O Ministério Público (MP) poderá estar a investigar o envolvimento político no negócio de compra das ações da empresa de telecomunicações brasileira Oi pela PT, numa operação que também envolveu a venda à espanhola Telefónica de parte da Vivo, adianta o Público. De acordo com o jornal, o MP poderá estar ainda a averiguar o papel que terá tido nessa operação José Dirceu, antigo chefe da Casa Civil do Presidente Lula e principal arguido do Caso Mensalão, agora também envolvido na Operação Lava Jato.

Em 2010, a empresa espanhola Telefónica queria comprar 50% das ações da brasileira Vivo, que eram na altura detidas pela PT, mas esse negócio foi vetado politicamente por José Sócrates, que então mandou a Caixa Geral de Depósitos votar contra e utilizou a “golden share” que o Estado ainda detinha. O primeiro-ministro fez questão que a PT continuasse a ter uma operação no Brasil, só autorizando a venda da Vivo depois do que sempre foi considerada uma apressada entrada da PT no capital da Oi, uma outra operadora brasileira, com forte presença no mercado fixo mas em situação financeira difícil. Foi essa entrada da PT na Oi, seguida da fusão das duas empresas, que, associada aos empréstimos dados pela operadora portuguesa ao Grupo Espírito Santo, acabariam por levar à venda das operações em Portugal, a PT Portugal, ao grupo francês Altice.

Segundo o Público, na origem das investigações do MP, poderão estar suspeitas de benefícios financeiros concedidos a acionistas, quadros de topo das operadoras e a governantes portugueses e brasileiros, que incluem o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o antigo primeiro-ministro, José Sócrates.

Ao MP, o Público enviou três “perguntas concretas” sobre a investigação dos “movimentos financeiros que envolveram gestores da PT e governantes portugueses e brasileiros” e sobre a “consequente entrada da brasileira Oi na PT e da PT da Oi”. Numa das questões, o jornal procurou também esclarecer se o MP confirmava “ter recebido um pedido de colaboração das autoridades policiais brasileiras para apurar a abrangência dos contactos que se estabeleceram entre 2005 e 2011” entre Lula da Silva e Sócrates.

Em resposta às perguntas enviadas pelo Público, o MP referiu que “as investigações relacionadas com os temas abordados no email encontram-se em segredo de justiça”.

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