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RITA CHANTRE/OBSERVADOR

RITA CHANTRE/OBSERVADOR

A mulher e os filhos, o irmão e o amigo, o patrão e a terapeuta da fala. Como Valter regressou à vida que tinha antes do AVC

A mulher Ana assistiu a sessões de terapia da fala. Os filhos Inês e Diogo liam-lhe histórias de livros infantis. O patrão Ricardo suporta os custos das terapias. Valter está a recuperar de um AVC.

No regresso a casa, depois de passar por três hospitais e de estar mais de um mês internado devido a um AVC isquémico – causado pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo numa artéria do cérebro –, a família estava preparada para ajudar na recuperação. Valter Vaz tinha tinha 48 anos, entrou pelo próprio pé, recuperou a mobilidade com fisioterapia. O problema maior era a linguagem, uma afasia global [perda parcial ou total em expressar ou compreender a linguagem falada ou escrita], a incapacidade para compreender e expressar-se. Ana falou com a terapeuta da fala e sabia o que havia a fazer. Colaram post-it com os nomes de compartimentos da casa, de objetos, de utensílios. Liam livros infantis com desenhos para o marido associar palavras a imagens. Usavam o arroz para trabalhar a sensibilidade a diferentes texturas. E, aos poucos, ele foi melhorando.

Todas as sextas-feiras, o amigo Augusto Vilarinho leva-o à terapia da fala e, durante as manhãs, alinha nas caminhadas. Conversam muito. O irmão Marco está sempre por perto. Valter, hoje com 50 anos, está melhor. Ainda recupera dos problemas de linguagem e não conduz porque a visão periférica do lado direito ficou afetada. Está de baixa médica mas quer voltar a trabalhar, até porque as portas da empresa estão abertas para quando quiser regressar. O hábito diário de Ana, de ligar para o marido quando chega ao trabalho, fez toda a diferença naquela manhã de 21 de julho de 2022. “Aquele telefonema salvou-lhe a vida.”

O patrão
Ricardo Costa

“Temos total abertura para adequar a sua função”

Em abril do ano passado, Ricardo Costa, diretor-executivo do Grupo Bernardo da Costa, empresa de equipamentos de segurança eletrónica, com sede em Braga, pediu a Valter para ir aos escritórios de Lisboa. Estaria à espera dele. Gostava de ver como estava, falar um pouco, saber da sua recuperação, sem revelar o que o aguardava. A surpresa foi preparada, montada e organizada com cuidado e tempo. Valter lá foi e recebeu das mãos do patrão uma camisola oficial do Sporting com as assinaturas dos jogadores de um lado e as assinaturas dos trabalhadores, seus colegas, do outro. Há uma fotografia desse momento para a posteridade. Foi a 20 de abril de 2023. Valter ficou emocionado com o presente e vai emoldurar a camisola com o número sete nas costas.

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Ainda está de baixa médica, mas sabe que terá um lugar quando voltar ao trabalho. “Temos total abertura para adequar a sua função, adequar à incapacidade que os médicos lhe darão.” Voltar a ser comercial estará fora de hipótese, até pelos níveis de stress que o cargo acarreta. “Iremos encontrar uma solução que se adeque ao estado dele.” Valter ainda não conduz e a afasia é um problema. “Gostava muito que regressasse, mas ainda não é o momento, ainda precisa de algum tipo de recuperação. Acima de tudo, está a saúde.”

Desde o AVC que a empresa assume as despesas com as terapias feitas numa clínica privada, terapia ocupacional e terapia da fala, as duas em simultâneo durante algum tempo, agora só a última. Os recibos entram no gabinete de contabilidade e são pagos na totalidade, a cem por cento. Sem perguntas, sem questões. “Suportamos os custos das terapias e, acima de tudo, fazemos sentir ao Valter que continua a ser um de nós”, diz Ricardo Costa. “Está connosco há muitos anos. Na última fase, estava com as grandes contas, era o comercial que mais faturava na empresa, o melhor comercial.”

De vez em quando, Ricardo Costa e Valter falam ao telemóvel, trocam mensagens com regularidade. Numa das últimas vezes, conversaram sobre a ida a uma junta médica e a decisão de que ainda não estava apto. Vai aos jantares de Natal da empresa que, garante o diretor-executivo, “foi a primeira a criar um departamento da felicidade” em Portugal. Há colegas de trabalho que, volta e meia, vão buscá-lo a casa para passar a tarde com ele. “É convidado para todos os encontros.”

