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epa09784972 A turret of burned Russian tank is left abandoned after the Ukrainian army attacked it the previous day near the city of Kharkiv, Ukraine, 25 February 2022. Russian troops entered Ukraine on 24 February prompting the country's president to declare martial law and triggering a series of announcements by Western countries to impose severe economic sanctions on Russia.  EPA/SERGEY KOZLOV
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SERGEY KOZLOV/EPA

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Grupo Wagner. Os homens de guerra do Kremlin para apanhar Zelensky

O Grupo Wagner não existe formalmente, mas Putin reconheceu a sua existência. Usa equipamentos, documentos e os hospitais militares russos, mas não faz parte das forças armadas.

São mais de 400 homens e têm uma missão muito específica: apanhar o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e abrir caminho para o controlo da Rússia sobre a Ucrânia. A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo The Times. Estes homens pertencem ao Grupo Wagner, que o jornal britânico descreve como uma milícia privada dirigida por um aliado próximo de Vladimir Putin e que, na verdade, já se encontra em território ucraniano desde janeiro. Só nesse mês, chegaram entre dois e quatro mil “mercenários” à Ucrânia, que foram diretamente para as províncias de Donetsk e Lugansk, e outros 400 que entraram pela Bielorrússia e fizeram caminho em direção à capital.

Estes operacionais, de acordo com o mesmo jornal, estão apenas à espera de luz verde por parte do Presidente russo, que lhes disse para aguardar pelo fim das ‘negociações-fachada’ — Putin terá informado o grupo de que o diálogo com a delegação ucraniana não terá qualquer resultado. Em troca da missão — que está a ser preparada há cinco semanas e inclui o assassinato de 23 personalidades, entre eles Zelensky, o primeiro-ministro ucraniano, o presidente da câmara de Kiev e o irmão, Vitali e Wladimir Klitschko —, os operacionais do Grupo Wagner irão receber, nos próximos dias, um bónus chorudo e uma saída da Ucrânia até ao final da semana.

Mayor de Kiev e o seu irmão, dois ex-campeões mundiais de boxe, juntam-se à luta armada contra a Rússia

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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, durante uma conferência de imprensa sobre a atual situação da Ucrânia. 26 de fevereiro de 2022

O Grupo Wagner, segundo o The Times, tem ordens para apanhar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky

UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE HANDOUT/EPA

O grupo que “não existe” e que nem sequer é legal — e as vantagens para Putin

Há um pormenor, contudo, em relação a este grupo, que está longe de ser desconhecido e já influenciou teatros de guerra um pouco por todo o mundo: o Grupo Wagner, formalmente, não existe, realça o Center for Strategic and International Studies (CSIS), um think tank que se dedica ao estudo de questões políticas, económicas e de segurança em todo o mundo. Isto é, não há registo deste grupo nem na Rússia nem em qualquer outro país.

Além disso, importa salientar que as empresas militares privadas são ilegais na Rússia. Foi o próprio Kremlin que, em 2018, bloqueou uma lei que permitia legalizar estas empresas, apesar de abrir algumas exceções. Por exemplo, a Gazprom, empresa de gás controlada pelo Estado, pode por lei contratar forças armadas (civis) privadas para a sua segurança.

Não foi à toa que o governo russo não quis legalizar estas empresas. Assim, não só se torna mais fácil rejeitar ligações a uma empresa que, legalmente, não pode existir, como faz com que elas fiquem totalmente dependentes do governo e de Putin, obrigando-as a partilhar os seus ganhos com o Kremlin. Se, de alguma forma, forem desleais para com o Kremlin, podem ser perseguidas e presas sob o pretexto de serem “mercenários”, explica um documento, que data de julho de 2020, partilhado no site do Congresso norte-americano (uma apresentação da professora e responsável pelo departamento de Ciência Política da Universidade de Columbia).

O Grupo Wagner, formalmente, não existe, realça o Center for Strategic and International Studies. Isto é, não há registo deste grupo nem na Rússia nem em qualquer outro país

Mais: se houver algum problema ou perderem uma ‘batalha’ num conflito, o governo russo não tem de se sujeitar a um escrutínio público, nem tem de se responsabilizar pelo que estes operacionais fizerem no terreno, sublinha ainda a revista norte-americana Foreign Policy. Além disso, ao não recorrer a militares russos, o Estado acaba por poupar dinheiro, porque não fica obrigado a pagar por eventuais cuidados médicos subsequentes dos combates e reformas previstas para os militares russos.

