Até no PS havia reticências à volta da ideia de promover o explosivo João Galamba para ocupar o papel de ministro — mas, ainda assim, ninguém contava com a rapidez da queda e imediata ressurreição do antigo “jovem turco” do PS. Pouco antes de completar quatro meses no ministério das Infraestruturas, Galamba quase seguiu o mesmo destino do antecessor, Pedro Nuno Santos, entrando no rol de ‘vítimas’ políticas do dossiê TAP, depois de o primeiro-ministro ter considerado que a “credibilidade das instituições” foi afetada pela “novela” nas Infraestruturas. Faltou o quase: Galamba ainda chegou a pedir a demissão, mas Costa atravessou-se pelo ministro e, em choque contra Marcelo Rebelo de Sousa, segurou-o.
O acontecimento que acabaria por ditar o pedido de demissão de Galamba — não aceite pelo primeiro-ministro — aconteceu poucos dias depois de o novo ministro ter tomado posse, e ainda na sequência do caso que acabou com o consulado de Pedro Nuno Santos. Galamba era ministro há 11 dias quando se reuniu com a então CEO da companhia aérea, Christine Ourmières-Widener, e lhe sugeriu que se encontrasse também com um deputado do PS e elementos do gabinete das Infraestuturas antes de ser ouvida no Parlamento. Na reunião explosiva estava sentado — e a tirar notas — o seu então adjunto, Frederico Pinheiro, que acabou exonerado, mas não sem tentar levar o ministro com ele.
No PS, incluindo entre antigos colegas de Galamba no Governo, foi-se disseminando o reconhecimento de que o ministro estava numa situação mais do que delicada — mas os mais próximos acalentaram até ao último minuto a esperança de que fosse possível salvar o lugar, e a face, do ministro, agarrando-se às palavras do primeiro-ministro, quando disse ao Observador que Galamba chamou “e bem” o Serviço de Informações de Segurança (SIS) e, depois, validou as atitudes do governante, dizendo acreditar que não mentiu nem quis mentir ao Parlamento.
Mas os problemas só se acumularam à medida que se foram conhecendo os contornos da tal reunião secreta e da exoneração, na semana passada, de Frederico Pinheiro: havia dúvidas sobre se o ministro tinha ou não ordenado ao ex-adjunto que mentisse ao Parlamento sobre o encontro com a ex-CEO da TAP (Pinheiro diz que sim, Galamba desmente e faz-lhe a mesma acusação); sobre o enquadramento legal para ter chamado o SIS para recuperar o computador que o ex-adjunto levou; sobre as reuniões que manteve com a antiga CEO, que só assumiu plenamente no último minuto; e sobre as cenas bizarras de altercações no ministério, que acabaram com elementos das Infraestuturas no hospital e o ex-adjunto acusado de agredir antigas colegas.
O assunto acabou por parecer transformar-se numa “novela”, admitiu o próprio primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa deu o primeiro sinal, ainda com António Costa em silêncio, ao considerar que a matéria é “sensível” e que não deve ser tratada na “praça pública”. Depois, o primeiro-ministro acabou por — sem criticar as decisões que Galamba tomou — considerar que o assunto se tinha tornado demasiado grave para a “credibilidade” das instituições. A sentença de Galamba parecia escrita, até Costa ter surpreendido, como o próprio admitiu, provavelmente a maior parte do país, ao início da noite, confirmando que não aceitou a demissão do ministro.
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A tentativa de moderação e a rápida queda
Não é surpresa ver Galamba envolvido numa polémica, embora fosse difícil imaginar os contornos desta que quase acabou por provocar a sua queda. Em janeiro, à chegada à pasta passada por Pedro Nuno, o outrora “jovem turco” do PS era visto no Governo e no setor que tinha tutelado — o Ambiente, como secretário de Estado — como alguém capaz de “executar” e de estudar com detalhe os dossiês, mas também tinha colado à pele o feitio explosivo e a capacidade de criar polémicas, fosse na vida real ou no Twitter.