A terapeuta da fala
Teresa Rosado

“O Valter não conseguia ler palavras e frases”

Começou a intervenção com uma entrevista à família para recolher dados pessoais e profissionais, para analisar qual a interação que Valter tinha com o meio ambiente. Em seguida, Teresa Rosado analisou o desempenho individual para perceber como era essa relação depois do AVC e avaliou as capacidades residuais da linguagem. Os tratamentos de terapia da fala começaram a 22 de agosto de 2022, praticamente um mês depois do AVC. Todos os dias, durante o internamento, e depois, após a alta, três vezes por semana em regime de ambulatório até 18 de janeiro deste ano. Um ano e seis meses, no total, no Hospital do Barreiro.

“O Valter apresentava uma perturbação grave da compreensão de material verbal, uma perturbação grave do discurso (produzia algumas palavras em inglês e algumas palavras de tipo coloquial, ‘olá’, ‘adeus’, por exemplo), um discurso não fluente com parafasias (alterações de fonemas, sílabas ou palavras). Não conseguia ler palavras e frases, apenas reconhecia e escrevia o seu nome”, recorda. Era necessário restituir-lhe as capacidades comunicativas do dia a dia.

O telemóvel foi um grande aliado. “Percebemos que reconhecia, no telemóvel, o contacto da mulher e de um colega de trabalho.” Começou a identificar e a reconhecer alguns nomes. “A qualquer solicitação, pegava no telemóvel e dizia ‘fazemos já aqui’. Foi este o ponto de partida e o meio para melhorar vários aspetos da comunicação.” A terapeuta sabia da preocupação de Valter em comunicar com a mulher e os filhos, da vontade de voltar a expressar-se com clareza. Elaborou um plano de estimulação da linguagem verbal e não verbal, usando o que ficou preservado e melhorando o que ficou perturbado com o AVC.

Valter valorizava sobretudo a comunicação oral. “Usei as palavras para fazer associações às imagens, objetos e ações do dia a dia, dava-lhe frases e ele procurava as imagens correspondentes.” Tinha uma boa capacidade de leitura interior, conseguia ler para ele. “O Valter recuperou a compreensão de material verbal simples, melhorou muito a capacidade de leitura de palavras e frases e a capacidade de escrita.”

O telemóvel e computador serviram como meio para melhorar a comunicação. “Quanto à capacidade de expressão, apresenta um discurso espontâneo com prosódia [pronúncia correta de acordo com acentuação] adequada para afirmativas, negativas e interrogativas, frases muitas vezes agramaticais, com falta de partículas/preposições, mas consegue interagir em vários contextos.” Por vezes, Valter dizia algumas palavras em inglês para falar com os médicos. “Ele consegue sempre arranjar maneiras de se explicar.”

O amigo
Augusto Vilarinho

“Obrigo-o a explicar o que quer dizer”

Amigo de longa data, familiar de coração, não de sangue, mas como se fosse. Dos que fazem boas surpresas, organizam roteiros com momentos gastronómicos, que quer saber como estão todos lá em casa. No carro leva Valter às consultas, tratamentos e terapias, quando Ana está a trabalhar. E está atento no seu modo de observar de quem se gosta. “Alguém tinha de andar com ele ao colo”, brinca. E, logo a seguir, revela: “Ralho muito com ele.” Pelas melhores razões.

Augusto Vilarinho, já reformado, não lhe facilita a vida. “Obrigo-o a explicar o que quer dizer, a pronunciar as palavras.” Aquelas muletas que usa — para cima, para a frente, ali e aqui, aquela coisa — não passam nas conversas. Tem de dizer a palavra ou a frase, demore o tempo que precisar. A recuperação também é isto. “E temos muita responsabilidade nisso.” Ele e a família. Apesar de tudo, nada de conversas tristes ou negativas. “Não vale a pena dramatizar, já está muito melhor, e a gente tem de se adaptar.” “O exercício é ver as coisas ao contrário.” Ou seja, o caminho feito, a evolução, o que melhorou. “Vi-o nos primeiros dias, a seguir à alta, e estava muito debilitado.”

