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Aliados de longa data, alguns ex-adversários, muitos nomes polémicos e dois "jokers". As escolhas de Trump

Trump escolheu antigos adversários mas, sobretudo, aliados de longa data – e dois "jokers". Escolhas para nova administração fazem antecipar mudanças relevantes na política interna e externa dos EUA.

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Donald Trump até escolheu para o acompanhar, no seu segundo mandato como Presidente dos EUA, alguns antigos adversários. Mas chamou, sobretudo, aliados de longa data, para “blindar” cargos que viveram grande turbulência na sua primeira presidência. E muitos dos nomes trazem grandes polémicas associadas.

O “baralho de cartas” que Trump leva para a Casa Branca inclui, também, dois jokers vindos do mundo das empresas de tecnologia: Elon Musk e Vivek Ramaswamy, que vão ter a missão de garantir a “eficiência governamental” e cortar na despesa pública.

Outro nome que importa reter é o de Tom Homan, um ex-polícia duro que recebe um cargo que não existia em Washington: o “czar das fronteiras”.

Marco Rubio, o antigo adversário de Trump que tornou seu aliado e será secretário de Estado

epa10295116 US senator Marco Rubio, who was re-elected to the United States Senate, speaks during his Election Night Party in Miami at the Hilton Miami Airport Blue Lagoon in Miami, Florida, USA, 08 November 2022.The US midterm elections are held every four years at the midpoint of each presidential term and this year include elections for all 435 seats in the House of Representatives, 35 of the 100 seats in the Senate and 36 of the 50 state governors as well as numerous other local seats and ballot issues.  EPA/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH  EPA-EFE/CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH

Marco Rubio nem sempre teve uma convivência pacífica com Trump

CRISTOBAL HERRERA-ULASHKEVICH/EPA

Para o importante cargo de secretário de Estado (nos últimos anos ocupado por Antony Blinken), Donald Trump nomeou o político da Flórida, seu ex-rival e com quem nem sempre teve uma convivência pacífica. Rubio torna-se no primeiro latino (é norte-americano de origem cubana) a servir como chefe da diplomacia norte-americana.

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São conhecidas as posições de linha dura de Marco Rubio, incluindo em relação ao Irão, a Cuba ou à China, mas espera-se que traga à política externa de Trump uma visão menos radical. Ao longo dos últimos anos “suavizou” algumas das suas posições políticas para se alinhar mais com Trump.

Em contrapartida, tem defendido a manutenção de alianças internacionais em relação às quais Trump é cético, como a NATO. Senador desde 2011, na primeira administração Trump apoiou legislação que dificultaria ao Presidente retirar os EUA do tratado, ao obrigar a uma maioria de dois terços no Senado para que tal proposta seja aprovada.

Em entrevistas recentes, Marco Rubio defendeu que a Ucrânia deve procurar um acordo negociado com a Rússia em vez de se focar em reconquistar todo o território ocupado. “Não estou do lado da Rússia. Mas, infelizmente, a realidade é que a guerra na Ucrânia vai terminar com um acordo negociado”, afirmou em setembro, numa entrevista. Não admira, assim, que tenha sido um dos 15 senadores republicanos a votar contra o pacote de ajuda militar de 95 mil milhões de dólares para a Ucrânia, Israel e outros parceiros dos EUA, que acabaria aprovado em abril.

Marco Rubio, de 53 anos, foi rival de Trump nas primárias de 2016, mas acabou por juntar-se ao adversário, de quem se manteve próximo desde então — nos últimos anos, tornaram-se mesmo aliados. Foi apontado como um dos possíveis candidatos para vice da candidatura republicana (mas JD Vance acabou por ser escolhido para o cargo).

Pete Hegseth, o veterano de guerra e apresentador da Fox eleito secretário da Defesa

Pete Hegseth, de 44 anos, apresentava, até aqui, o programa Fox&Friends na Fox News

Spencer Platt/Getty Images

Foi um nome recebido com surpresa dentro do setor, que esperava uma escolha com experiência em políticas de defesa. Donald Trump indicou para esta pasta de peso um apresentador de televisão e veterano das Forças Armadas. Pete Hegseth, de 44 anos, apresentava, até aqui, o programa Fox&Friends na Fox News.