“O Grupo Wagner é uma companhia de mercenários, como outras companhias de mercenários que existem pelo mundo, e que participam em determinados conflitos como extensão da política externa dos Estados, com a conveniência de não contarem para os mortos“, explica o major general Martins Branco ao Observador, referindo que, se a morte de um soldado tem “um impacto mediático, entra para as estatísticas e há necessidade de compensar as famílias”, isso não acontece no caso dos mercenários.

É, no entanto, difícil apelidar o Grupo Wagner de empresa militar privada, tendo em conta a clara ligação ao Kremlin e a Putin.

O melhor termo, mais do que empresa privada militar ou mercenários, pode ser grupo de segurança semi-estatal informal”, refere o documento do Congresso dos EUA.

Apesar de todo este contexto, foi o próprio presidente russo quem reconheceu a existência deste grupo: “Desde que eles não violem a lei russa, têm o direito de trabalhar, de seguir os seus interesses comerciais, em qualquer parte do planeta”, afirmou Vladimir Putin, numa conferência de imprensa em 2018.

Weekly Russian Minister Meeting

“Desde que eles não violem a lei russa, têm o direito de trabalhar, de seguir os seus interesses comerciais, em qualquer parte do planeta”, afirmou Vladimir Putin sobre o Grupo Wagner

Getty Images

Aviões militares russos, passaportes governamentais e hospitais militares: as ligações ao Kremlin

O Grupo Wagner tem origem no ano de 2014 e surge associado a Dmitry Utkin, um general e veterano de guerra que pertenceu à maior agência de inteligência russa, a GRU. O nome do grupo, aliás, deriva do nome de guerra de Utkin: “Vagner”, refere o CSIS. Segundo a revista Foreign Policy, o general teria um fascínio pela Alemanha Nazi, em particular pelo compositor Richard Wagner — o favorito de Adolf Hitler. Resta saber, porém, se Utkin foi meramente um testa de ferro ou se é efetivamente a pessoa que fundou o Grupo Wagner.

Os operacionais — e o próprio Utkin — participaram na invasão russa ao território da Crimeia, logo em 2014 (e que viria a ser anexado por Moscovo como parte integrante da Federação Russa). Em conversas intercetadas pelos serviços de inteligência ucranianos, percebe-se que Utkin estava a operar sob as ordens tanto do GRU como dos comandos russos. Anos mais tarde, em dezembro de 2016, Dmitry Utkin foi fotografado a ser condecorado com a Ordem da Coragem pelo Kremlin pelos serviços prestados na Ucrânia. E esta é apenas uma das várias ligações do grupo ao Kremlin.

O Grupo Wagner, por exemplo, partilha a sua base com uma brigada do GRU, na cidade de Molkino, na Rússia — é lá que, de acordo com o documento do Congresso dos EUA, os seus elemenros realizam os seus treinos. Base essa que é guardada por elementos deste serviço de inteligência russo, demonstrando “que a relação entre as duas organizações é, de facto, cordial”, lê-se no CSIS.

O Grupo Wagner, por exemplo, partilha a sua base com uma brigada do GRU, na cidade de Molkino, na Rússia. Base essa que é guardada por elementos deste serviço de inteligência russo, demonstrando “que a relação entre as duas organizações é, de facto, cordial”, lê-se no CSIS.

Os homens do grupo Wagner usaram, por diversas vezes, aviões militares para entrar na Síria e voltar a sair do país. Também utilizaram equipamento militar numa batalha na Ucrânia, em 2015, e têm acesso a passaportes emitidos por uma unidade que “quase exclusivamente” o faz para pessoas ligadas ao Ministério da Defesa russo. Mais: os elementos do grupo que ficaram feridos em combate na Síria foram tratados em hospitais militares russos e alguns dos que morreram em combates em 2015 e 2016 foram condecorados com uma medalha por coragem a título póstumo, por norma atribuída apenas a militares.

Este pormenor mostra que [o grupo] Wagner tem uma ligação tão próxima com as estruturas militares russas que os seus operacionais têm direito a receber tratamento médico militar especializado — uma benesse que outras empresas privadas normais pouco provavelmente iriam receber”, destaca o CSIS.

