Aveiro, terra de mar e de ria, terra de sal e dos moliceiros, da cura do bacalhau, dos ovos moles, da Arte Nova e de uma série de outras características que, todas juntas, criam a imagem que temos dela. E, desde o ano passado, Aveiro é também terra onde o fogo tem tendência para se acender junto ao mar.
Este ano, e pela segunda vez consecutiva, a bela cidade da Ria recebe mais uma edição pop-up do Chefs on Fire. Vai ser no Parque Infante Dom Pedro – a que os aveirenses popularmente chamam Parque da Macaca – que alguns dos mais conceituados chefs do País vão mostrar a sua perícia com o fogo em várias versões e abordagens. Há pratos de peixe, pratos de carne, vegetarianos e sobremesas para todos os gostos. Em comum, todos os pratos têm a particularidade de serem cozinhados apenas com recurso ao fogo.
O conceito do Chefs on Fire é já amplamente conhecido pelos apreciadores de experiências gastronómicas diferentes. No fundo, trata-se de contrariar o que nos dizem o senso-comum e os ensinamentos em família, “com a comida não se brinca”, “não brinques com o fogo”. Ai não? Pois é precisamente isso que os chefs presentes no evento fazem: brincam com o fogo e com a comida.
Esta é, contudo, uma brincadeira muito séria. De tal modo, que no topo das prioridades da organização do Chefs on Fire estão as preocupações com o equilíbrio, a sustentabilidade e a ausência de desperdício. Para não ir mais longe, podemos falar da política de restituição florestal: por cada árvore cuja lenha serve para incendiar o firepit do festival, uma nova é plantada no seu lugar, garantindo assim que não é causado qualquer dano e reduzindo o impacto ambiental. Mais alguns detalhes: a loiça descartável é toda feita de polpa de cana-de-açúcar, os talheres de madeira e os guardanapos de papel reciclado. Há ainda a garantia de que é dada primazia à produção nacional, que é completamente rastreada, da origem até ao fogo, de forma a garantir as boas práticas de criadores e produtores.
Quanto à cozinha, em si, não é uma cozinha, propriamente dita. Pelo menos, não uma convencional. Os chefs cozinham em fogueiras feitas no chão. Pode parecer pouco sofisticado, mas as experiências das edições anteriores apontam na direção contrária: cozinhar com o fogo é uma arte que exige muita técnica, boas escolhas e abordagens adequadas, para que a prática aparentemente rude tenha resultados absolutamente impressionantes. E a verdade é que esses resultados têm sido obtidos, edição após edição.
Como vem sendo habitual na programação dos Chefs on Fire pop-up, a programação divide-se, ao longo dos três dias, em dois turnos, o almoço e o jantar. Quatro chefs por dia, cada um com a sua especialidade – peixe, carne, vegetariano e sobremesa – asseguram os cozinhados no fogo. Em cada período haverá um artista nacional a garantir a animação dos participantes. Ou seja, além do fogo e do fumo, haverá muita música, demonstrando, uma vez mais que, além de um festival gastronómico, o Chefs on Fire é um ponto de encontro, um pretexto para as pessoas se juntarem e se divertirem, enquanto comem o que os chefs de eleição preparam.
Alguns desses chefs trabalham em restaurantes com estrelas Michelin. Outros, não tendo estrela, vêm destacados no célebre guia de restaurantes. Nesta edição do Chefs on Fire pop-up Aveiro, o cabeça de cartaz é Diogo Formiga, hoje Head Chef do Encanto, em Lisboa, restaurante de alta cozinha vegetariana fundado por José Avillez, a cujo grupo pertence. O Encanto tem uma estrela Michelin.
Para o chef Diogo Formiga, nascido em São Pedro do Sul, que hoje vive em Cascais e está sediado em Lisboa, a participação nesta edição Chefs on Fire pop-up Aveiro é um regresso à sua “segunda casa”. Porquê? Porque foi na Universidade de Aveiro que o chef estudou Biologia, durante a licenciatura, e Biologia Marinha, no mestrado. Tornou-se biólogo? Não. Todavia, Diogo Formiga garante que o que aprendeu em Biologia lhe é, não apenas útil, mas mesmo precioso na profissão que acabou por escolher. Segundo o chef, a consciência do que é a vida na natureza e o saber científico são ferramentas inestimáveis na escolha e confeção dos produtos, além de terem igualmente uma enorme utilidade para garantir práticas sustentáveis. O chef Diogo Formiga terá a seu cargo o encerramento do cartaz, no dia 21, com uma sobremesa que pode ser toscamente resumida assim: é um arroz-doce muito complexo. Inclui chocolate branco e amêndoa, além de mirtilo na brasa – obviamente, feito no fogo.
