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Os cinco maiores bancos pagam menos de 0,1% num depósito a um ano. Não se resigne: encontrámos aplicações de baixo risco que pagam até 2% por ano, já depois de descontar impostos e comissões.

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Os bancos continuam a cortar nas taxas de juro dos depósitos a prazo. Quem quiser fazer uma aplicação a um ano junto de um dos cinco maiores – Banco BPI, Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, Novo Banco, Santander Totta –, receberá uma taxa líquida de 0,09%, em média, de acordo com os preçários destas instituições. Cinco mil euros parados durante um ano geram um ganho de quatro euros e meio. Não tem de ser assim: consegue facilmente 15 vezes mais.

O Observador procurou por todos os bancos nacionais e estrangeiros a operar em Portugal pelas soluções de aforro mais generosas. Investigámos apenas os produtos de baixo risco. Encontrámos depósitos a pagar taxas anuais líquidas até 2% para prazos até três anos. Para quem quer investir durante mais tempo, tem de deixar os bancos para trás: é melhor optar por dívida pública.

0,7%

O Banco de Portugal e o Fundo Monetário Internacional projetam uma taxa de inflação de 0,7% em 2016. É essa a rentabilidade líquida de impostos que deve exigir, no mínimo, do seu aforro. Se aplicar durante vários meses, procure taxas mais altas. O Banco de Portugal estima uma taxa de inflação de 1,4% em 2017 e de 1,5% em 2018.

Embora os vários produtos conservadores indicados a seguir – depósitos à ordem e a prazo, Certificados do Tesouro Poupança Mais, Obrigações do Tesouro – sejam recomendados pelo Observador, os aforradores têm de perceber que há risco, mesmo que diminuto. O Fundo de Garantia de Depósitos, que protege os depositantes até 100 mil euros, pode não ser tão célere como o desejado ou ter incapacidade para suportar uma nova crise financeira. O Estado português pode entrar em incumprimento, falhando os seus compromissos face aos detentores de Certificados do Tesouro Poupança Mais e, principalmente, aos titulares de Obrigações do Tesouro. Quando perguntam a Francisco Magalhães Carneiro, diretor na área de gestão de fortunas do Banco BPI, sobre produtos garantidos, a sua resposta é: “Se queres garantias, o melhor é comprar uma torradeira.”

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“Se queres garantias, o melhor é comprar uma torradeira.”
Francisco Magalhães Carneiro

Até três meses: deixe o seu dinheiro à ordem

É verdade que pode fazer um depósito a prazo muito curto, mas não espere um grande rendimento. Por cada cinco mil euros aplicados no Millennium bcp e no Santander Totta, receberá 15 cêntimos ao fim de 30 dias, por exemplo, de acordo com os preçários mais recentes. Em alguns bancos, como o Banco BPI e o Novo Banco, não receberá nada, porque os juros são nulos. Alguns bancos até evitam ter depósitos de curto prazo, como a Caixa Geral de Depósitos, que não tem aplicações de prazo inferior a seis meses.

Visto de outra perspetiva: o melhor depósito a um mês do mercado nacional, o BNI Europa 30 Dias do Banco BNI Europa, rende 2,40 euros por cada cinco mil euros. É o máximo que pode almejar receber num depósito a 30 dias, mas a maioria está muito longe, contabilizando os juros em cêntimos.

Por isso, se sabe que precisará do seu pecúlio nas próximas semanas, deixe-as repousar na sua conta à ordem. O esforço de aplicar num depósito a prazo apenas se justifica se já tiver conta no BNI Europa ou se o seu pé-de-meia se contabiliza nas muitas dezenas de milhares de euros.

Entre três meses e três anos: vá ao BNI Europa

Não há volta a dar: o BNI Europa é o banco mais generoso nos depósitos a prazo entre três meses e três anos. E não é só isso: aplicar através do BNI Europa rende mais do que investir em Certificados do Tesouro Poupança Mais e provavelmente mais do que em Certificados de Aforro.