Por isto tudo, sublinha o CSIS, a palavra “mercenários” não será a melhor forma de se referir a este grupo, tendo em conta não só as intrínsecas ligações ao Kremlin, às forças militares russas e aos serviços de inteligência, mas também porque têm um grande sentido patriótico, refere ainda o congresso norte-americano. Ou seja, apesar de receberem dinheiro através de um contrato, só trabalham em cenários em prol do Estado russo.

“O governo russo descobriu que [o grupo] Wagner e outras empresas militares privadas são úteis como forma de estender a sua influência no exterior sem a visibilidade e a intrusão das forças militares. Assim, o grupo deve ser considerado uma entidade com laços diretos ao Estado russo (a proxy organization, em inglês), em vez de uma empresa privada que vende serviços num mercado aberto”, lê-se num artigo do CSIS.

Do negócio das salsichas a chefe de Putin: Prigozhin, o financiador do Grupo Wagner

Um outro nome ligado a este grupo é o de Yevgeny Prigozhin, um oligarca próximo de Vladimir Putin e que é visto como o homem que financia o Grupo Wagner. Segundo o documento do Congresso norte-americano, no início dos anos 90, depois de ter cumprido seis anos de prisão por crimes ligados ao crime organizado, abriu um negócio de vendas de salsichas com o padrasto e, mais tarde, em meados dos anos 90, acabou por abrir o seu próprio restaurante com um amigo. Nessa altura, Putin era consultor do presidente da câmara de São Petersburgo e Prigozhin não teria conseguido abrir o seu negócio sem o conhecimento e o apoio do atual líder russo, sublinha o mesmo documento.

Presidents of Russia and Turkey meet for talks in St Petersburg

Em 2000, depois de ser eleito, Putin levou várias personalidades ao restaurante de Prigozhin, nomeadamente o antigo Presidente norte-americano George W. Bush, em duas ocasiões distintas

TASS via Getty Images

Em 2000, depois de ser eleito, Putin levou várias personalidades ao restaurante de Prigozhin, nomeadamente o antigo Presidente norte-americano George W. Bush, em duas ocasiões distintas. Nessa altura, Prigozhin começou a expandir os seus negócios e passou a ter um negócio de catering que servia o Kremlin, as escolas públicas russas e, durante dois anos, as forças armadas russas, ganhando assim a alcunha de “chef de Putin”, refere a revista norte-americana Foreign Policy.

Os negócios de Prigozhin não se ficaram por aqui e, mais tarde, fundou a Agência de Pesquisa na Internet, a famosa “fábrica” de trolls em São Petersburgo e que teve 13 trabalhadores acusados pelo FBI de interferirem nas eleições norte-americanas de 2016.

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Nesse mesmo ano, estabeleceu-se uma ligação entre as empresas de Prigozhin e o Grupo Wagner.“Onde quer que o Grupo Wagner agora vá, parece que o Prigozhin tem algum tipo de contrato em que providencia serviços de segurança para negócios de minerais e energia, em troca de uma fatia dos lucros”, lê-se no documento do Congresso norte-americano.

O oligarca sempre negou qualquer ligação ao grupo e, na verdade, Prigozhin não tem qualquer ligação ao universo militar, pelo que alguns especialistas acreditam que o oligarca é apenas “intermediário para as atividades obscuras do Estado russo”, explica a revista Foreign Policy.

O próprio Prigozhin já foi sancionado pelos Estados Unidos várias vezes, além de outras empresas em nome do oligarca terem sido alvo de sanções por operações conduzidas em África. “O papel no Sudão demonstra a interação entre operações paramilitares russas, o apoio na manutenção de regimes autoritários e exploração de recursos naturais”, adiantou o Tesouro norte-americano, ao aplicar sanções às empresas do russo, citado pela Foreign Policy.

Em 2019, surgiram rumores de que o oligarca teria morrido num acidente com um avião militar russo na República Democrática do Congo, mas nunca chegou a ser provado.

Ucrânia, Síria, Moçambique, RCA: onde já esteve o Grupo Wagner?

Além de já terem fomentado o conflito na Ucrânia, em 2014, o Grupo Wagner já esteve presente em cenários de guerra em países como a Síria, o Mali, Moçambique e a República Centro-Africana (RCA).

