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O que é um enfarte?

Um enfarte agudo do miocárdio é a morte — ou lesão — de células do músculo cardíaco que bombeia o sangue pelo corpo.

Trata-se, na prática, da interrupção repentina da circulação sanguínea, total ou parcial, de uma artéria coronária que irriga o miocárdio. “Esta interrupção ou bloqueio provoca alterações, muitas vezes irreversíveis, que levam à lesão ou morte celular”, explica Luís Almeida Morais, cardiologista de intervenção no Hospital CUF Tejo.

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O que faz um enfarte ao nosso corpo?

Se não for tratado, o enfarte leva à rápida diminuição da principal função do coração: fazer chegar o sangue aos tecidos e órgãos. Além da insuficiência cardíaca, o enfarte agudo do miocárdio pode conduzir a arritmias e à morte.

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É uma emergência médica?

Sim. O risco de morte e de sequelas graves distingue os vários tipos de enfarte.

“Os doentes com enfarte agudo do miocárdio mais grave (obstrução total da artéria coronária) precisam de intervenção imediata, idealmente em menos de duas horas”, diz Luís Almeida Morais. Os casos menos graves, mas mais frequentes, exigem tratamento de intervenção até três dias. O doente deverá fica internado em vigilância apertada.

Todos os anos, há mais de dez mil casos de enfarte em Portugal, segundo dados do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares correspondentes ao período anterior à pandemia. Luís Almeida Morais explica que “cerca de 40% são situações emergentes que obrigam a tratamento imediato”. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2021 morreram 3977 pessoas em Portugal por enfarte agudo do miocárdio.

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Quais os sinais de alarme?

O sintoma principal é a dor no peito:  intensa, tipo pressão ou aperto, com duração de cinco a dez minutos, podendo irradiar aos braços e mãos e ao maxilar inferior. Mas pode ser acompanhada de:

  • Suores
  • Náuseas
  • Vómitos
  •  Sensação de mal-estar
  •  Tonturas

Perante estes sinais, deve contactar imediatamente o 112.

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Como se trata o enfarte?

O passo mais importante é a desobstrução da artéria entupida, através de um cateterismo cardíaco (mais especificamente uma angioplastia coronária), “um procedimento realizado por cardiologistas especializados, que, através de fios, balões e stents [pequenas próteses metálicas introduzidas nos vasos sanguíneos] restabelecem o fluxo de sangue na artéria”, explica Luís Almeida Morais.

A angioplastia coronária deve ser realizada o mais rapidamente possível, em hospitais com recursos e tecnologias para tal. O tratamento inclui ainda medicamentos, alguns para o resto da vida.

Recomenda-se ainda o seguimento médico regular com um cardiologista para garantir a vigilância dos sintomas e promover a reabilitação cardíaca.

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Qual é a causa?

A causa mais frequente de enfarte é a interrupção do fluxo de sangue por rutura de uma placa de aterosclerose, uma doença provocada, sobretudo, pelo colesterol. “A aterosclerose provoca a formação e o depósito de gordura na parede das artérias”, diz o cardiologista. Este processo leva muitos anos a desenvolver-se, mas a forma como se manifesta e as consequência podem ser repentinas, em poucos minutos ou segundos.

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Depois de ter um enfarte, corro mais riscos de ter outro?

Sim. Infelizmente, e apesar de todas as medidas de prevenção, um doente que teve um enfarte agudo do miocárdio tem sempre um risco acrescido de ter outro, em comparação com uma pessoa saudável. Mas com medicação adequada, que deverá ser tomada durante toda a vida, e um estilo de vida saudável (alimentação, desporto e descanso), a probabilidade de novo enfarte diminui em 80%.

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É possível prevenir um enfarte?

Sim. Sobretudo com uma alimentação equilibrada e variada, exercício físico regular e, claro, sem cigarros. É também recomendada uma vigilância regular do estado de saúde com um médico assistente para acompanhamento e adoção de medidas adequadas. Combinar a toma de medicação e estilos de vida saudáveis é o mais indicado, além do controlo dos fatores de risco.

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E quais são os fatores de risco?

Os fatores de risco mais importantes são a hipertensão arterial, a diabetes, o colesterol elevado, o tabaco, a obesidade e o sedentarismo. Mas também a história familiar de doença coronária precoce.

As pessoas que têm um ou mais destes fatores de risco devem procurar um médico que, de acordo com a história clínica, pode estabelecer um plano de prevenção.

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O risco de enfarte é igual para homens e mulheres?

Os homens são os que sofrem mais da doença e os que mais morrem. “Outros registos revelam que as mulheres são, muitas vezes, subdiagnosticadas e procuram menos os cuidados de saúde”, explica o cardiologista.

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É possível ter uma vida normal depois de um enfarte?

Sim. “O enfarte agudo do miocárdio é uma doença séria e grave, mas, com as técnicas de intervenção e tratamento médico adequado, a maioria dos doentes regressa ao dia a dia pessoal, social e profissional”, diz Luís Almeida Morais.

É mesmo recomendado que os doentes façam uma vida ativa e normal, sem limitações, desde que tenham acompanhamento médico regular.