Quem subscrever Certificados de Aforro neste mês de setembro recebe uma taxa anual líquida de 0,51% nos primeiros três meses da aplicação. O BNI Europa 92 Dias, o depósito com a taxa de juro mais elevada do mercado português, oferece uma taxa anual líquida de 2%. Estas taxas, tal como as restantes deste artigo, são líquidas de 28% por conta de imposto sobre o rendimento de particulares. (A retenção na fonte para os residentes nos Açores é de 22,4%, por isso os açorianos recebem um valor líquido superior. No caso do BNI Europa 92 Dias, a taxa anual líquida é de 2,16%.)

Todos os trimestres, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP recalcula a remuneração trimestral dos Certificados de Aforro, mas dificilmente baterão os depósitos que o BNI Europa propõe agora, mesmo incluindo os prémios de permanência do produto do Estado, porque essa remuneração está indexada à Euribor a três meses, que regista agora perto de -0,30%.

Ao contrário dos Certificados de Aforro, o rendimento de longo prazo dos Certificados do Tesouro Poupança Mais sabe-se logo no momento da subscrição. Nas aquisições efetuadas neste setembro, a rentabilidade anual líquida fica em 0,90% a um ano, em 1,08% a dois anos ou 1,26% a três anos. O BNI Europa bate qualquer um destes retornos.

Depósitos do BNI Europa
Nenhum outro banco oferece taxas mais alta do que o BNI Europa nos principais prazos. Em todos estes depósitos é permitida a mobilização antes do final do prazo, mas perdem-se todos os juros.
Depósito Prazo Taxa anual líquida Montante Outras condições
Mínimo Máximo
BNI Europa 92 Dias 92 dias 2,00% 5.000€ 50.000€ Limitado a um depósito por cliente.
Depósito 92 Dias 92 dias 1,08% 5.000€ não tem
BNI Europa 183 Dias 183 dias 1,33% 5.000€ não tem Limitado a um depósito por cliente.
Depósito 183 Dias 183 dias 0,83% 5.000€ não tem
BNI Europa 366 Dias 366 dias 1,33% 5.000€ não tem Limitado a um depósito por cliente.
BNI Europa 366 Dias 366 dias 1,17% 5.000€ não tem
BNI Europa 24 Meses 24 meses 1,37% 5.000€ não tem
BNI Europa 36 Meses 36 meses 1,51% 5.000€ não tem
Fonte: banco. Taxa anual líquida de 28% por conta de IRS. 2 de setembro de 2016

Se aplica exclusivamente o seu dinheiro em depósitos a prazo, não há nenhuma razão para não transitar o grosso das suas poupanças para o BNI Europa, desde que não ultrapasse 100 mil euros por depositante, que é o valor protegido pelo Fundo de Garantia de Depósitos. Muitos aforradores já o fizeram: nos primeiros seis meses de 2016, as aplicações dos clientes do BNI Europa aumentaram de cinco milhões de euros para 147 milhões de euros. Pedro Pinto Coelho, o presidente executivo do BNI Europa, diz que o crescimento está dentro das metas estratégicas do banco e que a instituição tem capacidade para suportar o fluxo.

Mesmo que o BNI Europa não tenha um depósito que se aproxime perfeitamente do seu prazo ideal, é possível que continue a ser a melhor escolha. Por exemplo, em vez de ganhar 15 euros no Super Depósito 4 Meses aplicando cinco mil euros no Montepio, ganha 25,58 euros com o BNI Europa 92 Dias. (E ainda pode receber 2,41 euros no BNI Europa 30 Dias, se a taxa atual ainda estiver em vigor na altura.)

É possível aplicar em depósitos a prazo no BNI Europa sem pagar qualquer comissão. O banco não cobra comissões de manutenção de conta nem sobre transferências interbancárias, desde que efetuadas pelos canais eletrónicos. Se não planeia usar a conta à ordem no dia-a-dia, evite o cartão bancário, que custa 15 euros por ano.

O dinheiro que está a entrar no BNI Europa à procura das elevadas taxas está a ser conduzido maioritariamente para títulos de dívida. Quanto ao risco dos depositantes, Pedro Pinto Coelho explica que “os depósitos são garantidos até 100 mil euros” e que “o banco faz a gestão do risco de balanço dentro das regras exigidas pelo regulador”, o Banco de Portugal.