Manifestamente contra o que diz serem as “políticas woke do Pentágono”, Pete Hegseth é visto como um nome que será leal a Trump, escolhido a dedo para levar adiante as políticas do republicano, segundo o Politico. É amigo pessoal de Trump — aliás, apoiou o milionário na corrida presidencial de 2016, numa altura em que muitos republicanos hesitaram em fazê-lo — e, segundo a Associated Press, influenciou-o no sentido de libertar militares acusados de crimes de guerra.

No rescaldo das eleições de 2016, Pete Hegseth chegou a ser apontado como secretário dos Assuntos dos Veteranos durante o primeiro mandato de Trump, mas o seu nome foi contestado e não avançou. O ex-apresentador foi diretor da Vets for Freedom e diretor-executivo da Concerned Veterans for America, um grupo financiado pelos irmãos Koch, uma das famílias mais ricas dos EUA ligada ao petróleo. Fez parte da Guarda Nacional do Exército e cumpriu missões no Afeganistão e no Iraque, que lhe valeram duas Estrelas de Bronze, atribuídas por feitos heroicos em combate.

Do exército, para a televisão, para o Pentágono: Trump escolhe Pete Hegseth para secretário da Defesa

Donald Trump salientou que Hegseth foi um “guerreiro pelas tropas e pelo país”. Apelidou-o como “duro, esperto e um verdadeiro crente na ‘América Primeiro’” (America First, o slogan da campanha).

Kristi Noem, a governadora do Dakota do Sul que será secretária da Segurança Nacional

Republicans Hold Virtual 2020 National Convention

Kristi Noem é, ainda, governadora da Dakota do Sul e pertence à ala mais à direita do partido republicano

Photo Courtesy of the Committee

Será o rosto que vai assumir a responsabilidade de uma pasta quente para Donald Trump: a das políticas migratórias. Enquanto secretária da Segurança Nacional, terá de cumprir as promessas do Presidente eleito de implementar uma vigilância mais rigorosa nas fronteiras e a intensificação de operações de deportação em larga escala, medidas centrais para a administração do republicano, de acordo com o que foi anunciando durante a campanha.

Donald Trump considerou a ainda governadora da Dakota do Sul como uma figura “forte na segurança das fronteiras”, realçando a sua experiência em iniciativas locais contra a imigração ilegal. “Ela vai trabalhar juntamente com o nosso ‘czar das fronteiras’, Tom Homan, para assegurar as fronteiras e vai garantir que a nossa pátria americana está segura dos nossos adversários.”

Se for confirmada pelo Senado (câmara alta do Congresso, na qual os republicanos detêm a maioria), Kristi Noem assumirá uma estrutura complexa, responsável pelos órgãos de segurança fundamentais, incluindo o Customs and Border Protection e o Immigration and Customs Enforcement, agências encarregadas de executar as leis de imigração.

É bastante leal a Donald Trump e pertence à ala mais à direita do Partido Republicano. Kristi Noem tem sido uma crítica fervorosa das políticas migratórias da administração do Presidente democrata Joe Biden, alegando que a falta de ação federal fomenta o aumento das taxas de criminalidade, tráfico humano e tráfico de drogas.

Tom Homan, o “duro” ex-polícia que recebe um cargo que não existia: “czar das fronteiras”

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O cargo que ocupa não tem precedente. Donald Trump declarou que escolheu Tom Homan para ser o "czar das fronteiras"

Bloomberg via Getty Images

O cargo que ocupa não tem precedente. Donald Trump declarou que escolheu Tom Homan para ser o “czar das fronteiras”. Vai trabalhar juntamente com Kristi Noem com essa importante missão: ser um “bastião do controlo das fronteiras”.

Além de supervisionar as fronteiras sul e norte e “a segurança marítima e aérea”, Donald Trump disse que Tom Homan “será responsável por toda a deportação de estrangeiros ilegais de volta para o país de origem”. Durante a primeira administração, o republicano foi diretor interino da agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE, na sigla em inglês) entre janeiro de 2017 e junho de 2018.