Na altura era, aliás, no próprio partido que se recordavam algumas dessas histórias, incluindo as menos públicas: Galamba chegou a criar um problema para si próprio quando decidiu criticar (“desancar”, garante fonte socialista) o então secretário-geral do PS, António José Seguro, nas redes sociais ao mesmo tempo que este fazia uma intervenção no Parlamento e atacava o primeiro-ministro da altura, Pedro Passos Coelho.
Dessa vez, o jovem socialista “foi chamado à pedra” e acabou por se desculpar junto de Seguro, lembra a mesma fonte. Entretanto, Galamba, que anos antes tinha deixado o palco da blogosfera, a convite de José Sócrates, para se tornar deputado, foi tentando — muitas vezes sem êxito — ser um governante mais moderado. “Há um João Galamba antes de ser secretário de Estado e outro depois”, garantia então um dirigente socialista ao Observador.
Ou seja: os socialistas estavam apostados em mostrar que João Galamba entretanto se moderara e que é reconhecido nas áreas em que assumiu responsabilidades. O próprio António Costa dava gás à narrativa dizendo que Galamba era, “para surpresa de muitos, um excelente secretário de Estado”. Curiosamente, um socialista resumia assim a situação de Galamba: “Não tem polémicas quando não fala”. O problema era que, muitas vezes, continuava a falar. Desta vez o problema não foi falar — foram informações que omitiu, e depois o cenário de caos que se seguiu, mesmo sem o ministro presente mas nas instalações das Infraestruturas. Falou no fim de semana, numa conferência de imprensa convocada de urgência em que tentou defender a sua versão dos acontecimentos e esclarecer as contradições do ex-adjunto.
Quando chegou ao ministério, o primeiro sinal foi positivo: Galamba reuniu com os trabalhadores dos portos e conseguiu que desconvocassem a greve que estava prevista, quatro dias depois de ter tomado posse. Mas as notícias começaram a azedar para o novo ministro pouco tempo depois, e logo em temas relacionados com a TAP: a primeira reunião com o sindicato que representa os pilotos acabou com os trabalhadores a acusar o ministro de sair do encontro de forma “inaudita“, deixando o sindicato “preocupadíssimo”.
Os meses seguintes acabariam inevitavelmente marcados pela sucessão de polémicas na TAP, a começar pela tal reunião com a ex-CEO e passando pelo seu despedimento em direto, nas televisões, anunciado por Galamba e Fernando Medina — um despedimento que os ministros decidiram tendo por base um relatório da Inspeção-Geral das Finanças, pedindo só depois disso o acompanhamento do gabinete jurídico do Estado, o que deixou o país político à procura de um “parecer” que justificasse o despedimento e que, afinal, não existia.
No fato de secretário de Estado da Energia Galamba também somara momentos controversos, como quando classificou publicamente de “estrume” um programa jornalístico ou quando enviou uma mensagem ofensiva a um utilizador do Twitter alegadamente da “esquerda pró-Putin”.
Apesar dessa faceta, quem trabalhou de perto com Galamba, inclusivamente no Governo, descrevia em janeiro o novo ministro como um homem “inteligente”, um “fazedor ansioso” e um governante que acumulou boas referências dentro do complexo setor em que trabalhou, o da Energia.
A somar a essas características, uma outra: era mais um representante da ala esquerda do PS promovido dentro do Governo, além de mais uma solução encontrada “dentro de casa”, alimentando a ideia de que o Executivo terá crescente dificuldade em recrutar fora de portas — ou que António Costa preferirá manter os pedronunistas por perto e controlar, assim, uma ala que poderia começar a sentir-se mais livre para tecer críticas ao Governo. Uma ironia: são esses pedronunistas que têm caído ou perdido capital político depois das experiências no Governo, primeiro no caso de Pedro Nuno, agora de Galamba, que ainda assim se aguenta no cargo.
