Nasceram em 1997, dois anos antes de Portugal ter adotado a moeda única. Voaram de Castelo Branco para Frankfurt para conhecerem pessoalmente o presidente do banco que manda nos bancos. Em abril, receberam das mãos de Mario Draghi o certificado de vencedores do concurso Geração €uro. Foi lá que o Observador conheceu Gonçalo Marques, José Ferreira, Mariana Resende e Marisa Natário. Agora, voltou a desafiá-los. O Banco Central Europeu, que realiza, nesta quinta-feira, uma reunião de governadores, vai ou não manter a taxa de juro de referência em 0,25%?

José Ferreira, fala em nome do grupo Eurolusitanos. “Creio que vai manter nos 0,25%”, diz com confiança de economista e explica porquê. Por um lado, argumenta, “há indícios de recuperação económica” e, por outro, a “inflação -aquilo que mais importa para a missão do BCE- já foi de 0,5% em março, e 0,7% em abril, que é positivo quando comparamos com valores de 0% que se registaram em dezembro de 2013”.

Confessa que gostaria de estar no lugar de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, por ser “desafiante”, mas diz ser uma tarefa dificílima. “Nem imagino tantos dilemas”. Embora tenha 17 anos, e frequente o ensino secundário, José Ferreira, aconselha ainda que, caso se mantenha a taxa de juro, o BCE “deve implementar medidas medidas de apoio às PME”.

Foi um exercício semelhante de previsão sobre a taxa de juro do BCE de fevereiro que fez destes alunos vencedores do concurso Geração €uro. E a concorrência foi renhida: mais de 4.500 alunos de várias escolas europeias, com idades entre os 16 e os 19 anos, foram desafiados a prever a decisão do Conselho do BCE, de fevereiro de 2014, sobre a taxa de juro. A escola Amato Lusitano foi uma das vencedoras.

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Pelo discurso de José Ferreira vê-se que estes alunos, “orgulho” da professora de economia da escola Amato Lusitano, gostam de ser testados. Quando Laurinda Sanches lhes lançou o desafio aceitaram logo. “Era um tema que extravasava as aulas. Era uma oportunidade de ir mais além. Desde logo nos agradou o desafio”, contaram ao Observador.

Durante um mês puseram as mãos na massa, que é como quem diz, na política monetária. Investigaram estatísticas, criaram modelos e fizeram a previsão: BCE mantém taxa de juro diretora em 0,25% em Fevereiro. Acertaram. Gostaram do que aprenderam, enriqueceram o currículo e abriram horizontes. Até porque para eles a Europa não faz sentido sem euro, nem sem o Banco Central Europeu.

Todos eles têm 16 anos, à exceção de José, um ano mais velho. Representam a verdadeira geração do euro, para quem o escudo é uma verdadeira peça de museu. “Não nos imaginamos numa Europa sem o euro. Isso para nós não tem lugar. Nem imagino, espero que esses dias nunca voltem”, disse José Ferreira a rir. ‘Tens escudos em casa?’. “Penso que sim, mas são valores insignificantes. Mas não é na esperança de ele voltar, é mais recordar”.

Sob o “fantasma da deflação“, esta quinta-feira, o Conselho de Governadores do BCE reúne-se para decidir se mantém ou não a taxa de juro de referência nos 0,25% e vai também publicar novas projeções macroeconómicas de inflação e crescimento.