É presença assídua lá de casa, as famílias conhecem-se, convivem, fazem passeios juntos. “A evolução é muito significativa, embora, às vezes, o que o limita é o fator de querer ir trabalhar.” Ele insiste no regresso ao trabalho e fala muito desse desejo. “Tem muita força de vontade, mas há aquela dificuldade de interagir com o público.” Durante um ano, levou-o aos tratamentos todas as segundas, terças e sextas-feiras. Agora, a boleia é às sextas-feiras para a terapia da fala. “Passamos muitas horas juntos por semana.” A conversar, a caminhar, a petiscar, a ver televisão. “Falamos de tudo”, garante, enquanto a gata Indi, batismo feito com as iniciais da Inês e do Diogo, anda pela casa e é uma companhia quando Valter está sozinho.

O irmão
Marco Vaz

“Contactamo-nos numa base regular, trocamos mensagens, almoçamos de vez em quando”

Os telefonemas foram uma constante naqueles dias a seguir ao AVC. Para a cunhada, para os sobrinhos, para o pessoal médico. As visitas também, as viagens de Sacavém, onde mora, ou de Lisboa, onde trabalha, para a margem sul. Foram idas e voltas, quilómetros na estrada, com o coração apertado. “Acompanhei muito de perto, numa base diária no hospital.” Além disso, havia de sossegar a mãe preocupada, agitada, naquele momento de sofrimento. A dar-lhe todo o apoio. “Acompanho os problemas do meu irmão. Este é mais um.”

São os irmãos, os únicos, bastante próximos, bastante cúmplices. “Contactamo-nos numa base regular, trocamos mensagens, almoçamos de vez em quando.” Marco sabe o que custa ao irmão ainda não poder conduzir, uma vez que a visão periférica do lado direito ficou afetada com o AVC. “É um problema muito mais limitador e a parte psicológica é muito importante.”

“É um caminho longo e o mais importante é sentir-se bem e saudável.” E, volta e meia, diz-lhe uma coisa para que não esqueça, até porque o passado era bastante agitado. “Era uma pessoa sempre ocupada, com os dias mais preenchidos do que deveria.” E, então, puxa-o para o que importa. “Digo-lhe para viver mais o presente e não o que vem amanhã.”

Marco lembra-se de alguns desmaios que o irmão tinha quando eram miúdos, sem explicação aparente. Certo dia, era fim de semana, Valter teria 15 anos, foram comprar frangos a uma churrasqueira, estavam à porta, à espera. “De repente, ele caiu redondo no chão. Achei que estava a pregar uma partida.” Não era uma brincadeira. Voltou a si rapidamente, levantou-se, suspeitou-se que teria sido uma quebra de tensão, nada de mais, nada de grave.

Nesse tempo, Valter parecia um rapaz saudável, praticava bodyboard, jogava ténis e futebol. Os desmaios começaram a causar preocupação, aconteciam com alguma regularidade, fizeram-se exames. Aos 20 anos, chegou o diagnóstico para essas perdas de consciência temporárias: uma miocardite, inflamação do tecido muscular do coração (miocárdio), que normalmente causa dor no peito e falta de ar. Os médicos explicaram à família que o seu coração tinha inchado. Passou a ser acompanhado, medicado, vigiado. Foi um caso de estudo, um milagre ter sobrevivido, como recorda a família. “Nunca foi um rapaz calmo, sempre viveu com muita ansiedade.”

Os filhos
Inês e Diogo

“Espalhámos post-it pela casa”

De um dia para o outro, as rotinas alteraram-se. A recuperação da afasia do pai passava por lembrar-se das palavras, associá-las a imagens, voltar a escrever, a ler, a conversar. “Custou um bocadinho a habituarmo-nos”, recorda Inês. “O meu pai já não saía de casa”, diz Diogo. Os filhos gémeos de Valter liam livros infantis ao pai, histórias simples como o Capuchinho Vermelho, para recuperar a linguagem perdida. Também faziam desenhos para o pai pintar.