Curiosamente, à chegada ao cargo, fontes socialistas registavam que a jogada de Costa podia sair arriscada: “Galamba não é fácil”. A mesma fonte acrescentava então, com algum ceticismo: “Ou Costa quis manter o pedronunismo debaixo da asa dele ou pode-lhe correr mal: é uma flip coin. Há uma diferença entre inteligência e capacidade política”.
Ouça aqui o mais recente episódio do podcast “A História do Dia” sobre a crise política.
A vida de blogger e os convites de Sócrates
A experiência política – e o currículo recheado de polémicas – de Galamba começa dez anos antes de ter assumido o papel de secretário de Estado da Energia. Em 2009, o economista, que estudou depois Ciência Política na London School of Economics (onde também deu aulas de Filosofia Política) acumulava experiência profissional fora da política no Banco Santander de Negócios, na consultora DiamondCluster Internacional e na Unidade de Missão para os Cuidados Continuados Integrados. Mas foi no mundo da blogosfera, onde se destacava pelas posições muito vocais e próximas do PS – escrevia no blogue Jugular e coordenava o blogue Simplex – que ganhou o palco mediático que lhe permitiria saltar para a política.
E fê-lo a convite de José Sócrates – uma associação que viria, anos depois, a trazer-lhe problemas. “Primeiro convidou-me para participar no fórum Novas Fronteiras. Depois de ter participado, perguntou-me se estaria interessado em integrar as listas do PS”, contava Galamba em entrevista a Anabela Mota Ribeiro, em 2010, a mesma em que reconhecia que a sua persona pública existia, “em grande parte, devido aos blogues”. Na vida pessoal, essa experiência também foi relevante: conheceu a sua mulher numa “festa de bloggers”.
Galamba, como contava na altura, “disse imediatamente que sim” ao convite de Sócrates, acreditando que seria uma vantagem contar com uma “liberdade” que pessoas da sua idade, que tinham feito caminho dentro do partido e das juventudes partidárias, não tinham.
A ligação a Sócrates regressaria, precisamente, por causa de uma mensagem privada enviada por Galamba. O então porta-voz do PS foi o responsável por avisar o ex-primeiro-ministro de que a Justiça estaria de olhos postos nele, dizendo ter recebido uma mensagem de uma pessoa próxima do então Governo de Passos, que reencaminhou avisando que o caso teria “exploração mediática”. Isto já depois de ter sido mencionado numa investigação extraída da Operação Marquês pelo blogger António Manuel Peixoto (o célebre “Abrantes”), que referia Galamba como um dos pontos de contacto com o antigo primeiro-ministro, que sempre defendeu.
Anos depois, em 2018, com a acusação a Sócrates formalizada e depois de o presidente do PS, Carlos César, ter dado o tiro de partida para o corte do partido com o antigo líder, o próprio Galamba viria pôr um fim público à relação com Sócrates, garantindo que o caso “envergonha qualquer socialista”. Palavras que serviram à oposição como arma de arremesso contra Galamba.
Apesar da nota técnica positiva na pasta da energia e de as intervenções polémicas serem mais espaçadas face aos seus dias como deputado, João Galamba nem sempre tem conseguido controlar as polémicas em que se envolve ou os excessos nas redes sociais, sobretudo nas reações a histórias ou opiniões negativas a decisões ou políticas que defende.
“É natural que as pessoas que não são do PS tenham mais antipatia (…). Reconheço que sou acutilante e duro, mas quando me irrito é porque acho que quem está a debater não está a ser sério”, chegou a justificar, em declarações à revista Sábado: “O que para uns são excessos, para outros serão a minha melhor qualidade. As coisas têm sempre dois lados”.
“Estrume”, “fascista” e outras polémicas
Um dos excessos que João Galamba cometeu foi um comentário na sua conta pessoal do Twitter a uma partilha feita por outro utilizador de um episódio do programa de investigação jornalística Sexta às 9, da RTP, que Galamba classificou de “estrume e coisa asquerosa”. Uma publicação que acabou rapidamente apagada. A guerra com o programa então conduzido por Sandra Felgueiras vinha de trás por causa de uma investigação ao processo de concessão de uma exploração de lítio em Montalegre, decidido pelo secretário de Estado da Energia antes das eleições de 2019. Acusou o programa de “alimentar mentiras”, numa longa exposição no Facebook, na qual expunha informação que procurava contrariar as alegações.