“O banco [BNI Europa] faz a gestão do risco de balanço dentro das regras exigidas pelo regulador.”
Pedro Pinto Coelho

A única razão para constituir depósitos a prazo noutros bancos é quando tem mais de 100 mil euros por titular parqueados no BNI Europa, violando a segurança concedida pelo Fundo de Garantia de Depósitos. Nesse caso, pode completar o seu leque de depósitos recorrendo ao Atlântico Europa, ao Banco Best, ao BiG, ao Banco Carregosa, ao Banco Invest, ao Banco Finantia e ao Montepio, consoante o prazo que deseja.

Alternativas ao BNI Europa
Estes são os depósitos mais generosos da banca portuguesa, excluindo o BNI Europa.
Banco Depósito Prazo Taxa anual líquida Montante Outras condições
Mínimo Máximo
Prazo de 3 meses
Atlântico Europa DP Boas Vindas 92 dias 1,98% 500€ 75.000€ Exclusivo para novos clientes.
Banco Best Depósito Novos Clientes 2,50% 90 dias 1,80% 2.500€ 50.000€ Exclusivo para novos clientes.
BiG Super Depósito 3 Meses 3 meses 1,80% 500€ 50.000€ Exclusivo para novos clientes.
Banco Carregosa Depósito a Prazo GoBulling Bem-vindo 3 meses 1,80% 5.000€ 50.000€ Exclusivo para novos clientes.
Prazo de 6 meses
Banco Invest Invest Choice “Novos Depósitos” 183 dias 1,26% 2.000€ 75.000€ Exclusivo para novos montantes.
BiG Super Depósito 6 Meses 6 meses 1,26% 500€ 50.000€ Exclusivo para novos clientes.
Banco Finantia DP Finantia Rendimento 6 Meses 6 meses 1,08% 25.000€ 500.000€ Exclusivo para novos montantes.
Prazo de 12 meses
Banco Invest Invest Choice “Novos Depósitos” 365 dias 1,26% 2.000€ 75.000€ Exclusivo para novos montantes.
Banco Finantia DP Finantia Rendimento 12 Meses 12 meses 1,01% 25.000€ 500.000€ Exclusivo para novos montantes.
Montepio Depósito Montepio 4D 12 meses 0,94% 5.000€ 100.000€ Remuneração depende da subscrição de quatro produtos bancários.
Prazo superior a 12 meses
Atlântico Europa DP Valor Crescente 720 dias 1,12%* 500€ 75.000€
Banco Finantia DP Finantia Rendimento 24 Meses 24 meses 0,94% 25.000€ 500.000€ Exclusivo para novos montantes.
Banco Finantia DP Finantia Rendimento 36 Meses 36 meses 0,94% 25.000€ 500.000€ Exclusivo para novos montantes.
Fonte: bancos. Taxa anual líquida de 28% por conta de IRS. * Taxa média. 2 de setembro de 2016.

Note, no entanto, que a maioria dos depósitos do quadro anterior são exclusivos para novos clientes ou para novos montantes depositados junto dos bancos, ao contrário das aplicações no BNI Europa. O banco limita os seus depósitos mais generosos, como o BNI Europa 92 Dias, a um por depositante, mas, quando o vencimento é atingido, o aforrador pode voltar a contratá-lo. Todavia, não há garantia que as taxas permaneçam no topo da banca portuguesa. A taxa anual líquida do BNI Europa 92 Dias desceu de 2,15% no final de 2015 para 2% agora.

Quatro ou cinco anos: subscreva Certificados do Tesouro Poupança Mais

Não há produto bancário ou segurador que garanta o capital aos aforradores que renda mais do que os Certificados do Tesouro Poupança Mais a quatro ou cinco anos. Quem subscrever estes títulos neste setembro – através do AforroNet ou junto de uma das mais de 500 lojas CTT ligadas ao IGCP – garante uma rentabilidade anual líquida de 1,61% nos próximos cinco anos, que é duração máxima deste produto, ou de 1,43% em quatro anos. É quase o dobro dos juros pagos pelo depósito a cinco anos mais generoso, o Invest Depósito 5 Anos do Banco Invest, que rende 0,86% por ano.

