O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou esta quarta-feira que eram “os cristãos, os católicos de França” os visados pelo projeto de atentado desmantelado no domingo, que iria atingir uma igreja, “símbolo da França”.

“Em janeiro, foi a liberdade de expressão, as forças da ordem, os franceses judeus que foram atacados. Desta vez, foram os cristãos, os católicos de França os visados, pela primeira vez”, disse o chefe do executivo francês, referindo-se aos atentados ‘jihadistas’ que fizeram 17 mortos em Paris no início deste ano.

“Querer atacar uma igreja é atacar um símbolo da França, foi a própria essência da França que quiseram, sem dúvida, atingir”, acrescentou Manuel Valls, em Villejuif, na periferia de Paris, depois de ter visitado duas igrejas referenciadas no projeto de atentado de um jovem argelino detido no domingo em Paris.

Sid Ahmed Ghlam, de 24 anos, estudante de informática que habitava numa residência universitária parisiense, é também suspeito de ter assassinado uma mulher de 32 anos, e a polícia apreendeu documentos que o ligavam ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) e à organização terrorista Al-Qaida.

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O jovem argelino estava “em contacto” com uma pessoa que se encontraria na Síria “que lhe pedia explicitamente para atingir uma igreja”, precisou o procurador do ministério público encarregado do inquérito, François Molins.

A mulher assassinada é uma “nova vítima do terrorismo e a primeira vítima desde os atentados de janeiro” e este argelino é suspeito “de assassínio relacionado com ação terrorista”, acrescentou o responsável.

O estudante argelino tinha antes sido vigiado pelos serviços secretos franceses, que suspeitavam de “preparativos de partida para a Síria” para se juntar às fileiras ‘jihadistas’, indicou horas antes o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, ao anunciar a detenção do suspeito.

No seu quarto e no seu carro, os investigadores encontraram quatro espingardas de assalto kalashnikov, pistolas, coletes à prova de bala, braçadeiras e capas a dizer “Polícia”, documentos em árabe com referências à Al-Qaida e à organização Estado Islâmico, bem como notas manuscritas que provam que ele fez viagens de reconhecimento para cometer um atentado, precisou o procurador.