No mandato enquanto diretor interino, Tom Homan defendeu as mesmas políticas restritivas na entrada de imigrantes que Donald Trump. Foi um dos colaboradores do Projeto 2025 e já apoiou deportações em massa. Participou em várias ações de campanha e é considerado um membro da ala mais à direita no Partido Republicano.

Donald Trump disse na rede social Truth Social que “não tinha dúvidas” de que Tom Homan “fará um trabalho fantástico e que é há muito esperado”. Nos últimos dias, o antigo diretor interino da ICE moderou a retórica, assegurando que os militares não iam deter e prender imigrantes ilegalmente no país e que a ICE ia agir de “forma humana”.

Trump anuncia Tom Homan como novo líder de fronteiras e imigração

“Será uma operação bem direcionada e planeada, conduzida pelos homens da ICE. Os homens e mulheres da ICE fazem-no diariamente. São bons a fazer isso”, assegurou Homan, um ex-polícia nova-iorquino com 62 anos.

Mike Waltz, o veterano de guerra próximo de Trump que se torna conselheiro de Segurança Nacional

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A mulher de Mike Waltz teve um cargo na primeira administração de Trump

CQ-Roll Call, Inc via Getty Imag

O congressista pela Flórida no comité de Negócios Estrangeiros destaca-se pelos longos anos que passou nas Forças Armadas, com missões no Afeganistão, Médio Oriente e em África, como Trump sublinhou no comunicado em que o nomeou. “Será um extraordinário campeão na busca da paz pela força”, elogiou o novo Presidente.

O seu nome chegou a ser apontado pela imprensa como possível secretário da Defesa, mas é como conselheiro de Segurança Nacional que vai fazer a sua estreia num executivo norte-americano. As suas posições vão ao encontro dos restantes nomes confirmados por Trump: é contra a China, Irão e Rússia e apoia a Ucrânia — mas com limites, tendo afirmado que a Casa Branca não deve “cheques em branco” a Kiev — e Israel — apelou a Joe Biden que deixe “Israel acabar o trabalho” em Gaza e no Líbano.

É, sobretudo, visto como um “falcão anti-China” e, nos últimos anos, foi presença assídua constante na Fox News, onde comentava assuntos de política externa. Waltz, um veterano de guerra, serviu em várias missões de combate no Afeganistão e opôs-se veementemente à polémica retirada das forças militares do país, o que foi feito pelo Presidente Joe Biden.

A mulher de Mike Waltz fez parte da primeira administração Trump, pelo que há muito existe uma proximidade com o Presidente eleito. É notório que Trump quis escolher alguém próximo de si para este cargo, já que no primeiro mandato de Trump o lugar sofreu muita turbulência: houve quatro conselheiros, três deles acabaram despedidos.

Elon Musk, o líder do novo “departamento de eficiência governamental” com interesses próprios

epa11718840 Elon Musk listens as US President-elect Donald Trump speaks during a meeting with House Republicans at the Hyatt Regency hotel in Washington, DC, USA, 13 November 2024.  EPA/ALLISON ROBBERT / POOL

Cortar a despesa pública dos EUA "será extremamente trágico e, ao mesmo tempo, divertido”, disse Musk

ALLISON ROBBERT / POOL/EPA

O homem mais rico do mundo, que nasceu na África do Sul, vai chefiar um novo departamento encarregue de garantir a “eficiência governamental”. Trump anunciou na terça-feira que o cargo destinado ao dono da Tesla e da rede social X, que desempenhou um papel inédito na sua campanha, ao mesmo tempo que chamava para a sua administração o empresário Vivek Ramaswamy.

Este novo departamento não se trata de um ministério, pelo que estes dois “jokers” da nova administração não terão de ser aprovados pelo Congresso, nem sujeitos a uma avaliação de conflitos de interesses. Tecnicamente, não são considerados membros do Executivo de Trump. O The New York Times chama a atenção para o facto de Trump não ter esclarecido como é que Elon Musk poderá liderar esta nova agência sem criar esses conflitos de interesses. Isto dado que a SpaceX, do empresário norte-americano, garantiu mais de 10 mil milhões de dólares em contratos federais na última década.