Além do principal nome, o cartaz inclui, entre outros, Mónica Gomes, do Olaias (Figueira da Foz) – dia 20, peixe -, e Angélica Salvador, do IN Diferente (Porto) – dia 21, vegetariano -, ambas de restaurantes com uma distinção Bib Gourmand no Guia Michelin. Duarte Eira, do Salpoente (Aveiro) – dia 19, carne -, David Jesus, do Seiva (Leça da Palmeira) – dia 20, sobremesas -, ou Ana Leão, do Babel (Porto) – dia 21, carne – também merecem destaque na programação.
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19 de julho
- Peixe: Ricardo Casqueiro – Bonito fumado e grelhado
- Carne: Duarte Heira – Hambúrguer de Marinhoa
- Vegetariano: Tiago Feio – Portobello, Mojo Roto, Citrinos
- Sobremesa: Telmo Moutinho – Citrinos, Algas e Chocolate Branco
20 de julho
- Peixe: Mónica Gomes – Arroz do Baixo Mondego de Peixe, Coentros e Limão
- Carne: João Correia – Bun Sandwich de Leitão, Mexilhão, Cebolinho e Lima
- Vegetariano: Fernando Cardoso – Beterraba, Cebolas e Mirtilos
- Sobremesa: David Jesus – Waffle Merengada
21 de julho
- Peixe: Ricardo Dias Ferreira – Dourada na Espinha Grelhada, Mayo de Bulhão Pato, Pão Parata
- Carne: Ana Leão – Cachaço de Porco Grelhado, Batata no Fogo e Salada de Funcho
- Vegetariano: Angélica Salvador – Arroz Frito, Ovo Fumado, Iogurte Grego e Caju
- Sobremesa: Diogo Formiga – Arroz-doce, Amazake, Amêndoa, Mirtilo na brasa, Chocolate Branco de Amêndoa e Shiso
Quanto à música, o cartaz apresenta, no dia 19, Yakuza, ao almoço, e DJ Glue, ao jantar. No dia 20, Monday anima a primeira refeição e Moullinex △ GPU Panic têm a seu cargo a atuação da hora de jantar. A fechar, no dia 21, temos primeiro Rita Vian e, no final, Pedro Mafama.
“Food, fire, music”, são as três palavras que dão o mote para aquilo que é o Chefs on Fire, uma ideia de Gonçalo Castel-Branco, CEO & Chief Curator na LOHAD. O conceito partiu da pergunta: “O que é que verdadeiros chefs de renome fariam, e como é que fariam, se tivessem de cozinhar num firepit?” A resposta, voilá, pode ser encontrada em Aveiro dentro de dias.
Os bilhetes dividem-se por turnos, um ao almoço e outro ao jantar, e custam €40 cada, dando direito a quatro doses de pratos – de carne, de peixe e vegetarianos, além de sobremesa. Para as crianças dos 6 aos 12 anos, o preço do bilhete é €20, incluindo duas doses e uma bebida.
“Ter um evento com o Chefs on Fire em Aveiro é um contributo para continuarmos a distinguir o nosso território pela qualidade das propostas que apresentamos e pela afirmação dos valores da Região, da Cidade e do Município de Aveiro. Um desses importantes valores agregados ao nosso território é a gastronomia. No ano em que somos Capital Portuguesa da Cultura, quisemos que o Chefs on Fire voltasse a Aveiro, com essa marca tão forte da portugalidade, que é sentarmo-nos à mesma mesa para saborearmos algumas das inúmeras iguarias do nosso País, como pretexto para termos um bom momento de convívio com a nossa família e com os nossos amigos.”, afirma o Presidente da CMA, Ribau Esteves.
Depois do Chefs on Fire pop-up Aveiro, nos dias 19, 20 e 21 de julho, o festival regressa ao seu formato original, no seu ponto de origem, em Cascais, nos dias 20, 21 e 22 de setembro.