No final do mês de outubro foram detidas 30 pessoas em Espanha e desmantelada a maior rede de tráfico ilícito de medicamentos, que usava exatamente farmácias e armazéns de medicamentos nas zonas de Zaragoça, Teruel, Barcelona, Granada, Málaga e Valência. Os remédios eram adquiridos nas farmácias ‘amigas’ e depois vendidos para o estrangeiro a preços muito superiores, com lucros que chegam aos 800%, mas que deixaram muitos doentes sem a necessária medicação por rompimento de stock, segundo noticiaram os jornais El Pais e El Mundo.

O processo passava pela venda legal de um determinado número de medicamentos por parte dos laboratórios ou dos armazéns às farmácias. Estas, e os seus armazéns associados, ficavam com uma pequena quantidade para os seus doentes e encaminhavam o resto do stock para armazéns que os exportavam a países como Alemanha, Reino Unido, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Áustria e Grécia, camuflando de várias formas estas ações, nomeadamente com esquemas de devoluções fictícias entre vários armazéns que as tornam muito difíceis de detetar. Também usavam intermediários, que podiam comprar os remédios de venda livre ou com receitas falsas, para depois os levar aos armazéns de exportação. Em Espanha, como cá, os medicamentos para consumo interno ficam muito mais baratos dos que os destinados a exportação, daí as grandes margens de lucro.

O principal suspeito desta rede é um empresário de 52 anos, dono da segunda maior distribuidora de medicamentos espanhola, a Alliance Healthcare. Dirigia o que as autoridades consideram um complexo estratagema, organizado hierarquicamente, para tirar os medicamentos do circuito legal, com preços tabelados, e vendê-los no estrangeiro. No entanto, tal como cá, também há suspeitas de que haverá uma cúpula acima dele

A chave estaria também no uso de empresas intermédias, que precisam das farmácias para fazer negócio no mercado paralelo e, em troca, pagam boas comissões. Basta que as farmácias encomendem mais remédios do que precisem e lhe entreguem as sobras.

A fraude será superior a 50 milhões e envolverá 200 farmácias.

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