Acresce que tanto a SpaceX, como a Tesla e outras empresas do universo Musk, como a Neuralink, são visadas em pelo menos 20 investigações ou processos judiciais levados a cabo por agências federais. Outro problema: o novo departamento tem a sigla em inglês “doge”, que remete para a criptomoeda que tem sido promovida por Musk, a dogecoin.

Trump indicou que o objetivo de Musk será eliminar “o desperdiço e a fraude massivos” incluídos nos 6,5 biliões (milhões de milhões) de dólares anuais da despesa pública. Musk defendeu, recentemente, um corte de dois biliões em gastos governamentais, o que seria um terço do total. Mas nunca explicou como poderia, ao certo, fazê-lo e em que agências ou departamentos pretende cortar. Na sua rede social, a X, defendeu que ter “99 agências federais é mais do que suficiente” (contabiliza que haja 428, atualmente).

Trump nomeia Elon Musk para liderar novo “departamento de eficiência governamental”. Multimilionário quer cortar 1/3 dos gastos do governo

“Uma ameaça à democracia? Nope, ameaça à burocracia!!!”, frisou. Musk garantiu que tudo o que o novo departamento fizer “vai ser publicado online para máxima transparência”. “Sempre que o público pensar que estamos a cortar em algo importante ou a não cortar em algo que desperdice [verbas públicas], digam-nos”, pediu. Haverá também uma “classificação” para os gastos “mais insanamente estúpidos do dinheiro dos vossos impostos”.

“Isto será extremamente trágico e, ao mesmo tempo, divertido”, finalizou.

Vivek Ramaswamy, o filho de imigrantes indianos ultra-conservador que ajudará Musk

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Vivek Ramaswamy fez um discurso quando tinha 18 anos que se tornou viral

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O empresário norte-americano com 39 anos foi nomeado para a próxima administração Trump ao mesmo tempo que Elon Musk – e os dois vão trabalhar em conjunto. A nova agência vai, “em breve, recolher exemplos de desperdício governamental, fraude e abuso”, escreveu no X. “Os americanos votaram a favor de uma reforma drástica do governo e merecem participar na sua correção. E não vamos avançar gentilmente”, acrescentou.

Ramaswamy — que desistiu da nomeação republicana para a corrida presidencial a favor de Trump — já defendeu eliminar o departamento de Educação, o FBI e o departamento de receita federal, uma agência que faz parte do departamento do Tesouro e é responsável pela cobrança de impostos. Também chegou a dizer publicamente, no ano passado, que o número de trabalhadores públicos ao nível federal deveria ser cortado em 75% e já defendeu cortar o apoio à Ucrânia, Israel ou Taiwan.

O jovem empresário tornou-se conhecido por muitos americanos pelo discurso que fez na cerimónia de graduação da escola secundária, quando tinha 18 anos. “Tenho corrido durante toda a minha carreira escolar mas, agora, quando finalmente cruzámos a linha de chegada, gostaria de ter parado, um pouco mais cedo, para respirar o ar fresco que esteve à minha volta durante todo este tempo”.

Filho de imigrantes indianos – pai engenheiro e advogado de patentes e mãe psiquiatra – várias vezes assumiu ter posições muito duras no controlo da imigração para os EUA. Fez fortuna na área de biotecnologia, logo desde muito novo, e chegou a debater contra Trump (e Ron DeSantis), em meados de 2023, com vista a uma candidatura presidencial que acabou por cancelar, declarando o apoio a Trump.

Vive numa mansão no Ohio, estado onde nasceu e cresceu. É contra o aborto, que já chamou de assassínio, anti-políticas ambientais e contra as políticas LGBT, sobretudo os transsexuais, que considera doentes mentais.