O rendimento dos Certificados do Tesouro Poupança Mais pode, inclusivamente, ser superior, se a economia portuguesa apresentar crescimento real antes do pagamento dos juros do quarto e do quinto ano. Por exemplo, se a economia avançar 1% por ano nesse período, a rentabilidade anual líquida dos títulos será de 1,57% a quatro anos e de 1,83% a cinco anos.

Alguns bancos e companhias de seguros propõem seguros de capitalização como alternativa aos Certificados do Tesouro Poupança Mais, mas normalmente as taxas são apenas garantidas ano a ano. O Postal Rendimento Mais – Série 4, administrado pela Fidelidade e comercializado pelos CTT, aponta para uma taxa anual bruta de 1,1% em 2016, mas a garantia passa a estar indexada à Euribor a seis meses a partir de 2017. A Euribor a seis meses está agora perto de -0,20%, mas a taxa garantida não pode ser inferior a zero.

Quando se subscrevem seguros de investimento, bem como soluções mutualistas, é preciso ter uma particular atenção aos custos implícitos no aforro. O Capital Certo Poupança Mais 2016-2021 – 6.ª Série do Montepio é um dos produtos da banca que indica um dos rendimentos mais elevados: uma taxa anual bruta média de 2,07% no prazo de cinco anos e um dia. Todavia, quem se tornar associado do Montepio Geral – Associação Mutualista para poder beneficiar das elevadas taxas, tem custos adicionais: nove euros de joia mais dois euros mensais. Contabilizando estes custos e a tributação dos rendimentos, uma aplicação de cinco mil euros alcança uma taxa anual líquida inferior a 1% nos cinco anos. Os custos podem ser diluídos se o montante aplicado for superior, mas nem mesmo o investimento máximo de 500 mil euros consegue colocar a rentabilidade do Capital Certo Poupança Mais 2016-2021 – 6.ª Série acima do retorno dos Certificados do Tesouro Poupança Mais.

O BNI Europa planeia expandir a oferta de depósitos para prazos mais longos.

Pedro Pinto Coelho planeia atacar também a concorrência dos Certificados do Tesouro Poupança Mais. O presidente executivo do BNI Europa revela ao Observador que expandirão a oferta de depósito para prazos mais longos, como quatro e cinco anos. Resta saber se as taxas serão superiores.

Mais de cinco anos: invista em Obrigações do Tesouro

Se quer ganhar dinheiro no longo prazo, invista em ações. São os títulos que mais rendem quando o seu prazo se conta em décadas. Não é a primeira vez que o Observador dá este conselho, mas nem todos têm estômago para aguentar os altos e os baixos de curto prazo da bolsa.

Como não há depósitos nem outros produtos bancários que garantam uma taxa fixa durante muito mais do que cinco anos, o que resta aos aforradores que querem um rendimento garantido durante muitos anos? Obrigações do Tesouro.

Teoricamente, as Obrigações do Tesouro, quando adquiridas numa ótica de manutenção até à maturidade, têm o mesmo risco que os Certificados de Aforro e os Certificados do Tesouro Poupança Mais, porque são todos emitidos pela República Portuguesa.

Há outros títulos que garantem o capital e algum rendimento fixo aos investidores, como obrigações de empresas e dívida pública de outras nações, mas as Obrigações do Tesouro devem ser privilegiadas pela maioria dos investidores conservadores porque:

  1. Quase todas as Obrigações do Tesouro são transacionadas na Euronext Lisbon (mas não exclusivamente), a praça mais acessível e económica para os pequenos investidores.
  2. São poucos os intermediários financeiros que permitem a negociação bolsista de obrigações que não sejam do Tesouro português. Normalmente também é possível negociar títulos emitidos pelo próprio intermediário financeiro.
  3. As comissões de bolsa tendem a ser mais reduzidas nas Obrigações do Tesouro face a outros títulos de dívida.
  4. Aos preços atuais, as Obrigações do Tesouro português são dos títulos de dívida pública da zona euro mais rentáveis até à maturidade, apenas atrás dos gregos.
  5. Há uma vantagem fiscal na aquisição de obrigações portuguesas: o juro corrido que o comprador tem de pagar ao vendedor é líquido de IRS e não bruto, como nos títulos estrangeiros.

