824kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

GettyImages-1247322334
i

Foi por volta do meio-dia, hora local (10 horas em Lisboa) que se tornou público que Biden estava com Zelensky

Ukrainian Presidential Press Off

Foi por volta do meio-dia, hora local (10 horas em Lisboa) que se tornou público que Biden estava com Zelensky

Ukrainian Presidential Press Off

A visita inesperada de Biden. Saiu às escuras da Casa Branca e chegou a Kiev ao som de sirenes de alarme

A visita durou quase seis horas e, da capital ucraniana, Joe Biden viajou para a Polónia, onde era, de facto, esperado para uma visita diplomática. A passagem pela Ucrânia foi inesperada.

Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia

Logo de manhã, começaram os rumores. Quem estaria a caminho de Kiev? As ruas da capital ucraniana estavam bloqueadas em vários pontos, inclusive junto à estação de comboios — por onde chegam todas as visitas diplomáticas ao país — e a quem estava hospedado perto do Mosteiro de São Miguel das Cúpulas Douradas foram dadas ordens claras: afastem-se das janelas e guardem as câmaras. 

Com o burburinho nas redes sociais, e com as estradas fechadas também junto à embaixada dos Estados Unidos, os palpites começaram a ganhar forma. O Presidente Joe Biden era esperado na Polónia, país vizinho da Ucrânia. Poderia ter feito um desvio? É que de Varsóvia a Kiev são pouco mais de 800 quilómetros de caminho — quase nada quando a questão é de importância geoestratégica.

“Vamos manter esta intriga viva por enquanto para não nos precipitarmos. Espero que a surpresa que está a ser preparada aconteça”, disse Andriy Melnyk, chefe da diplomacia ucraniana. E deu mais um dado sobre quem seria a visita misteriosa em vésperas de aniversário de guerra: um dos “principais” parceiros ocidentais da Ucrânia. Tivesse Melnyk dito “o principal” e o segredo ficava desfeito imediatamente.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Joe Biden está em Kiev”, grita-se no Twitter

No mesmo sítio onde começaram as apostas, surgiram as certezas. “Joe Biden está em Kiev”, foram escrevendo utilizadores, uns atrás dos outros, anónimos, jornalistas e políticos. Com o primeiro vídeo que surgiu no Twitter, no qual se via, muito ao fundo e com pouca resolução, o Presidente dos Estados Unidos a sair do Mosteiro de São Miguel, as afirmações ainda eram cautelosas. “Uma pessoa parecida a Joe Biden foi vista em Kiev.”

GettyImages-1247321848

Biden e Zelensky no Mosteiro de São Miguel, na capital do país

dpa/picture alliance via Getty I

Mas se se parece com Joe Biden, se se mexe como Joe Biden e tem uma escolta policial digna do Presidente dos Estados Unidos, então é Joe Biden. A imprensa ucraniana e internacional começou a dar como certo que o Presidente estava com Volodymyr Zelensky, até que as fontes oficiais, de um e de outro lado, deram as confirmações necessárias.

A viagem de Zelensky. De comboio até à Polónia, de carrinha até ao aeroporto e de avião até aos EUA

Os jornalistas que viajaram no avião presidencial — a quem foram retirados os equipamentos para que não pudessem divulgar um tweet que fosse sobre o assunto — puderam voltar às teclas para avançar a notícia. Pela sétima vez na sua vida, a primeira desde que a Ucrânia foi invadida pela Rússia, o Presidente dos Estados Unidos da América pisou território ucraniano.

As outras visitas anteriores foram feitas na qualidade de vice-presidente, a última delas em janeiro de 2017, pouco antes de deixar o cargo.

Biden chegou de comboio às 8h00. “Obrigado, por ter vindo”, disse-lhe Zelensky

Foi por volta do meio-dia, hora local (10 horas em Lisboa) que se tornou público que Biden estava com Zelensky. Mas a chegada à Ucrânia, a partida e a preparação começaram muito antes disso.

A Kiev, Joe Biden chegou às 8 da manhã (6h00 em Lisboa) depois de uma longa viagem de comboio. A CNN avançou que teriam sido oito horas na ferrovia, mas quando Volodymyr Zelensky fez a sua aparição inesperada nos Estados Unidos, a mesma viagem de comboio durou 10 horas.

Com mais ou menos tempo de caminho, certo é que o sol — que em Kiev nasce às 6h59 — já estava alto quando o Presidente norte-americano desceu na estação de comboios. À sua espera estava a embaixadora dos EUA na Ucrânia, Bridget Brink. Dali, a sua comitiva deslocou-se para o Palácio Mariinsky, a residência oficial do Presidente da Ucrânia, onde chegou meia hora depois.

À porta, ao lado de Olena, a primeira-dama ucraniana, estava Zelensky. “Obrigado por ter vindo”, disse ao Presidente dos Estados Unidos, depois de este lhe ter perguntado pelos filhos.

GettyImages-1247322365

Biden recebido pelo Presidente e pela primeira-dama da Ucrânia

Ukrainian Presidential Press Off

Jantou com a mulher Jill em Washington, antes de partir às 4h15

A última vez que o Presidente foi visto antes de chegar a Kiev, foi em Washington. Sábado à noite, Joe e Jill Biden, o casal presidencial, saíram da Casa Branca para jantar fora. Depois disso, o segredo envolveu os movimentos seguintes do chefe de Estado, até ser avistado esta segunda-feira na capital da Ucrânia.