“Um dos exercícios era esconder objetos no arroz para mexer noutras texturas e espalhámos post-it pela casa”, conta Inês. Post-it com os nomes dos compartimentos, sala, casa de banho, cozinha, e outros nomes como talheres, prato, copo, televisão, frigorífico, comando da televisão. Iam escrevendo as palavras que faziam sentido nesses pequenos autocolantes.

O impacto foi tremendo. Valter levava-os a todo o lado. Aos treinos de futebol, às aulas de patinagem, à escola, dava boleias aos amigos e amigas. Sempre muita conversa, a querer saber de como tinham sido os dias, a acompanhá-los sempre que podia. De repente, o AVC. Primeiro, o medo de perder o pai, depois o receio das sequelas.

Naquela manhã, a mãe tinha saído para o trabalho, o pai preparava-se para sair também, esperava os homens que chegariam dali a pouco para continuar as obras no chão da cozinha. Diogo acordou com o telefonema da mãe para ir ver como o pai estava. Inês ouviu um barulho, acordou e levantou-se. Valter estava caído no corredor e não reagia. Perceberam que o lado direito do pai estava paralisado, Diogo chamou imediatamente a ambulância que não tardou a chegar. Ligaram à mãe a contar o que se estava a passar. Era uma quinta-feira. “Tentava apertar a mão, falava de uma forma atabalhoada”, lembra Inês. Diogo soube logo. “Percebi que era um AVC.”

Estão no primeiro ano da universidade. Inês estuda Design de Moda, Diogo Gestão de Empresas. No ano passado, quando foram tratar das matrículas, mãe ao volante, pai ao lado a orientar o caminho pelas ruas de Lisboa, sentido de orientação apurado, como um GPS na cabeça.

A mulher
Ana Vaz

“Eu era a voz dele”

Aquele dia seria igual a tantos outros. Mas não foi. Ana Vaz saiu de casa no Lavradio, Barreiro, 20 minutos depois estava no trabalho e, como habitualmente, ligou ao marido para dizer que tinha chegado bem. Percebeu que alguma coisa não estava bem. Valter embrulhava as palavras, não entendia o que ele queria dizer. Ligou imediatamente ao filho Diogo que estava em casa, de férias da escola, e pediu-lhe para ir ver o pai, o mais depressa possível. Valter estava caído no chão do corredor de acesso aos quartos, com o lado direito do corpo paralisado. Na manhã de 21 de julho de 2022, Valter sofreu um AVC isquémico. Tinha 48 anos.

Pouco mais de um mês depois do AVC, Valter estava de volta a casa. “Tínhamos de estimular a fala, a leitura, a escrita. Tínhamos de criar estratégias e ferramentas para puxar por ele.” Ana assistiu a algumas sessões de terapia da fala no Hospital do Barreiro para perceber o que Teresa Rosado fazia para, em casa, tentar replicar alguns exercícios que ajudariam a reabilitação nessa parte da linguagem. Um dos objetivos era encorajar o marido a ter rotinas diárias tão parecidas quanto possível com o que era habitual antes do AVC.

“Líamos livros em voz alta, livros ilustrados para que ele pudesse explicar as imagens que via.” Valter fazia cópias no computador para exercitar a escrita. Havia todo um mundo de conteúdos para recordar e ultrapassar a afasia. “Catalogámos algumas coisas.” A casa tinha post-it em sítios estratégicos e nos objetos mais usados para que Valter os reconhecesse e os dissesse em voz alta – como o comando da televisão e o frigorífico – para sair da sua leitura interior. Era importante voltar a ter voz, falar, comunicar. Tudo isso aconteceu aos poucos. E a família percebia a imensa importância dos pequenos gestos, do detalhe dos autocolantes.

Logo depois do internamento, Ana agendou consultas médicas e marcou dias para a fisioterapia, terapia ocupacional e da fala. Sabia que não havia tempo a perder. “As melhorias nos primeiros meses são mais significativas.” Deixou de trabalhar durante seis meses para acompanhar o marido para todo o lado: hospital, consultas, terapias. “Eu era a voz dele.” O que ele não conseguia dizer, Ana transmitia.

“Tudo mudou de uma hora para a outra e a vida não nos ensina a lidar com estas coisas”, diz. Naquele dia do AVC, uma das suas preocupações foi ligar para o Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde foi internado, para informar os médicos que o marido tomava medicação para o seu problema cardíaco.