Robert F. Kennedy Jr., o negacionista das vacinas que vai ser Secretário da Saúde e Serviços Humanos

epa11562391 Robert F. Kennedy Jr. arrives at an election rally for Republican presidential nominee Donald J. Trump at the Desert Diamond Arena in Glendale, Arizona, USA, 23 August 2024. The US presidential election takes place on 05 November 2024. Kennedy announced earlier today that he is ending his campaign for the presidency and endorsing Republican presidential nominee Donald Trump.  EPA/ALLISON DINNER

Kennedy concorreu como candidato independente, mas trocou-a pelo apoio a Trump e um lugar na sua administração

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Se Trump quer “fazer a América grande outra vez”, Robert F. Kennedy Jr. prefere “fazer a América saudável outra vez”. Já lhe tinha sido prometido um cargo na administração, quando trocou a sua candidatura presidencial independente (depois da rutura com o partido democrata de que a família Kennedy sempre fez parte) pelo apoio a Donald Trump. Mas nas suas mãos terá mesmo todo o Departamento da Saúde e Serviços Humanos (HHS), para “garantir que todos estão protegidos de químicos, poluentes, pesticidas, produtos farmacêuticos e aditivos na comida que têm contribuído para a crise da saúde neste país”, como escreveu Trump.

O sobrinho de JFK quer combater “a desinformação e as mentiras” promovidas pela FDA (Food and Drug Administration, uma das onze agências que vai tutelar) e acabar com “a epidemia das doenças crónicas” que diz existir nos Estados Unidos e pelas quais culpa as indústrias alimentar e farmacêutica. A sua preocupação com a nutrição ainda lhe vale alguns apoios, mas a sua visão negacionista da vacinação liga alarmes entre profissionais de saúde, que definem a escolha como “assustadora”, “preocupante” e “arriscada”. Kennedy subscreveu a popular teoria da conspiração de que as vacinas causam autismo e apelou à utilização de hidroxicloroquina para combater a Covid-19, contra as recomendações da FDA.

As prioridades para o seu potencial mandato já tinham ficado bem definidas ainda antes das eleições. “A guerra da FDA contra a saúde pública está prestes a acabar”, escreveu numa publicação no X. “Se trabalhas na FDA ou fazes parte deste sistema corrupto, tenho duas mensagens para ti: 1. Guarda os teus registos, e 2. Arruma as malas”.

Lee Zeldin, o cético de Acordos de Paris à frente da Agência de Proteção Ambiental

epa09568662 Republican Representative Lee Zeldin from New York attends a panel during the 2021 Republican Jewish Coalition National Leadership Meeting at the Venetian hotel and casino in Las Vegas, Nevada, USA, 06 November 2021.  EPA/CAROLINE BREHMAN

Lee Zeldin foi congressista, senador e agora foi escolhido por Donald Trump, de quem é amigo pessoal

CAROLINE BREHMAN/EPA

Foi congressista, senador e agora foi escolhido por Donald Trump, de quem é amigo pessoal, como diretor da Agência de Proteção Ambiental (EPA). “Vai garantir que são tomadas decisões de desregulação rápidas e justas que impulsionarão a força das empresas americanas, mantendo ao mesmo tempo os mais elevados padrões ambientais”, justificou o futuro Presidente norte-americano.

Por sua vez, Lee Zeldin prometeu “restaurar a dominância energética dos Estados Unidos da América, revitalizar a indústria automóvel e tornar o país no líder global da IA [Inteligência Artificial]. Vamos fazer isso enquanto protegemos o acesso a água e ar limpo”. O político republicano tem criticado diretamente as “regulações da esquerda” que vão contra a “prosperidade económica”.

Alinhado com Donald Trump em vários tópicos, Lee Zeldin é também crítico dos Acordos de Paris para o clima — o republicano já desvinculou os Estados Unidos da América dos Acordos uma vez e é esperado que o faça novamente.