Também já como secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba entrou numa troca de palavras ofensivas com um utilizador do Twitter (que acabou por apagar a conta na rede social) depois de este questionar quantos teriam “a capacidade de assumir que tudo o que pensavam sobre o conflito na Ucrânia estava errado e que a liderança europeia falhou de forma espetacular em defender os nossos interesses” quando a gasolina chegasse “perto dos três euros e a inflação perto dos 9%”.
Foi por mensagem privada que o socialista recordou o pai e se atirou ao interlocutor: “Olha, o meu pai foi torturado por fascistas da PIDE e, se lesse esta pouca vergonha, só te diria: vai para a p*** que te pariu fascista de merda. Desaparece. Tenho nojo de tudo o que escreves. Não me voltes a dirigir a palavra. És mesmo uma vergonha, fascista. Vai para o c****** e desaparece. Tenho desprezo por toda esta esquerda pró-Putin. Vai para o c****** e desaparece fascista. Nojo.”
Os prints revelados no Twitter expuseram as palavras do governante e acabou por ser o próprio a dar-se como culpado. Mas Galamba não só reafirmou “tudo o que disse nessa mensagem” como se atirou ao utilizador da rede social, dizendo que repudiava a divulgação da mesma.
Não com tanto estrondo, mas o socialista já tinha dado nas vistas no Twitter, vários anos antes, quando ainda era apenas deputado do PS e não membro do Governo. Nessa altura, o agora ministro pedia um link para ver uma transmissão não autorizada do jogo entre o FC Porto e o Sporting. Na altura, a Associação do Comércio Audiovisual de Obras Culturais e de Entretenimento de Portugal pediu mesmo que o socialista deixasse o Parlamento, sem sucesso.
A defesa das renováveis e a denúncia que resultou numa investigação ao hidrogénio
Mesmo como governante, João Galamba não deixou de responder aos críticos nas redes sociais. Às reservas de Salvador Malheiro quanto à estratégia nacional do hidrogénio, Galamba acusou aquele que era uma espécie de ‘ministro do Ambiente sombra do PSD’ de estar mal informado: “Só posso concluir que não leu a estratégia nem percebeu que o decreto-lei do sistema de gás já foi promulgado. Seja na estratégia, seja no diploma do sistema nacional de gás, as questões que levanta estão clara e cabalmente respondidas. Parece que passou a haver um desporto nacional chamado opinar sem ler“.
Mas com outros seria ainda mais duro do que foi com Malheiro. Quando os comentários chegaram ao “lobby das intermitentes” (que é como quem diz, o lobby das renováveis) e às preocupações manifestadas por Clemente Pedro Nunes, um dos mais conhecidos céticos no setor energético em relação ao risco de o hidrogénio reproduzir o modelo de rendas e subsídios que no passado sustentou outras energias renováveis, foi mais duro: “É um aldrabão do pior. Não há outra forma de descrever esse cavalheiro”.
Acérrimo crente nas renováveis, João Galamba defendeu a decisão do Governo, apontada como precipitada por muitos, de incentivar o fecho antecipado das centrais a carvão, mesmo com a crise da Ucrânia e com a seca.
O hidrogénio foi palco de outro embaraço quando foi noticiado que João Galamba e Pedro Siza Vieira, então ministro da Economia, estavam a ser investigados num processo nascido de uma denúncia anónima, por causa de suspeitas de favorecimento a grandes empresas. O secretário de Estado respondeu com a revelação de toda a agenda das reuniões que manteve.
A Procuradoria-Geral da República confirmou em 2020 ter sido aberta a investigação, mas do seu desenvolvimento pouco mais se soube. Os projetos do hidrogénio também tardam em avançar, apesar dos anúncios de milhares de milhões de euros. Tal como o concurso nacional para a concessão da exploração de lítio, que nunca mais avança, à espera há dois anos a Agência Portuguesa do Ambiente dê luz verde ao projeto mais avançado apresentado para Boticas.
