento. A outra era alimentada pela primeira de forma a serem feitos levantamentos em numerário que totalizaram cerca de 1,1 milhões de euros entre 2011 e 2014. Carlos Santos Silva e a mulher também tinham nesta agência do Novo Banco (ex-BES) um cofre e foi aqui que os investigadores encontraram a maior quantidade de dinheiro vivo: sete maços de notas de 100 €, 200 € e 500 € que totalizavam 100 mil euros. |