Aos 20 anos, Valter teve uma miocardite. Pouco depois dos 30, já casado, detetaram-lhe uma insuficiência cardíaca grave e colocaram-lhe um pacemaker. Ana acompanhou todo o processo. Em 2011, Valter tinha 37 anos e sofreu um enfarte de miocárdio, trocaram-lhe o pacemaker, ajustaram a medicação, recuperou a qualidade de vida. Aos 48 anos, um AVC. E todo o processo de recuperação que não acontece de um dia para o outro. “A vida é muito mais do que estas sequelas do AVC.”

O doente
Valter Vaz

“Sei que tenho de ter calma”

“Há um ano não sabia fazer nada. Quase não sabia falar.” O trajeto foi longo, ainda há melhorias a fazer na linguagem, palavras que não saem à primeira, muletas que ainda vai usando. “Aquela coisa”, “isto e aquilo”, mas a família e o amigo Augusto Vilarinho pedem-lhe mais explicações, querem que diga a palavra por mais voltas que dê até lá chegar. Ele ri-se e sabe que é assim que tem de ser. “Tenho muito caminho para andar, preciso falar muito”, admite. O apoio tem sido essencial. Quando estava internado, Ana mostrou-lhe um vídeo que os colegas de trabalho tinham gravado para si, para ter força e coragem, que ia recuperar e ficar bem. Ficou emocionado. E não esquece.

Os móveis da casa mantêm-se no lugar de sempre, não foi preciso fazer adaptações. Valter entrou pelo próprio pé no prédio até ao segundo andar. Recuperou o andar rapidamente. Os lembretes nos objetos foram uma grande ajuda para olear o cérebro e as histórias que ouvia dos filhos e da mulher despertaram-lhe a memória. Todos à volta contribuíram e contribuem para a sua recuperação. Já não faz fisioterapia, nem terapia ocupacional, apenas terapia da fala numa clínica, não muito distante de casa, às terças e sextas-feiras. E, todas as sextas-feiras, durante hora e meia, está online com o Instituto Português de Afasia para sessões em grupo. “Fazemos vários exercícios”, conta.

Valter faz caminhadas à volta de casa, às vezes, por uns trilhos com alguns quilómetros de percurso. Acorda cedo, vê como está o tempo, calça as sapatilhas, e sai a pé. Está moreno do sol que tem apanhado, um tom de pele que destaca o azul dos olhos. Caminha com Augusto Vilarinho durante as manhãs, ao fim de semana com a família, quando o tempo e as rotinas se conjugam. Ou sozinho. Quer muito voltar a trabalhar e não esconde essa vontade. “Sei que tenho de ter calma.”

No dia do AVC, preparava-se para sair para o trabalho. “Caí de cabeça.” É o que se lembra daquele dia. A ambulância chegou, foi estabilizado e transportado para o Hospital Garcia de Orta. Entrou pela Via Verde AVC. O quadro transmitido à família era delicado e grave, os médicos falavam em sequelas. A causa foi detetada, o AVC tinha sido causado por uma arritmia cardíaca, provocada por batimentos cardíacos irregulares, ou muito rápidos ou muito lentos. No mesmo dia foi transportado para o Hospital de São José, para fazer mais exames. Ficou internado cinco dias, depois foi transferido para o Hospital do Barreiro, mais perto de casa.

Neste momento, é voluntário da Refood do Barreiro, projeto comunitário de ajuda alimentar que resgata comida para eliminar o desperdício e alimentar pessoas necessitadas. “Ando meia hora a pé até lá.” Dois dias por semana, às segundas e quintas-feiras, das três da tarde até por volta das cinco e meia, seis, trata dos cabazes. Sente-se útil. E quando lhe perguntam o que lá faz, recorre ao gesto de imitar uma colher a tirar sopa de uma panela. Augusto Vilarinho pede-lhe para explicar qual o objeto e qual a comida. E Valter consegue.

Arterial é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com doenças cérebro-cardiovasculares. Resulta de uma parceria com a Novartis e tem a colaboração da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca, da Fundação Portuguesa de Cardiologia, da Portugal AVC, da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose e da Sociedade Portuguesa de Cardiologia. É um conteúdo editorial completamente independente.

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