Investir no mercado de dívida pode ser complexo para os investidores menos experientes. Mesmo quem já investiu em ações pode ter dificuldade. Para começar, o preço é apresentado em percentagem do valor nominal dos títulos. Depois, na aquisição, o comprador tem de pagar, além do valor dos título e da comissão de bolsa, os juros corridos ao vendedor. O juro corrido é a parte do cupão que o emitente paga periodicamente que diz respeito ao tempo que já passou até à data da operação de compra e venda. Por exemplo, se comprar uma obrigação exatamente entre duas datas de cupão, terá de pagar metade dos juros ao vendedor.

Há oito emissões de dívida pública que podem interessar aos aforradores portugueses. Os prazos estendem-se de seis anos até mais de 28 anos.

Obrigações do Tesouro para aforradores de longo prazo
A rentabilidade anual líquida de IRS varia entre 1,63% e 2,71% até à maturidade. Os títulos que se vencem em 2026 e 2030 são os mais negociados na bolsa de Lisboa. O ISIN é um código de identificação único de instrumentos financeiros.
ISIN Maturidade Prazo Taxa bruta de cupão Preço Taxa anual líquida até à maturidade
PTOTESOE0013 17/10/2022 6 anos e 1 mês 2,20% 99,62% 1,63%
PTOTEAOE0021 25/10/2023 7 anos e 1 mês 4,95% 115,62% 1,26%
PTOTEQOE0015 15/02/2024 7 anos e 5 meses 5,65% 119,41% 1,31%
PTOTEKOE0011 15/10/2025 9 anos e 1 mês 2,875% 100,62% 1,99%
PTOTETOE0012 21/07/2026 9 anos e 10 meses 2,875% 99,18% 2,14%
PTOTEROE0014 15/02/2030 13 anos e 5 meses 3,875% 105,36% 2,32%
PTOTE5OE0007 15/04/2037 20 anos e 7 meses 4,10% 106,27% 2,55%
PTOTEBOE0020 15/02/2045 28 anos e 5 meses 4,10% 104,74% 2,71%
Fonte: Observador. Dados: Bloomberg. Taxa anual líquida de 28% por conta de IRS. 7 de setembro de 2016.

No quadro anterior é possível descobrir a rentabilidade líquida de IRS que pode esperar na aquisição de Obrigações do Tesouro. Por exemplo, o título que se vence em julho de 2026, dentro de cerca de nove anos e dez meses, pode ser adquirido por 99,18% do valor nominal, ou seja, para comprar um valor nominal de dez mil euros tem de gastar 9.918 euros na compra, mais a comissão de bolsa e o juro corrido. Se tiverem passado dois meses desde o último cupão, o comprador tem de pagar perto de um sexto do juro anual de 287,50 euros (2,875% × 10.000€), isto é, 47,92 euros. Todavia, como é uma obrigação portuguesa, apenas paga o valor líquido de IRS, 34,50 euros. Se mantiver os títulos até ao vencimento, receberá os dez mil euros na maturidade, além dos cupões anuais, caso nunca se verifique um incumprimento.

É a contabilização do preço de compra, dos juros corridos, dos cupões, do reembolso e da tributação dos ganhos que permite concluir que a rentabilidade líquida das Obrigações do Tesouro que se vencem em 2026 é de 2,14% por ano.

Na prática, o retorno dos investidores é inferior, porque também é preciso registar os custos de bolsa. Um investimento de dez mil euros nas Obrigações do Tesouro que se vencem em 2026 através do Millennium bcp, o intermediário financeiro mais económico entre os maiores bancos para investir em dívida pública nacional, segundo a análise do Observador que desaconselhou a subscrição de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável, gera uma taxa anual líquida de comissões bancárias de 1,75%, em vez de 2,14%. (Este cálculo já reflete o aumento das comissões de bolsa que o Millennium bcp encetou desde abril.)