John Ratcliffe, o homem que liderou a Agência Central de Informação e, agora, vai ser diretor da CIA

epaselect epa08402864 John Ratcliffe sits after arriving to attend the Senate Select Committee on Intelligence hearing on his nomination to be the Director of National Intelligence, on Capitol Hill in Washington, DC, USA, 05 May 2020. The Republican-led Senate returned to session this week, despite strong criticism from Democrats who say the ongoing coronavirus COVID-19 pandemic makes convening unsafe. The Senate is scheduled to meet regarding confirmations and to hold hearings, while the House of Representatives extended recess until 11 May.  EPA/MICHAEL REYNOLDS

John Ratcliffe tem criticado como a administração Biden tem lidado com a guerra no Médio Oriente

MICHAEL REYNOLDS/EPA

Vai tornar-se na primeira pessoa a presidir a duas cúpulas dos serviços secretos nacionais — foi diretor da Agência Central de Informação [National Intelligence], durante a primeira administração Trump, agora irá liderar a CIA.

Com 59 anos, começou a carreira política no Congresso, como representante do Texas, e no primeiro mandato de Trump, em 2019, foi nomeado para o importante cargo de chefe dos serviços de informação. O seu nome foi, na altura, contestado e o Presidente recuou. Mas voltaria em 2020 — Trump considerou que Ratcliffe tinha sido “tratado de forma injusta” — e, dessa vez, assumiu mesmo o cargo e ficou até ao final do mandato de Trump. Regressa, agora, para a CIA.

“Guerreiro pela verdade” ou “apreciador de conspirações”? Trump escolhe John Ratcliffe para diretor da CIA

Trump chamou-lhe um “guerreiro pela verdade e honestidade” que “será um lutador destemido pelos direitos constitucionais dos americanos”.

Enquanto diretor da National Intelligence divulgou informação não verificada sobre a influência russa nas eleições presidenciais de 2016, lembrou a CNN. Na altura, foi acusado de usar os serviços secretos para dar força a Trump, numa altura em que se aproximavam as eleições de 2020. Foi ainda vice do Centro de Segurança Americana, um think tank com ligações aos republicanos.

Mais recentemente, tem criticado a forma como a administração Biden tem lidado com a guerra no Médio Oriente. Em junho, defendeu que a ameaça do Presidente cessante de suspender o envio de armas para Israel devido às operações em Gaza tinha colocado em risco um aliado fundamental. E considerou que o Chefe de Estado não foi suficientemente duro com o Irão.

Tulsi Gabbard, a democrata convertida ao MAGA escolhida para diretora nacional dos Serviços Secretos

Tulsi Gabbard será Diretora Nacional de Informação, cargo em que vai coordenar as 18 agências norte-americanas que compõem a comunidade dos Serviços Secretos.

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Ex-militar, ex-congressista e crítica de Trump convertida entretanto ao movimento MAGA (Make America Great Again), Tulsi Gabbard foi nomeada Diretora Nacional de Informação, cargo que tem a responsabilidade de coordenar as 18 agências norte-americanas que compõem a comunidade dos Serviços Secretos.

“Sei que a Tulsi vai trazer um espírito sem medos, que definiu a sua ilustre carreira, para a nossa comunidade de informação, lutando pelos nossos direitos constitucionais e assegurando a paz através da força. A Tulsi vai deixar-nos a todos orgulhosos”, pode ler-se no comunicado de Trump que anunciou a nomeação. Gabbard respondeu com um agradecimento pela “oportunidade de defender a segurança e a liberdade do povo americano”.

O Presidente eleito destaca “o apoio amplo” que a nomeada reúne em ambos os partidos. Isto porque Gabbard cumpriu quatro mandatos no Congresso como representante do Estado do Hawaii, pelo partido democrata, do qual só saiu em 2022, depois de ter participado nas primárias para as eleições de 2020. Mas a conversão ao movimento MAGA foi rápida: fez toda a campanha ao lado de Donald Trump, ajudou-o a preparar-se para os debates televisivos e integrou a sua equipa de transição (à qual se juntou ao lado de Robert F. Kennedy).

Gabbard já tinha expressado que seria “uma honra” integrar a administração Trump, com o objetivo de “prevenir a III Guerra Mundial e a guerra nuclear”. Apesar de ter cumprido três missões ao serviço do exército norte-americano, no Médio Oriente e em África, tem defendido que a guerra deve ser sempre “o último recurso”. “Uma atitude contraditória face ao exército: reverente do seu poder, mas cética do seu uso”, resume a CNN.

