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Depois da testagem em massa feita nas escolas, avança agora a vacinação dos professores

NurPhoto via Getty Images

Depois da testagem em massa feita nas escolas, avança agora a vacinação dos professores

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Escolas ainda não sabem quando e como vai ser a vacinação de professores e funcionários

Às escolas ainda não chegou nenhuma informação oficial sobre o arranque da vacinação. Em Madrid, depois da vacinação em massa de professores, muitos tiveram de pôr baixa devido aos efeitos adversos.

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“Em princípio…” Quando se fala da vacinação de professores é, por enquanto, impossível não usar esta expressão no início de cada frase. Em princípio, os docentes da educação pré-escolar e do 1.º ciclo serão vacinados no próximo fim de semana (27 e 28 de março). Em princípio, seguem-se os do 2.º e 3.º ciclo, e, depois, os do secundário. Em princípio, até 18 de abril todos terão tomado a primeira dose da vacina da AstraZeneca.

Aos diretores de agrupamentos escolares não chegou ainda qualquer informação oficial sobre quando arranca a vacinação, confirmou o Observador junto de várias escolas. Apesar disso, nas redes sociais e nos blogues de educação — como no Blog DeAr Lindo, um dos mais lidos do país — já corre um suposto calendário que aponta que os professores serão vacinados ao longo de quatro fins de semana, divididos por ciclos.

As datas apontadas são as seguintes:

  • 27 e 28 de março: educação pré-escolar e 1.º ciclo
  • 3 e 4 de abril: creches e AEC (atividades extra-curriculares)
  • 10 e 11 de abril: 2.º e 3.º ciclo
  • 17 e 18 de abril: ensino secundário

Não é, seguramente, o calendário oficial. Apesar da insistência do Observador, que procurou confirmar estas datas, também avançadas pela SIC, sem citar fontes, a task force que coordena a vacinação em Portugal não respondeu às perguntas. Já o Ministério da Educação, de novo, remete mais esclarecimentos para aquela entidade, tal como o ministro tem feito nas várias vezes em que foi questionado sobre o tema. Diretores e professores também não conhecem mais pormenores.

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Já depois de publicado este texto, a task force respondeu às nossas questões: no fim de semana anterior à Páscoa serão vacinadas os docentes da educação pré-escolar e 1.º ciclo. Depois de uma interrupção durante a época pascal, os demais professores serão vacinados a 10 e 11 de abril.

Fact Check. Professores já têm calendário oficial para serem vacinados?

“Oficialmente, não fui informado de nada. Oficiosamente, sei que será no próximo fim de semana”, diz Manuel Pereira, presidente da ANDE, associação nacional de dirigentes escolares, reportando-se a declarações feitas na semana passada pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

Na quinta-feira, o coordenador da task force apontava o início da vacinação para essa data. “Em princípio, para além de fazermos o arranque da vacinação com a AstraZeneca esta segunda-feira [22 de março], os docentes serão vacinados no fim de semana seguinte”, disse então o militar.

Governo quer vacinar este fim de semana todos os professores e auxiliares do pré-escolar e 1º ciclo

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, também garante que nada lhe foi comunicado.

"Em princípio, para além de fazermos o arranque da vacinação com a AstraZeneca esta segunda-feira [22 de março], os docentes serão vacinados no fim-de-semana seguinte.”
Vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force para a vacinação, a 18 de março

Nas escolas, as listas estão feitas

Apesar de não terem muita informação, os diretores não estão preocupados. “Já está tudo preparado da nossa parte. Basta que nos avisem com 24 horas de antecedência”, argumenta Manuel Pereira, diretor do Agrupamento de Escolas General Serpa Pinto de Cinfães.

O ‘tudo preparado’ refere-se às listagens do pessoal docente e não docente que deve ser vacinado, triagem que as escolas também tiveram de fazer para a testagem em massa que teve início na passada semana. O rol de nomes já foi entregue ao Ministério da Educação — a única parte que cabe à equipa do ministro Tiago Brandão Rodrigues na parceria com o Ministério da Saúde e a task force — uma vez que a inoculação dos professores foi atrasada uma semana, devido à suspensão temporária (e já levantada) do uso da vacina da AstraZeneca.

Aos sindicatos dos professores também não chegou qualquer informação, mas, como lembra Mário Nogueira, líder da Fenprof, não há qualquer obrigatoriedade de serem informados. O sindicalista acredita que a luz verde oficial deverá chegar às escolas mais perto do fim de semana.