Às 4h15 da manhã de domingo (hora local), muito antes de o sol nascer, Joe Biden partia da Andrews Air Force Base, Maryland, onde está estacionado o avião presidencial Air Force One. A preocupação era grande, escreve o Politico, que cita fontes da Defesa norte-americana: Biden não podia voar diretamente para a Ucrânia e a viagem de comboio comportava um enorme risco. Garantir a segurança era quase impossível.

Negociações entre Biden e Zelensky foram “frutíferas e cruciais”. EUA vão dar apoio de 500 milhões à Ucrânia

“Este foi um risco que Joe Biden quis correr”, esclareceu Kate Bedingfield, diretora de comunicações da Casa Branca, citada pelo Politico. “É importante para ele aparecer mesmo quando é difícil, e ele orientou a sua equipa para que isso acontecesse, por mais desafiadora que fosse a logística. O Presidente queria ficar ombro a ombro com o Presidente Zelensky e lembrar ao mundo, à medida que nos aproximamos do aniversário de um ano da invasão, que Kiev permanece de pé.”

GettyImages-1247322154

Biden e Zelensky, ombro a ombro, como o Presidente dos EUA queria

Anadolu Agency via Getty Images

Lviv era uma opção, mas Biden quis ir à capital

O plano não era ir a Kiev. Quando começaram as conversações sobre a visita de Joe Biden — sobre aquilo que a visita a um país em guerra significa em termos de segurança — as opções em cima da mesa eram outras. Embora a reunião entre os dois chefes de Estado fosse sempre o ponto forte da viagem, o encontro esteve para acontecer na fronteira com a Polónia ou, em segunda opção, na cidade ucraniana de Lviv.

Foi Biden, escreve a revista Rolling Stone, quem fez questão de visitar a capital do país. A visita seria ainda mais simbólica se o Presidente dos EUA percorresse a pé as ruas da cidade que conseguiu resistir à invasão russa logo nas primeiras horas do conflito armado.

Assim foi. Além das viagens de carro, Biden andou a pé com Zelensky pela ruas de Kiev, sempre rodeado por uma enorme escolta policial. Para Kiev seguiram também o conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan, a vice-chefe de gabinete Jen O’Malley Dillon e Annie Tomasini, a assessora pessoal do Presidente.

Sullivan, aliás, disse aos jornalistas, sem grandes detalhes, que Moscovo foi avisada sobre a visita de Biden a Kiev pouco antes de sua partida de Washington. O objetivo? Evitar um “erro de cálculo” que pusesse Estados Unidos e Federação Rússia em conflito direto.

22 fotos

Quase seis horas de visita e o regresso de comboio

“Joseph Biden, bem-vindo a Kiev! A sua visita é um sinal extremamente importante de apoio a todos os ucranianos.” Foi no Telegram que Zelensky referiu, pela primeira vez, a visita do Presidente norte-americano. Horas mais tarde, a máquina do Presidente ucraniano tinha um vídeo pronto a publicar no Twitter, com os pontos altos da visita.

Depois de ser recebido pelo casal presidencial, Joe Biden teve um encontro ao mais alto nível. Além de Zelensky, participaram vários membros do seu Governo.

Ainda no Palácio Mariyinsky, Biden assinou o livro de visitas, reservado a altos signatários. “Sinto-me honrado por ser recebido novamente em Kiev para ser solidário e amigo do povo ucraniano que ama a liberdade. Sr. Presidente, por favor, aceite o meu mais profundo respeito pela sua coragem e liderança. Slava Ucraniana!”, lê-se na nota manuscrita, assinada “Joe Biden”.

GettyImages-1247322413

Presidente Biden assina o livro de convidados do Palácio Mariyinsky, residência oficial o chefe de Estado da Ucrânia

Ukrainian Presidential Press Off

Depois dos encontros, os dois chefes de Estado visitaram o Mosteiro de São Miguel das Cúpulas Douradas, paragem obrigatória para os políticos que visitam Kiev. E foi ali, quando saíam por uma das portas laterais, que as sirenes se ouviram em simultâneo por toda a Ucrânia. Não caíram bombas em Kiev, mas foi nesse momento que se percebeu que Joe Biden caminhava nas ruas, ombro a ombro com Zelensky, como sempre quis.

Sempre com a escolta à volta de ambos os Presidentes, os dois depositaram uma coroa de flores no memorial dos soldados que perderam a vida nas guerras.

A partir dali, e sendo público que o Joe Biden estava com Volodymyr Zelensky, a visita ganhou os contornos diplomáticos oficiais, com declarações aos jornalistas em conjunto, sem direito a perguntas.

Negociações entre Biden e Zelensky foram “frutíferas e cruciais”. EUA vão dar apoio de 500 milhões à Ucrânia

Depois, da mesma forma que apareceu, o Presidente dos Estados Unidos da América desapareceu. As informações é de que estará a caminho da Polónia, de novo, de comboio. Certezas só quando aparecer de novo em público.

 
Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Já é assinante?
Apoio a cliente

Para continuar a ler assine o Observador
Apoie o jornalismo independente desde 0,18€/ dia
Ver planos
Já é assinante?
Apoio a cliente

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Apoie o jornalismo. Leia sem limites. Apoie o jornalismo. Leia sem limites.
Desde 0,18€/dia
Apoie o jornalismo. Leia sem limites.
Apoie o jornalismo. Leia sem limites. Desde 0,18€/dia
Em tempos de incerteza e mudanças rápidas, é essencial estar bem informado. Não deixe que as notícias passem ao seu lado – assine agora e tenha acesso ilimitado às histórias que moldam o nosso País.
Ver ofertas