O secretário de Estado da Energia foi o principal interlocutor em Portugal na construção do complexo mecanismo que introduziu o famoso travão ibérico e em relação ao qual a parte portuguesa conseguiu introduzir alterações para evitar que o custo caísse sobre os consumidores nacionais que estavam mais protegidos do que os espanhóis.
O secretário de Estado esteve alinhado com Duarte Cordeiro no contra-ataque ao presidente da Endesa quando Nuno Ribeiro da Silva suscitou publicamente o impacto do custo deste mecanismo no preço da eletricidade. E também cumpriu quando António Costa o nomeou o controlador das faturas que a empresa espanhola cobra aos muitos serviços do Estado do qual é, aliás, o maior fornecedor.
De ponta-de-lança parlamentar às polémicas no Governo
Recuando a 2014, Pedro Nuno Santos e João Galamba eram os dois pontas de lança socialistas na comissão parlamentar de inquérito à queda do Banco Espírito Santo, um dos inquéritos parlamentares mais mediáticos (e em que os deputados mereceram rasgados elogios). Deputado combativo, impulsivo e por vezes excessivo no debate parlamentar, João Galamba também ficou conhecido pela intervenção sem grandes freios nas redes sociais. Talvez por isso, enquanto Pedro Nuno Santos chegou ao Governo socialista logo no final de 2015, assumindo a influente pasta de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, João Galamba ficou quase três anos na comissão de Orçamento e Finanças no Parlamento, no que pode ser visto como uma “travessia no deserto”.
A sua oportunidade de subir ao Governo chegou em 2018. Com a saída de Caldeira Cabral do Ministério da Economia, António Costa mexeu na orgânica do Executivo, retirando a pasta da Energia para a entregar ao Ambiente à frente da qual estava João Matos Fernandes.
“Era o homem que completava mais o meu saber. Queria um economista”. Foi assim que Matos Fernandes justificou a escolha do novo secretário de Estado na qual terá tido também intervenção a máquina socialista. Matos Fernandes, que contava piadas no Conselho de Ministros e era capaz das tiradas mais insólitas no Parlamento, e o recém-chegado João Galamba eram uma dupla improvável, mas acabaram por funcionar.
O ministro deixou o novo secretário de Estado assumir a pasta que acabava de receber e João Galamba foi rápido a aprender as complexidades de um setor recheado de rendas, CMEC, CAE e outra siglas malditas. Uma das primeiras missões foi desanuviar o clima com a EDP, sem comprometer totalmente o legado do antecessor em matéria de cortes, mas não se livrando das acusações à esquerda de cedências à poderosa empresa.
Pelo caminho ficaram algumas polémicas com decisões que tomou, como a substituição do diretor-geral da Energia nomeado pelo antecessor e a aprovação muito atacada da concessão para a exploração de lítio em Montalegre.
Um dos principais trunfos para Galamba terá sido a concretização de dois leilões de potência solar que colocaram Portugal no mapa mundial da energia como conseguindo os preços mais baratos. Ainda que nem todas as promessas de baixos preços de energia se tenham concretizado ainda — mas que podem ter explicação em fatores incontroláveis como o tempo, a pandemia, que atrasou a execução do projetos, e a inflação, que fez subir os custos de implementação.
A veia “profundamente executiva” de Galamba era vista dentro do PS como uma vantagem para um cargo em que teria de tomar decisões – daquelas que tinham potencial para queimar um político, como se confirma agora. O “deputado do piercing”, como chegou a ser referido nos corredores do Parlamento, tornou-se um ministro que não dispensava o fato e a gravata. Só não foi uma experiência muito curta porque Costa o segurou — numa decisão surpreendente e ainda com um potencial de danos muito relevante para o futuro político de Galamba e do Governo.
Este texto contém excertos do perfil de João Galamba publicado a 3 de janeiro. Foi atualizado com as declarações de António Costa às 22h05.