Os anúncios de suplementos alimentares que prometem resolver os problemas da falta de cálcio estão debaixo de fogo. A Ordem dos Farmacêuticos já entregou uma providência cautelar para travar os anúncios publicitários do Calcitrin MD Rapid em todos os órgãos de comunicação social, alegando que lesam o direito dos cidadãos à saúde. E o Infarmed veio alertar para os riscos destes produtos (desta e de outras marcas) e desaconselhar a sua utilização.
“Estes produtos não são medicamentos, pelo que não podem reivindicar que previnem, tratam ou diagnosticam doenças ou os seus sintomas”, começa por dizer o Infarmed, em comunicado enviado esta sexta-feira às redações.
Além de não estarem “sujeitos aos mesmos requisitos dos medicamentos, no que respeita à comprovação da sua qualidade, segurança e eficácia”, estes produtos “não são isentos de riscos para a saúde, quando utilizados em quantidades excessivas, ou, por exemplo, em indivíduos com doenças renais ou a tomar outros medicamentos”, alerta a Autoridade do Medicamento, que avança estar “a inspecionar as peças publicitárias em causa e acionará todos os mecanismos ao seu alcance para proteger a saúde dos cidadãos”.
Infarmed e ASAE estão também a “desenvolver ações conjuntas no sentido de verificar a conformidade destes produtos no mercado”.
Ordem dos Farmacêuticos entregou providência
Este comunicado surge no dia em que também se ficou a saber que a Ordem dos Farmacêuticos entregou uma providência cautelar para travar os anúncios do Calcitrin.
“Apenas a suspensão da emissão dos suportes publicitários nos diversos órgãos de comunicação social será adequada a prevenir a lesão do direito à saúde dos cidadãos”, lê-se na providência cautelar contra a empresa Practivar-Viva Melhor Sempre, Lda., interposta no tribunal da Comarca de Lisboa, a que a agência Lusa teve acesso.
O novo anúncio com a atriz e cantora Simone de Oliveira foi a gota de água. De acordo com a Ordem dos Farmacêuticos, o incentivo para a aquisição do Calcitrin (produto que reforça a densidade óssea e as articulações), durante a quadra do Natal, “irá com certeza originar o consumo deste produto de forma indiscriminada e poderá ter como consequência danos na saúde e bem-estar de muitos cidadãos, causando lesões sérias e de difícil reparação”.
“Convidar as pessoas a comprar embalagens para oferecer aos amigos no Natal, naturalmente consideramos que se ultrapassou tudo o que é aceitável nesta situação”, disse o bastonário Maurício Barbosa.
Em comunicado, a empresa Viva Melhor reafirma que o Calcitrin MD Rapid “é um suplemento alimentar fabricado em Portugal, num laboratório altamente credenciado e segundo as regras mais rigorosas de qualidade certificada”. Acrescenta a empresa que este suplemento é comercializado há seis anos e não existe “qualquer queixa dos consumidores”, mostrando-se “disponível para corrigir o que se prove ser inadequado às finalidades anunciadas”.
A Viva Melhor questiona ainda se “a verdadeira motivação dos queixosos é uma preocupação com o eventual consumo excessivo ou apenas visa propiciar um resultado comercial acrescido aos concorrentes” e afirma que “a ser verdadeira e honesta tal preocupação da Ordem dos Farmacêuticos e do seu Bastonário, deveriam ter sido propostas e apresentadas à imprensa tantas providências cautelares quantas as marcas de suplementos alimentares que neste momento publicitam em televisão e outros meios”.
(Notícia atualizada às 15h30 com comunicado da empresa Viva Melhor)