É uma posição cinzenta que a aproxima de Donald Trump, à qual se soma uma apreciação pouco tradicional pelos adversários históricos dos EUA, grupo em que se inclui Vladimir Putin — “a Rússia tem preocupações legítimas com a sua segurança face à Ucrânia” — e Bashar al-Assad — “não é o inimigo”. Mesmo quando era democrata e crítica de Trump partilhava com ele uma política isolacionista e de não-intervenção em conflitos internacionais.

Tulsi Gabbard: democrata convertida ao MAGA vai ser diretora nacional dos Serviços Secretos

Apesar de as suas posições se terem alterado pouco ao longo do tempo, a relevância do papel que vai ocupar agora não é clara. Por um lado, o cargo de Diretora Nacional de Informação é relativamente recente — só existe desde 2005. Por outro, apesar de coordenar 18 agências, a verdade é que a única que realmente se destaca é a CIA. Tanto que a passagem de John Ratcliffe de Diretor Nacional de Informação a diretor da CIA foi entendida pela imprensa norte-americana como uma promoção.

Matt Gaetz o novo e polémico procurador-geral dos EUA

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Matt Gaetz tem um passado marcado por várias polémicas judiciais

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O Presidente eleito dos Estados Unidos da América (EUA) escolheu, esta quarta-feira, o até agora congressista da Flórida Matt Gaetz para o importante cargo de procurador-geral norte-americano. A novidade foi anunciada numa publicação na Truth Social, rede social de Donald Trump.

“É uma grande honra anunciar o congressista Matt Gaetz como procurador-geral. Matt é um procurador dotado e tenaz, que estudou na Universidade de Direito William & Mary e que se distinguiu no Congresso pelo seu foco em levar a cabo a reforma desesperadamente necessária ao Departamento de Justiça”, disse Donald Trump, acrescentando que o congressista vai terminar com “a instrumentalização partidária do sistema judicial”.

Pertencente à ala mais à direita do Partido Republicano e sendo bastante leal a Donald Trump, Matt Gaetz irá, de acordo com o futuro Presidente dos EUA, “desmantelar a comissão judicial” na Câmara dos Representantes, que supervisiona o Departamento de Justiça. “O Matt desempenhou um papel vital em derrotar a fraude da Rússia e a expor a corrupção sistemática governamental e a instrumentalização da Justiça”. “Ele é um campeão da Constituição e do Estado de Direito”, acrescentou.

A escolha deste cargo é um dos mais importantes nesta segunda administração Trump, dado que vai lidar com os processos judiciais em que o próprio Presidente eleito está envolvido. O próprio Matt Gaetz tem um passado marcado por várias polémicas judiciais. Foi investigado por ter desempenhado um papel numa rede de tráfico sexual, mas acabou por ser ilibado pelo Departamento de Justiça.

Donald Trump escolhe polémico aliado Matt Gaetz para procurador-geral

Ainda assim, Matt Gaetz esteve sob investigação da Comissão de Ética da Câmara dos Representantes por conduta sexual imprópria e pelo uso ilícito de drogas. Alegadamente, segundo testemunhas, o congressista terá ido a uma festa com contornos sexuais com uma menor de 17 anos, em que terá consumido drogas ilícitas. Gaetz tem negado sempre as acusações de que é alvo.

Elise Stefanik, “estrela republicana” profundamente pró-Israel, nomeada embaixadora na ONU

epa10004349 Republican Representative from New York Elise Stefanik (C), Republican Representative from Indiana Jim Banks (L) and House Minority Leader Kevin McCarthy (R) attend a news conference with other House Republicans, on Capitol Hill in Washington, DC, USA, 09 June 2022. As hearings begin of the House Select Committee to Investigate the January 6th Attack on the United States Capitol, House Minority Leader McCarthy and fellow Republican leaders called the committee 'illegitimate'.  EPA/MICHAEL REYNOLDS

Elise Stefanik tem sido muito crítica da Organização das Nações Unidas, acusando-a de antissemitismo

MICHAEL REYNOLDS/EPA

“Uma forte, dura e inteligente lutadora americana” e “uma estrela republicana”. É assim que o Presidente eleito Donald Trump definiu a congressista Elise Stefanik, que vai passar a ocupar o cargo de embaixadora norte-americana junto das Nações Unidas, organismo liderado por António Guterres. A relação de Stefanik com as Nações Unidas, porém, está longe de ser pacífica.

