Quando se diz que Portugal “dá lucro”, excluindo as responsabilidades com o pagamento da dívida — como fizeram recentemente Catarina Martins e Marisa Matias, do Bloco de Esquerda — isso mostra que somos governados por pessoas comparáveis a “alguém que vai pedir ajuda ao balcão de sobreendividados da DECO mas garante que ‘está tudo muito bem, só não consigo pagar a dívida´”. Em entrevista ao Observador, Daniel Bessa diz que este é um tipo de raciocínio que não vem só dos partidos mais à esquerda mas, também, de um Partido Socialista onde os “pedronunistas” têm cada vez mais influência, pese embora a “mestria” de António Costa a conter essa transformação do partido em algo “muito diferente do que era dantes”, do que era no tempo de Mário Soares e do tempo em que Daniel Bessa foi ministro da Economia (de Guterres).

Daniel Bessa acredita que Mário Centeno não irá fazer outro mandato como ministro das Finanças, até para não ter de ser ele a “gerir as consequências da política que tem sido seguida”. Depois de anos em que o Governo “não investiu nada”, agora estão a ser lançados “novos investimentos todos os dias, talvez para promover o ministro Pedro Marques”, mas já a partir do próximo ano “não vai haver dinheiro para esses investimentos todos”. “Vão ter de pagar às farmácias… Vão ter de recrutar os funcionários para resolver o problema das 35 horas. Não vão querer reduzir os salários ou aumentar os impostos… Têm os compromissos que foram agora anunciados em matéria de investimento… A maionese não prende, como se costuma dizer”, afirma Daniel Bessa, atirando que “o Diabo não chegou, mas isto está por arames”.

O professor de Economia e ex-ministro, que hoje é presidente dos conselhos fiscais de empresas como a Galp e a Sonae, diz, também, que tem “poucos amigos” mas hoje tem maior “proximidade” com pessoas do PSD do que do PS. E diz ter uma “enorme consideração” por Pedro Passos Coelho, alguém que, “se Portugal fosse um país equilibrado”, seria mais bem aproveitado do que “apenas a dar umas aulas numa universidade” em Lisboa.

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