“O investimento deve ser uma operação que garanta a segurança do capital com um retorno satisfatório a prazo”. Esta foi a definição dada por Emília Vieira, CEO e Fundadora da Casa de Investimentos, uma empresa de gestão de patrimónios e fundos de investimento, sedeada em Braga que está a realizar uma Masterclass que pretende, mais do que tudo, ajudar a melhor investir e desmistificar algumas ideias pré-concebidas. Desde logo, o facto de o investimento ser apenas para ricos. “O investimento é para todos”, assegura Emília Vieira, destacando, na primeira lição, que devemos investir desde cedo porque o investimento permite ter a liberdade para tomar decisões. “Poupamos, investimos e criamos algum património para assim termos a liberdade para decidir perante os desafios da vida”, explicou. “Poupar tem a vantagem de nos dar flexibilidade para sermos donos do nosso destino”. Nomeadamente, a especialista destaca o período da reforma, aquele momento da nossa vida em que o nível de rendimentos cai substancialmente. “O que vemos, a nível mundial, é que as seguranças sociais se vão retirando cada vez mais. à medida que a esperança média de vida vai aumentando. Por isso, é cada vez mais importante começar a poupar cedo e investir melhor”.
O segredo está na compra
O segredo desse “investir melhor” parece estar no momento da compra, no qual “devemos ter a preocupação de ver quanto vale aquilo em que estamos a investir e comprar mais valor do que estamos a pagar. É isto que nos garante a segurança do capital”, salientou Emília Vieira. Ou seja, o investidor deve sempre ter a preocupação de comprar o ativo por menos do que ele realmente vale. “É esse o objetivo de um investimento”.
No primeiro episódio, a CEO alertou para o facto de o nível de rendimento do trabalho ter diminuído nas últimas três ou quatro décadas a nível mundial e, num movimento inverso, os ganhos de capital terem aumentado, o que valida, ainda mais, a opção de poupar e investir. “Claro que depois temos a inflação, aquele imposto escondido que corrói a riqueza e que normalmente não vemos. Se olharmos para os últimos 25 anos, o euro perdeu 34% do seu valor. O dólar perdeu 42%. Só pelo efeito da inflação, 100 euros, há 25 anos, valem hoje 66 euros”. Ou seja, até para acompanhar a inflação, precisamos de investir.
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Os “perigosos” depósitos a prazo
Os tradicionais depósitos a prazo ou obrigações de taxa fixa são os investimentos mais “perigosos” porque não acompanham a inflação, explicou Emília Vieira. “São ativos que não garantem o retorno, não compensam. Hoje, estamos com as taxas de juro a zero e a inflação está por volta dos 4% na Europa, havendo um gap grande para preencher”. Daí, diz a especialista, a importância de as pessoas terem a sensibilidade para a necessidade de investirem em ativos que consigam, pelo menos, acompanhar a inflação. “E assim conseguirem manter o mesmo poder de compra”.
Valores de investimento
Quanto devemos investir? Obviamente depende, diz Emília Vieira. Primeiro, aconselha, há que garantir uma almofada de liquidez. Ou seja, um montante que permita acorrer a um problema de curto prazo, a uma perda de emprego durante alguns meses, a um acidente rodoviário em que existe uma despesa extraordinária, ou mesmo a uma despesa maior de saúde. “Devemos ter a preocupação de assegurar um valor em depósitos ou obrigações de curto prazo. Porque são ativos que não variam e que se precisarmos deles nesse período, cotam o que valem. E é possível resgatá-los rapidamente”. Neste caso, explicita a fundadora da Casa de Investimentos, o objetivo não será o rendimento, mas a disponibilidade do dinheiro.
A importância do longo prazo
No primeiro de cinco episódios da Masterclass que esta gestora de patrimónios e fundos de investimento está a realizar, a CEO enfatizou a importância de existir uma estratégia de poupança de longo prazo. “Há que poupar com um objetivo, sendo que cada um de nós tem objetivos distintos e montantes diferentes para investir. Tem de ser uma estratégia a décadas, a muitos anos. Neste caso, temos a liberdade de poder investir em ações, um ativo mais volátil, mas que não quer dizer que seja arriscado”.
Diz Emília Vieira que, se optarmos por ações num horizonte 5,10,15, 20 ou 30 anos, o investimento é muito mais rentável do que, por exemplo, os já referidos depósitos a prazo. “E a história demonstra precisamente isso”. Aliás, a especialista garante que, se investirmos numa classe de ativos como as ações – que têm um rendimento muito maior e que nos últimos 120 anos renderam mais de 6,5% acima da inflação – e reinvestirmos todos os dividendos, passados cinco anos acrescentamos mais 7% ao investimento. “Passados 10 anos, mais 15%, passados 15 anos, mais 75% e passados 20 anos mais 125%”.
Resistir à tentação
Sejamos sinceros: o investidor, todos nós, somos tentados a preferir ganhar amanhã 20% do que ter de esperar dois anos. Mas, na prática, alerta a CEO, este tipo de investimentos são altamente especulativos. “Temos de ser investidores pacientes e ver que, com o tempo, os valores criam riqueza. Daí a importância de começar o mais cedo possível e de não interromper o juro composto”. Ou seja, há que resistir à tentação de tirar logo os ganhos. “O tempo é o melhor amigo dos negócios extraordinários e dos investimentos”.
Quanto ao facto de existir a ideia de que investir é só para ricos e os montantes têm de ser elevados, Emília Vieira explica que, hoje, existe todo o tipo de instrumentos que permitem a quem tem uma poupança mais pequena poder começar a investir. “Na Casa de Investimentos, qualquer pessoa pode investir no nosso fundo PPR, que investe exatamente como as famílias mais ricas do mundo, investe nos bons negócios com grandes vantagens competitivas, em grandes empresas mundiais. E podem fazê-lo a partir de mil euros, com reforços mensais a partir de 100 euros. O investimento não é apenas para ricos, é para todos”.