A republicana tem sido muito crítica da organização, acusando-a por várias vezes de antissemitismo. Stefanik apelou “a uma reavaliação total do financiamento dos EUA às Nações Unidas“, devido ao apoio da ONU à Autoridade Palestiniana, o que Stefanik disse ser “um constante ataque antissemita ao direito de Israel existir”, num comunicado publicado a 16 de outubro deste ano.

A congressista foi, ainda, uma das maiores apoiantes do bloqueio de fundos à agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), devido às acusações de ligações ao Hamas.

Stefanik destacou-se, também, pelas posições duras que assumiu durante as audições do Congresso aos reitores de várias universidades, em dezembro do ano passado. Em causa estavam os protestos pró-Palestina que ocuparam muitos dos campus universitários no país. Stefanik acusou os reitores de não fazerem o suficiente para impedir o “discurso de ódio antissemita” dos manifestantes e exigiu a sua demissão — os diretores da Universidade da Pensilvânia e de Harvard chegaram mesmo a apresentar a demissão pouco depois da audição.

A “estrela republicana” profundamente pró-Israel: Trump escolhe Elise Stefanik para embaixadora na ONU

William McGinley, antigo colaborador de Trump, será conselheiro jurídico da Casa Branca

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O cargo que William J. McGinley irá ocupar funciona, muitas vezes, como o ponto de contacto entre a Casa Branca e o Departamento de Justiça

CQ-Roll Call, Inc via Getty Imag

Trabalhou no gabinete presidencial, na Casa Branca, durante a primeira administração Trump, mas saiu em 2019 para regressar à prática jurídica privada (é sócio da firma Holtzman Vogel). Segundo o The New York Times, McGinley foi contratado este ano como consultor externo na equipa de integridade eleitoral do Comité Nacional Republicano. “O Bill é um advogado inteligente e tenaz que me ajudará a avançar na nossa agenda AmericaFirst (América Primeiro), enquanto luta pela integridade eleitoral e contra a transformação da aplicação da lei em arma”, disse Trump.

O conselheiro jurídico tem a função de representar a presidência e atua como conselheiro em questões jurídicas e éticas e aconselha também o Presidente nas nomeações judiciais e executivas. Isso inclui uma influência importante em questões como a nomeação de juízes para o Supremo Tribunal dos EUA. Além disso, quem ocupa este cargo serve, muitas vezes, de ponto de contacto entre o núcleo da Casa Branca e o Departamento de Justiça.

Stephen Miller, ex-conselheiro vai ser diretor-adjunto de política interna

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Stephen Miller esteve por detrás da decisão de separar milhares de famílias de imigrantes como estratégia de um programa de dissuasão de imigração ilegal, em 2018

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Para diretor-adjunto de Administração Interna, Donald Trump escolheu uma figura da linha dura na política migratória. Foi conselheiro principal no primeiro mandato do magnata na Casa Branca e tem sido uma figura central em muitas das suas decisões políticas, nomeadamente na separação de famílias de imigrantes como estratégia de um programa de dissuasão de imigração ilegal, em 2018, e tem ajudado a elaborar muitos dos seus discursos e dos seus planos mais radicais.

Desde que Donald Trump terminou o seu primeiro mandato, Stephen Miller tem desempenhado as funções de presidente da America First Legal, uma organização de ex-assessores do líder republicano formada como uma versão conservadora da União Americana pelas Liberdades Civis, desafiando a administração de Joe Biden, empresas de comunicação social, universidades e outras organizações sobre questões sociais, como liberdade e direitos civis.

Trump indica antigo conselheiro para chefe de gabinete-adjunto da Casa Branca

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