Com uma pitada de mais risco: procure fundos de obrigações

Se investir em dívida pública lhe parece uma boa ideia, mas não tem experiência ou à-vontade para o fazer, pondere aplicar o seu dinheiro num fundo que invista maioritariamente em Obrigações do Tesouro das nações europeias. Os três fundos de obrigações da Europa recomendados pelo Observador em janeiro merecem a sua atenção.

Sem garantias nos fundos
As rentabilidades históricas destes produtos mostram que não há garantias de capital nem de retorno.
ISIN Fundo Rentabilidade anual líquida Classe de risco Comercialização
1 ano 3 anos 5 anos 10 anos
LU0115144304 Invesco Euro Bond E EUR 4,60% 6,24% 5,83% 4,13% 3 ActivoBank, Banco Best, BiG, Banco Invest
PTYMCULM0001 Santander Multitaxa Fixa 0,71% 2,87% 2,79% 3,69% 2 ActivoBank, Banco Best, Santander Totta
LU0062574610 NB Euro Bond -0,51% 6,06% 8,87% 6,78% 4 Banco Best
Fonte: Observador. Dados: Bloomberg. Rentabilidade anual líquida de 28% por conta de IRS. Classe de risco entre 1 (baixo) e 7 (alto). 31 de agosto de 2016.

Embora sejam três fundos de obrigações europeias, os perfis de risco são muito díspares. O Santander Multitaxa Fixa, o menos volátil do trio, tinha três quartos da carteira em dívida pública europeia em junho, maioritariamente espanhola, italiana e portuguesa. Na mesma altura, o Invesco Euro Bond também tinha mais de metade da carteira em dívida pública, apesar de estar também exposto ao Reino Unido. O NB Euro Bond, o mais volátil, tinha quase 90% do património em dívida pública no iníco deste mês de setembro.

Também é possível adquirir fundos de obrigações dos tesouros europeus na bolsa. É o caso do iShares Core Euro Government Bond ETF, por exemplo, que é composto por dívida pública das principais nações da zona euro. É negociado nas bolsas de Amesterdão, Frankfurt e Londres.

A vantagem dos fundos cotados na bolsa é o baixo custo de gestão. Ao longo de um ano, os encargos correntes do fundo iShares absorvem 0,20% dos ativos dos aforradores, enquanto no Santander Multitaxa Fixa, no Invesco Euro Bond e no NB Euro Bond absorvem cinco vezes mais, em média. Todavia, os investidores nos fundos cotados são alvo de comissões de negociação, de pagamento de dividendos e de guarda de títulos, ao contrário dos subscritores de fundos tradicionais.

Não tem prazo? Faça sucessivos depósitos

São poucos os aforradores conservadores que têm confiança suficiente para reservar o dinheiro durante muitos anos numa única aplicação financeira. Quem consegue aplicar conscientemente numa Obrigação do Tesouro durante quase dez anos sem lhe mexer, recebendo apenas os cupões anuais? Se tem dúvidas que conseguirá ficar quieto em relação a esses títulos durante a década, então a garantia de taxa anual líquida não tem qualquer significado. Se vender os títulos antes do vencimento, a sua rentabilidade tanto pode ser superior como inferior, inclusivamente pode ser negativa.

Nos depósitos, a situação é semelhante. Quem pondera subscrever o BNI Europa 36 Meses sabendo que, se precisar do dinheiro antes da maturidade do depósito, perderá todos os juros acumulados? Se existe o risco de precisar do dinheiro, é melhor escolher um prazo menor.

A maioria dos aforradores prefere “sentir” o seu dinheiro periodicamente. Por isso, a sua melhor estratégia é provavelmente a constituição de sucessivos depósitos de prazo mais curto, como três ou seis meses. Além de permitir um sono mais tranquilo, este plano tem a vantagem de deixar o dinheiro sempre acessível, com penalizações reduzidas em caso de mobilização. Assim, se surgir uma oportunidade – um banco com uma taxa mais alta ou uma subida da rentabilidade potencial das Obrigações do Tesouro, por exemplo –, a reação será rápida. Tudo para fazer o seu pé-de-meia crescer mais depressa sem arriscar em excesso.

David Almas é analista financeiro independente registado na CMVM com o número oito. O autor trabalha subordinado ao Código Deontológico dos Jornalistas.

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