Vacina da AstraZeneca suspensa em Portugal. Imunização de professores e pessoal não docente adiada

“Aqui em Coimbra já tinha havido uma reunião na passada semana entre os diretores das escolas, os representantes da câmara municipal e da task force porque a vacinação era para ter começado no fim de semana passado. Tinham as listas já todas organizadas, sabíamos que ia decorrer no centro de vacinação preparado no Pavilhão Mário Mexia, mas depois, na sexta-feira, ficou tudo suspenso”, conta o secretário-geral da Fenprof.

Quanto ao calendário, Mário Nogueira nada sabe, apenas que na reunião com as escolas de Coimbra foi avançado que a vacinação seria dividida em três fases, sem serem dados mais detalhes. “Claro que cada fase pode ter vários momentos, e o que os professores assumiram é que seria seguida a ordem de regresso ao ensino presencial.”

Depois das creches, pré-escolar e 1.º ciclo terem retomado as aulas presenciais a 15 de março, já depois das férias da Páscoa, a 5 de abril, será a vez do 2.º e do 3.º ciclo. Ensino secundário e ensino superior regressam 19 de abril, mas os professores de universidades e politécnicos estão fora desta fase de vacinação.

Vacinação de 200 mil professores em dois fins de semana?

Enquanto a informação oficial não chega, Luís Marques Mendes garantiu que os professores serão inoculados já nos dois próximos fins de semana.

“Um grande número de professores, cerca de 200 mil, vai ser vacinado em dois fins de semana, no próximo e no fim de semana seguinte à Páscoa, numa experiência nova que a task force da vacinação vai lançar”, disse no domingo, no seu comentário semanal na SIC.

Marques Mendes diz que vacinação em massa começa no próximo fim de semana

“É uma vacinação intensiva, concentrada em dois fins de semana, em grandes espaços disponibilizados pelas autarquias — só nestes dois fins de semana as autoridades esperam vacinar 200 mil pessoas ou mais. Esta é a primeira experiência de vacinação em massa, mas será um ensaio para repetir no futuro”, acrescentou o comentador.

Ao que o Observador apurou, a task force pretendia testar a vacinação em massa e o funcionamento dos centros regionais em grupos de pessoas com idade inferior a 65 anos. As escolas e os professores eram o sítio ideal, para além de haver pressão dos sindicatos de docentes nesse sentido, apesar de especialistas, como Manuel Carmo Gomes, sempre terem defendido não existir evidência científica que leve a ter professores nos grupos de risco de vacinação.

"Um grande número de professores, cerca de 200 mil, vai ser vacinado em dois fins de semana. No próximo fim de semana e no fim de semana a seguir à Páscoa. (...) Só nestes dois fins de semana as autoridades esperam vacinar 200 mil pessoas ou mais."
Marques Mendes, 21 de março

Vacinar todos ao mesmo tempo. Exemplo de Madrid correu mal

Em Espanha, na comunidade autónoma de Madrid, uma boa notícia foi ensombrada por uma má notícia, como resumiu o presidente da associação de diretores escolares da região, quando dezenas de professores faltaram às aulas, sem aviso prévio, depois de terem sido imunizados com a vacina da AstraZeneca.

Perante este exemplo, o Observador questionou a task force sobre se a possibilidade de uma situação semelhante ocorrer foi avaliada e se foram tomadas as devidas providências para evitar que as escolas se vejam a braços com baixas inesperadas. Também esta pergunta ficou sem resposta.

Madrid. Pelo menos 91 professores faltaram às aulas depois de serem vacinados

A comunidade de Madrid deu início, na sexta-feira 26 de fevereiro, à vacinação em massa dos docentes e muitos deles foram inoculados durante o fim de semana. Na segunda-feira seguinte, dezenas de professores sentiam os efeitos secundários, como febre e dores no corpo, e não conseguiram ir trabalhar, não tendo tempo de avisar em tempo útil as escolas para se prepararem para a sua ausência. O caso, vivido na cidade de Leganés, município de Madrid, foi denunciado pela Federação de Associações de Pais e Mães de Alunos (FAPA) Giner de los Ríos.

“É uma pena que boas notícias como a vacinação dos professores sejam feitas de forma tão mal feita, de forma apressada e improvisada, e no final acabe por ser um problema”, disse, à data, o presidente da Associação de Diretores dos Institutos da Comunidade de Madrid (Adimad), Esteban Álvarez León.

(Texto atualizado às 11:57 de 23 de março com a resposta da task force)

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