Em 2017, a RCA pediu ajuda à Rússia para retirar o controlo do comércio de diamantes dos rebeldes e terminar com a guerra civil. O governo russo ofereceu-se para enviar militares não armados para treinar as tropas do país. Segundo o The New York Times, esses militares, contudo, eram ‘mercenários’ armados pertencentes ao Grupo Wagner, que aproveitaram estar no terreno para fazer negócios, nomeadamente com diamantes, lucrativos para o governo russo.

O Grupo Wagner já esteve presente em cenários de guerra em países como a Síria, o Mali, Moçambique e a República Centro-Africana (RCA).

Em 2021, um relatório das Nações Unidas citado pelo New York Times, dava conta de que operacionais do Grupo Wagner estavam a cometer crimes de guerra — foram acusados de matar civis, saquear casas e de matar a tiro pessoas que estava a rezar numa mesquita, durante uma operação militar na RCA, no início desse ano.

Os operacionais, além de liderarem as forças armadas em confrontos com rebeldes, instalaram-se nos maiores centros de exploração mineira do país, com grandes reservas de diamantes. Segundo o The New York Times, estes supostos militares que iriam treinar as tropas da RCA — e que, na verdade, pertencem ao Grupo Wagner — tinham ligações a empresas de Prigozhin.

O Grupo Wagner foi ainda contratado para servir de guarda pessoal do Presidente da RCA,  Faustin-Archange Touadéra, que nomeou um antigo operacional da GRU, Valery Zakharov, para seu conselheiro, refere o documento do congresso norte-americano. Em 2019, Prigozhin e Zakharov trabalharam juntos no processo de paz no país, sendo que Prigozhin chegou mesmo a combinar encontros no Sudão com os rebeldes na tentativa de restabelecer a ordem no país.

O Grupo Wagner na RCA tem um comportamento de banda larga. Não só combatem como têm uma ação política. Deste ponto de vista, têm alguma originalidade que eu não conheço noutras empresas de mercenários”, destaca o Major-General Martins Branco ao Observador.

Importa ainda referir que, em 2019, três jornalistas russos que estavam na RCA para investigar Prigozhin e o seu envolvimento no comércio de ouro e diamantes foram assassinados. Ainda em 2021, de acordo com a CNN, quatro elementos do Grupo Wagner morreram em confrontos com os rebeldes.

O grupo Wagner também esteve presente na guerra na Síria e, juntamente com as forças pró-governamentais, lançaram ataques contra as tropas norte-americanas, com o intuito de ganhar controlo de terrenos com petróleo e gás controlados pelos americanos, acrescenta ainda o The New York Times.

Grupo já foi sancionado pela UE e pelos Estados Unidos

O Grupo Wagner, apesar de formalmente não existir, já foi sancionado tanto pelos Estados Unidos como pela União Europeia (UE).

Num comunicado, divulgado em dezembro de 2021, a UE explica que aplicaram as medidas restritivas não só ao Grupo Wagner como a oito pessoas e três entidades ligadas ao grupo e que têm como objetivo “travar as atividades subversivas do Grupo Wagner”. Essas sanções incluem congelamento de bens e proibição de viagens na União Europeia.

"O Grupo Wagner recrutou, treinou e enviou agentes militares privados para zonas de conflito em todo o mundo para instigar violência, saquear recursos naturais e intimidar civis, violando o direito internacional dos direitos humanos”
Comunicado da União Europeia

“O Grupo Wagner recrutou, treinou e enviou agentes militares privados para zonas de conflito em todo o mundo para instigar violência, saquear recursos naturais e intimidar civis, violando o direito internacional dos direitos humanos”, lê-se no comunicado, onde se lê que os indivíduos visados estão envolvidos em “sérios abusos dos direitos humanos”, que incluem atos de tortura e execuções arbitrárias, ou em “atividades desestabilizadoras” em países como a Líbia, a Síria a Ucrânia (mais concretamente, Donbas) e a RCA.

A UE, contudo, não incluiu a Rússia nesta lista de sanções, ao contrário do que tinham pedido outros países, lê-se no jornal espanhol ABC.

Em 2017, segundo o New York Times, a administração Trump aplicou sanções a mais de 30 indivíduos e organizações pela incursão na Ucrânia, entre eles Dmitry Utkin.

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